A formalização da federação entre União Brasil (UB) e Progressistas (PP) é vista por líderes partidários como um divisor de águas no cenário político de Goiás, com potencial para criar o maior bloco eleitoral do país em termos de fundo partidário, tempo de rádio e TV.

O prefeito de Jaraguá e presidente da FGM, Paulo Vitor Avelar, classificou a união como a criação de uma “força política inédita” que muda o jogo e tem potencial para disputar a hegemonia com o PSD.

Apesar da magnitude nacional, o impacto imediato em Goiás divide opiniões. Avelar e o presidente do União Brasil em Goiânia, Marcos Roberto Silva, garantem que o estado é uma “ilha” de harmonia, onde a federação nasce pacificada sob a liderança do governador Ronaldo Caiado. Eles veem o movimento como um fortalecimento da base governista e um passo para a consolidação da chapa nas próximas eleições estaduais.

No entanto, o vice-presidente do União Brasil em Goiás, Delegado Waldir, antecipa um cenário de forte tensão e rearranjo. Ele prevê uma “debandada significativa” de parlamentares, tanto no União Brasil quanto no PP, devido aos desarranjos regionais e à dificuldade de acomodação de nomes fortes.

A principal preocupação levantada por Waldir é a criação de uma “chapa da morte” na disputa por vagas na Câmara Federal. A união dos atuais deputados estaduais e federais das duas siglas torna a disputa interna extremamente acirrada, o que, para ele, forçará muitos pré-candidatos a buscar siglas menores para garantir sua sobrevivência política.

Em contrapartida, o deputado federal Adriano do Baldy (PP-GO) defende a cautela. Ele argumenta que qualquer previsão sobre saídas, filiações ou rearranjos é “prematura”, pois as movimentações oficiais só poderão ocorrer durante a janela partidária, em março de 2026. Baldy reafirma sua permanência na federação e destaca que a montagem das chapas competitivas caberá ao governador Caiado, que deve presidir o novo bloco no estado.

Federação União Brasil–PP deve redesenhar o tabuleiro político em Goiás, diz Paulo Vitor Avelar

Em uma conversa franca e direta, o prefeito de Jaraguá, Paulo Vitor Avelar (União Brasil), que também preside a Federação Goiana de Municípios (FGM), analisou os efeitos imediatos e futuros da federação formada entre União Brasil e Progressistas (PP). Avelar avaliou impactos nacionais, repercussões específicas em Goiás e os desafios que a nova configuração impõe às alianças municipais.

Paulo Vitor Avelar | Foto: Leoiran / Jornal Opção

Segundo ele, a federação entre os dois partidos cria uma força política inédita desde a adoção da cláusula de barreira e das mudanças no financiamento partidário. “Você pega os dois maiores partidos hoje depois do PSD e eles se unem, criando o maior fundo partidário, o maior tempo de televisão e o maior tempo de rádio. O jogo muda”, afirmou.

Reforma política e concentração de forças

Avelar destacou que a federação é consequência direta do processo de enxugamento partidário em curso no país. Para ele, a tendência é clara: menos siglas, mais blocos robustos e maior racionalidade eleitoral. “Todo o processo da reforma política é diminuir a quantidade de partidos. A cláusula de barreira e a exclusão do fundo partidário deixaram isso evidente”, disse.

Com a união, União Brasil e PP passam a disputar protagonismo com o PSD, hoje a maior legenda do país. Avelar acredita que a federação tem potencial para ultrapassar o partido de Gilberto Kassab em tamanho e influência. “A federação tem condição de brigar de pau a pau para tomar do PSD essa hegemonia. As pessoas ficam onde tem tempo de rádio e dinheiro”, avaliou.

Impacto imediato em Goiás: “Aqui é uma ilha”

Ao contrário de estados onde a federação já nasce tensionada, como o Paraná, onde União Brasil e PP são adversários diretos, Avelar afirma que Goiás vive um cenário de harmonia. “Aqui graças a Deus não está tendo o problema do Paraná. Aqui somos parceiros: Alexandre, o governador, Daniel… todo mundo é parceiro”, disse.

Para ele, a federação tende a fortalecer a sucessão do vice-governador Daniel Vilela (MDB) e consolidar a chapa liderada por Gracinha Caiado nas eleições estaduais.

