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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira, 23, que teve uma “química excelente” com o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante um breve encontro nos bastidores da abertura da 80ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque.

Tradicionalmente, o presidente brasileiro abre os discursos no evento, seguido pelo mandatário norte-americano. No fim de sua fala, Trump relatou que se encontrou rapidamente com Lula. “Ele parece um homem muito agradável e eu gosto dele. E ele gosta de mim. Tivemos ali esses 30 segundos, foi uma coisa muito rápida, mas foi uma química excelente. Isso foi um bom sinal”, disse Trump, acrescentando que ambos devem se reunir formalmente na próxima semana.

Discursos em choque

Apesar do tom amistoso do republicano, os discursos expuseram divergências entre os dois líderes. Lula criticou “sanções arbitrárias” — referência ao governo dos EUA —, cobrou responsabilidade de Israel diante do que chamou de “genocídio em Gaza” e reforçou a defesa pela criação de um Estado Palestino.

Trump, por sua vez, exigiu a libertação imediata de reféns israelenses mantidos pelo Hamas, rejeitou a criação de um Estado Palestino e afirmou que tal iniciativa “recompensaria terroristas por atrocidades”.

Críticas à ONU e temas polêmicos

O presidente norte-americano também usou seu discurso para atacar a própria ONU, alegando que a organização “não resolve os problemas que deveria e ainda cria novos”. Ele citou a imigração descontrolada como exemplo:

“A ONU está financiando um ataque aos países ocidentais e suas fronteiras. É hora de acabar com o experimento fracassado de fronteiras abertas. Seus países estão indo para o inferno”, disse.

Trump ainda classificou os esforços pela transição energética verde como “uma fraude” e afirmou que deveria receber o Prêmio Nobel da Paz por ter encerrado “sete guerras sem a ajuda da ONU”.

Relações tensas com o Brasil

A aproximação entre Lula e Trump ocorre em meio a tensões diplomáticas. Na véspera, o governo dos EUA anunciou sanções contra autoridades brasileiras, incluindo a inclusão de Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro do STF Alexandre de Moraes, na lista da Lei Magnitsky. O advogado-geral da União, Jorge Messias, também teve o visto suspenso, assim como outros integrantes do governo.

Essa é a primeira viagem de Lula aos EUA desde que Trump impôs tarifas ao Brasil. Questionado recentemente sobre a relação com o republicano, o petista afirmou que está disposto a negociar.

“Se ele passar perto de mim, eu vou cumprimentá-lo, porque eu sou cidadão civilizado. Eu converso com todo mundo. Eu nasci na política negociando. Então, para mim não tem nenhum problema”, disse Lula, em entrevista à BBC News.

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