Alianças municipais: cautela até a eleição estadual

Avelar evita fazer previsões sobre o impacto da federação nas eleições municipais antes da disputa estadual. Ele argumenta que o pleito para governador e deputado costuma reorganizar o mapa político local. “A eleição estadual deixa ferida, deixa machucado, deixa novos amigos e novos inimigos. Seria imprudente falar qualquer coisa antes de passar por isso”, afirmou.

Mesmo assim, ele reconhece que a federação tende a reduzir conflitos municipais, já que União Brasil e PP já atuavam de forma alinhada em grande parte do estado. “Pouquíssimas cidades têm União Brasil e PP como inimigos. A ordem já era: se o candidato mais forte da base é de um partido, o outro apoia”, explicou.

MDB, PSDB e outros partidos: “Todo mundo está de orelha em pé”

Avelar avalia que a formação de um bloco tão robusto provoca reações imediatas nas demais legendas. “Quando você estudava, não tinha medo do amigo mais forte da escola que te batia? É a mesma coisa. Todo mundo está de orelha em pé, repensando rota, construindo novos amigos e novos inimigos”, comparou.

Segundo ele, a federação muda o equilíbrio de forças e obriga partidos médios e pequenos a recalcular estratégias.

Autonomia municipal e conflitos internos

Questionado sobre possíveis perdas de autonomia local, Avelar admite que conflitos podem surgir, mas minimiza o impacto. “Dois reis é muito difícil. Algum caso vai ter, mas é com diálogo que se resolve”, afirmou.

Ele reforça que Goiás vive um ambiente político mais estável que outros estados. “Aqui é uma ilha. Todo mundo converge porque estamos em primeiro lugar nas pesquisas. Quem está na frente briga menos”, disse.

Relação com outros partidos e estilo político

Avelar também comentou sua boa relação com lideranças de diferentes espectros, inclusive do PT. “Eu dou certo com todo mundo. Eu sou do jogo, sou político. Quem não gosta de conversar não pode mexer com política”, afirmou, em tom descontraído.

Para Avelar, a nova configuração fortalece a base governista, reorganiza alianças e impõe um novo ritmo às negociações municipais, mas qualquer previsão definitiva só poderá ser feita após a eleição estadual.

União Brasil e PP: Marcos Roberto Silva detalha impactos da federação e bastidores da política em Goiás

Em uma conversa franca e repleta de bastidores, o presidente do União Brasil em Goiânia, Marcos Roberto Silva, avaliou os efeitos imediatos da federação entre União Brasil e PP, comentou movimentações internas, disputas municipais, possíveis saídas de lideranças e o cenário nacional que se desenha para 2026. A entrevista revela a lógica interna do partido, a estratégia para manter hegemonia no estado e a leitura de poder que orienta as decisões da sigla.

Marcos Roberto Silva | Foto: Reprodução

Federação União Brasil–PP: “Em Goiás está pacificado”

Segundo Marcos Roberto, a oficialização da federação entre União Brasil e PP, já deferida pelo Tribunal Superior Eleitoral, não deve gerar turbulências no estado. Ele afirma que Goiás é “um dos estados mais tranquilos” dentro da nova estrutura partidária. “Aqui está pacificado. O governador Ronaldo Caiado será o presidente da federação no estado”, confirmou.

O dirigente explica que, embora a federação altere a lógica tradicional das alianças municipais, os impactos só devem aparecer no ciclo eleitoral seguinte, especialmente nas eleições municipais. “No primeiro momento, não haverá reflexos. No segundo momento, na eleição municipal, pode haver divergências, mas isso é normal”, disse.

Disputas locais: acomodação natural entre União Brasil e PP

Marcos Roberto afirma que, nos municípios, a força relativa de cada partido dentro da federação determinará quem lidera as chapas. “Quem tiver maior força no município permanece. Se o PP tiver menor força, vai se acomodar em outra esfera partidária onde possa lançar candidato”, disse.

Ele reforça que divergências pontuais são esperadas, mas que a orientação geral é manter a base unida, como já ocorria com MDB e União Brasil antes da federação.

“Canibalismo eleitoral”? Para Marcos, é sobrevivência política

Questionado sobre a movimentação de pré-candidatos migrando para outras siglas com medo de não se eleger, Marcos Roberto rejeita o termo “canibalismo eleitoral”. “Não acredito em canibalismo. Acredito em busca de sobrevivência política”, disse.

Ele explica que partidos grandes atraem candidatos fortes, enquanto partidos pequenos acabam recebendo nomes com menor potencial de voto. E ilustra com um exemplo da eleição passada. “Teve candidato que perdeu com 30 mil votos. Se estivesse em partido pequeno, talvez tivesse vencido. Mas partido pequeno não tem estrutura: não tem TV, rádio, dinheiro, prefeito”, apontou.

Para ele, a comparação é simples. “Uma coisa é roupa de grife. Outra é roupa da 44. As duas servem, mas a qualidade é diferente”, afirmou.

Saída de lideranças e substituições: “Quem abre espaço perde o lugar”

Marcos Roberto também comentou a possível saída da deputada Silvye Alves (UB-GO), tratada na conversa como um “player” relevante que estaria deixando o partido. “Se ela sair, tem outro nome. E vai tirar mais voto que ela. É burrice dela [sair]”, apontou.

Segundo ele, quem abandona posições estratégicas abre espaço para ser substituído. “É você que dá oportunidade para as pessoas tomarem seu lugar. Se você for competente, ninguém toma. Agora, se você mostra incompetência e cede o lugar que achava que era cativo, aí paciência”, comentou.

Força do União Brasil em Goiás: “É o partido do governador”

O dirigente reforça que o União Brasil chega forte tanto para a eleição estadual quanto para as municipais, sustentado pela máquina política do governo Caiado. “É o partido que tem mais vereadores, prefeitos e vice-prefeitos. A estrutura é incomparável”, disse.

Ele admite, porém, que o partido precisou abrir mão de candidatos fortes em 2022 para fortalecer outras siglas aliadas, estratégia que, segundo ele, funcionou. Sobre críticas ao número de filiados, Marcos minimiza. “Temos estrutura qualitativa, não quantitativa”, disse.

Cenário nacional: centro fortalecido e a sobrevivência de Ronaldo Caiado

Ao analisar o impacto nacional da federação entre União Brasil e PP, Marcos Roberto afirma que o movimento do presidente nacional do partido é claro: construir uma frente sólida de centro, reunindo siglas sem candidato competitivo e buscando uma alternativa viável para 2026. “O movimento é fortalecer a unidade com partidos do centro e trazer uma candidatura que realmente possa ter resultado”, afirmou.

Dentro desse cenário, Marcos avalia que poucas pré-candidaturas permanecem de pé, e destaca que a de Ronaldo Caiado é a que segue viva. Ele cita diretamente o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, ao explicar que o mineiro não está no jogo presidencial: “O Zema não é candidato.” E também menciona o governador de São Paulo: “O Tarcísio é candidato? Não. Levou uma rasteira. Acabou.”

Com isso, Marcos conclui: “A candidatura que está sobrevivendo, que amanhã possa ser antagônica, ainda é a do governador Caiado.” Segundo ele, o União Brasil já deixou claro em reuniões nacionais: “O candidato nosso chama-se Ronaldo Caiado.”

Delegado Waldir avalia federação União Brasil–PP e prevê forte reorganização política em Goiás

Em entrevista exclusiva, o vice-presidente do União Brasil em Goiás, Delegado Waldir, detalhou os bastidores da possível federação entre União Brasil e Progressistas (PP) e antecipou um cenário de intensa movimentação partidária caso o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) homologue a união. Segundo ele, apesar do pedido já ter sido protocolado, “não está 100% certo ainda”. “Só estará certo quando publicar”, disse.

Delegado Waldir| Foto: Bárbara Noleto / Jornal Opção

Waldir reforça que a federação ainda depende de decisão do TSE e que há etapas pendentes entre as siglas. “Ela não foi homologada ainda. Foi feito um pedido, mas não foi publicado. Então, vamos aguardar. Tem muita água para passar embaixo da ponte”, apontou.

Ele não descarta a possibilidade de o tribunal não validar a federação, entre outras razões possíveis: “Tudo é possível. Existem passos que precisam ser dados pelos dois partidos e depende de uma decisão do tribunal”, afirmou.

Impactos eleitorais: estaduais e federais

Embora a federação una duas das maiores siglas do país, Waldir afirma que o efeito imediato não será sentido nas eleições municipais, mas sim nas disputas estaduais e federais. “Agora não interfere, porque não é eleição municipal. O impacto pode ocorrer na candidatura do governador Ronaldo Caiado, mas ele já recebeu o aval do União Brasil para fazer sua pré-campanha de presidente da República”, disse.

Segundo ele, para governador, senador e deputados federais, a influência tende a ser limitada. “A nível de estado, para chapas de deputados estaduais e federais, me parece que não terá influência”, apontou.

Saída de parlamentares: “Vai ter, com certeza”

O Delegado Waldir afirma que, caso a federação seja confirmada, haverá uma debandada significativa de nomes tanto no União Brasil quanto no PP. “Vai. Com certeza. Por causa de desarranjos regionais”, contou. Ele explica que, mesmo antes da homologação, alguns parlamentares já deixaram as siglas:

– Felipe Francischini (PP–PR), deputado federal mais votado do Paraná, já saiu.

– Outro deputado ligado a Francischini também deixou o partido.

– Pedro Lupion, também do Paraná, saiu do PP.

Em Goiás, Waldir cita duas defecções:

– Silvia Garcêz, que anunciou saída por motivos internos.

– Zacarias Calil, que deixará o partido por falta de vaga na chapa ao Senado.

Sobre o destino de Silvia, Waldir foi direto: Aí é problema dela. Quem vai querer ela? Ela se envolveu em polêmicas que criaram problemas”, disse.

Ele também mencionou que o Republicanos não pretende acolhê-la. “O Republicanos já tem uma chapa pré-montada de deputados federais e não vai dar vaga de bandeja para qualquer candidato”, afirmou.

“Chapa da morte”: risco para candidatos federais

Um dos pontos mais contundentes da entrevista foi a avaliação de Waldir sobre o impacto da federação na disputa por vagas na Câmara Federal em Goiás. Para ele, a união entre União Brasil e PP cria um cenário extremamente competitivo. “Poucas pessoas vão querer disputar uma vaga na Câmara Federal por esses partidos, considerando que seria uma chapa da morte”, disse.

Ele explica que a soma dos atuais deputados estaduais e federais das duas siglas, junto com suas votações expressivas na última eleição, torna a disputa interna quase inviável. “Só pegar os deputados estaduais do União Brasil, os do PP e a votação que tiveram. Essa federação cria uma chapa da morte. É canibalismo eleitoral”, afirmou.

Reorganização inevitável

Waldir afirma que, independentemente da homologação, os partidos já estão liberando parlamentares para buscar novos espaços. “As presidências dos partidos já estão liberando o passe desses parlamentares”, apontou.

Ele prevê que a reorganização será mais intensa nas chapas estaduais, embora a disputa federal também sofra impactos. “A nível estadual, com certeza pode ter consequências. A federal em Goiás não influencia muito, mas haverá movimentação”, contou.

Para o Delegado Waldir, a federação União Brasil–PP, se confirmada, deve desencadear: saída de parlamentares, disputas internas acirradas, reorganização de chapas, impacto direto nas eleições estaduais e pressão sobre candidaturas federais. Enquanto o TSE não publica a decisão, o clima é de expectativa, e de movimentações silenciosas nos bastidores.

Adriano do Baldy descarta especulações e diz que só em março será possível prever efeitos da super federação em Goiás

Em entrevista exclusiva ao Jornal Opção, o deputado federal Adriano do Baldy (PP‑GO) afirmou que qualquer previsão sobre saídas, filiações ou rearranjos partidários provocados pela futura super federação União-Progressistas é, neste momento, “prematura”. Segundo ele, somente durante a janela partidária de 1º a 30 de março de 2026 será possível saber quem permanece, quem migra e como as chapas serão estruturadas.

Deputado federal por Goiás, Adriano do Baldy | Foto: Mario Agra / Câmara dos Deputados

O parlamentar reforçou diversas vezes que nenhuma movimentação oficial pode ocorrer antes da janela, e que qualquer especulação sobre quem deixará o União Brasil, o PP ou o MDB não passa de conversa antecipada. “Somente no mês de março é que nós vamos entender e começar os diálogos, as tratativas para formação de chapa. Não tem como antecipar o processo”, disse.

Ele também rebateu perguntas sobre nomes que estariam deixando o União Brasil ou o PP. “Quem é que está saindo do partido? Quem disse isso? A pessoa só pode sair em março. Até lá, não tem como adiantar nada”, comentou.

Impacto da super federação: incertezas e cautela

Questionado sobre se a formação da super federação poderia incentivar parlamentares a buscar siglas menores para ter mais espaço. “Eu não tenho como adiantar essa pauta. Temos que aguardar o momento certo”, informou.

Para ele, qualquer decisão depende da composição final das chapas. “Nós temos que saber quem é que vai compor a chapa. Você sabe? Eu não sei. Como é que eu vou dizer se vou sair ou ficar?”, questionou.

O deputado também destacou que nenhum partido hoje tem uma chapa federal pronta, reforçando que tudo ainda está em construção. “Qual é o partido que tem chapa hoje para deputado federal? Ninguém tem. Não tem como antecipar”, disse.

 “Eu não pulo do barco”: Adriano reafirma permanência

Apesar da indefinição geral, Adriano do Baldy afirmou que seu projeto pessoal é permanecer no PP, dentro da federação União Progressistas, sob liderança do governador Ronaldo Caiado. “Meu projeto é ficar no PP, na União Progressista, sob o comando do governador Caiado. Até lá, estou firme dentro do barco. Não pulo do barco”, afirmou.

Ele ainda sugeriu que questionamentos sobre possíveis saídas devem ser direcionados a quem já manifestou intenção de deixar suas siglas. “Quem está pulando do barco é que você tem que apertar. Para mim, estou decidido”, disse.

Caiado e a liderança da federação em Goiás

Adriano afirmou que cabe ao governador Ronaldo Caiado, que deve presidir a federação no estado, conduzir as articulações e montar chapas competitivas. “Cabe ao nosso líder maior, o governador Caiado, contornar, fazer a ação política e criar uma grande chapa, não só de deputado estadual, mas de deputado federal”, apontou.

Sobre a posição de Caiado dentro da federação nacional, o deputado disse que não pode falar pelos dirigentes, mas reafirmou seu apoio pessoal. “Eu apoio o Caiado para o que ele for candidato. Se depender do meu voto, ele será o candidato pela União Progressista”, finalizou.

A fala de Adriano do Baldy deixa claro que nenhuma movimentação oficial pode ocorrer antes de março de 2026; a federação ainda não definiu chapas, lideranças ou estratégias; qualquer especulação sobre saídas é precipitada; ele próprio pretende permanecer no PP e na federação; e que Caiado terá papel central na condução política em Goiás.

Federação União Brasil–PP deve alterar correlação de forças no país, avalia cientista político da UnB

A federação entre União Brasil e Progressistas (PP), que aguarda apenas homologação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), deve se consolidar como uma das maiores forças políticas do país. A avaliação é do cientista político Leandro Gabiati, da Universidade de Brasília (UnB), que analisou os impactos nacionais e regionais da união partidária, especialmente em Goiás.

Cientista político Leandro Gabiati, da Universidade de Brasília (UnB) | Foto: Divulgação

Para Gabiati, a decisão do TSE é apenas um rito burocrático. “Essa decisão do TSE é uma formalidade. Faz parte do processo de federação de qualquer partido no ambiente internacional. Então, deve sair a decisão, logicamente, favorável”, aponta.

A partir da homologação, a federação já nasce com uma das maiores bancadas da Câmara. “A gente terá com essa federação uma das maiores forças políticas que já vimos no Congresso Nacional”, afirma.

Somadas, as bancadas atuais de União Brasil e PP chegam a 109 deputados, superando o PL, hoje o maior partido da Casa.

Peso financeiro: quase R$ 1 bilhão em fundo eleitoral

O cientista político destaca que o volume de recursos é um dos principais fatores que explicam a força da federação. “O fundo partidário do União Brasil é de R$ 100 milhões e o do PP é de R$ 90 milhões. Você passa a ter quase R$ 200 milhões anuais”, destaca.

No fundo eleitoral, a soma é ainda mais expressiva. “O PP tem R$ 418 milhões e o União Brasil tem R$ 536 milhões. Juntos, vão para R$ 954 milhões, quase R$ 1 bilhão. É muito dinheiro e muito recurso para uma campanha”, aponta.

Segundo ele, apenas PT, PL, PSD e Republicanos se aproximam desse patamar. “Essa vantagem possibilita que a federação tenha chances reais de construir a maior bancada na Câmara a partir de 2027”, afirma.

Relevância no Senado

Gabiati afirma que o Senado tende a ganhar ainda mais importância em um cenário de fragmentação na Câmara. “Quando os governos têm dificuldade em formar maiorias na Câmara, o Senado vira uma espécie de filtro. É mais fácil construir coalizões ali”, explica.

Ele lembra que a Casa tem prerrogativas estratégicas. “O Senado indica autoridades, embaixadores, diretores de agências reguladoras, diretores do Banco Central, ministros do Supremo Tribunal Federal. É uma caixa muito estratégica”, afirma.

Com isso, a federação deve se tornar peça-chave para governo e oposição, aponta o especialista.

Desafios internos: disputas regionais e comando

Apesar do potencial, Gabiati alerta para dificuldades de coordenação entre duas siglas grandes e com forte presença nacional. “Dois partidos tão grandes e com presença nacional tornam muito difícil conseguir consensos em diversas regiões”, afirma.

Segundo ele, haverá disputas por comando estadual e definição de chapas. “Quem será governador, quem será candidato ao Senado, quem vai puxar votos para deputado… tudo isso gera atritos”, explica.

A condução dos presidentes nacionais será determinante. “Precisaremos observar como Antônio Rueda (União Brasil) e Ciro Nogueira (PP) vão trabalhar essa articulação local para evitar desgastes”, aponta.

Goiás: “A federação tende a potencializar resultados no estado”

Gabiati avalia que Goiás deve se tornar um dos principais polos da federação, tanto pelo perfil do eleitorado quanto pela capilaridade municipal das siglas. “O eleitor de Goiás tem um perfil majoritariamente conservador, vinculado ao agronegócio e à segurança pública. Tanto PP quanto União Brasil têm essa pauta muito presente”, afirma.

Ele comenta o número de prefeitos. “A informação de 94 prefeitos pode até ser maior, porque muitos migraram para o União Brasil”, destaca.

Com isso, a expectativa é de crescimento expressivo. “A federação tende a potencializar os resultados em Goiás. O número de deputados federais eleitos deve ser importante, e a Assembleia Legislativa também deve ter uma posição relevante”, comenta.

Sobre a sucessão estadual, ele afirma: “Se o governador Caiado está bem avaliado, há chance importante de fazer seu sucessor. Goiás será um dos estados referência da federação.”

Canibalismo eleitoral e disputa por quadros

O cientista político também analisou o fenômeno conhecido como “canibalismo eleitoral”, quando candidatos com menor densidade deixam partidos grandes para buscar espaço em siglas menores. Ele afirma que a federação amplia esse movimento, e abre oportunidades para outras legendas.

“É uma oportunidade para PSD, Republicanos e até o PL, que têm linha de pensamento parecida. Eles podem captar candidatos bons de voto que talvez não estejam satisfeitos na sigla e usar isso a seu favor”, aponta.

Segundo ele, essa movimentação já está em curso e deve se intensificar. “É um movimento que sempre acontece no Brasil e que vai se potencializar até as executivas nacionais de cada partido ou federação, justamente pela disputa por candidatos”, descreve.

Gabiati reforça que a dificuldade de acomodar interesses internos aumenta a pressão. “Como você tem tanta gente, e como mencionei antes, é difícil resolver divergências em dois partidos tão fortes. É preciso ver quem vai comandar o partido em Goiás”, afirma.  

Ele destaca o papel do governador: “Em Goiás, a figura do Caiado deve ser proeminente. Ele deve impor sua força.” E aponta o caminho para quem não se sentir contemplado: “Membros do PP que não se sintam contemplados nas decisões provavelmente terão chance de migrar de sigla na janela partidária que se abre seis meses antes da eleição, na primeira semana de abril”, finaliza.

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