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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta última sexta-feira, 1, que o Brasil mantém sua disposição para o diálogo com os Estados Unidos, mas destacou que o país está tomando medidas para proteger sua economia frente às novas tarifas impostas pelo governo americano. A declaração foi publicada nas redes sociais e veio horas após o presidente dos EUA, Donald Trump, dizer que Lula poderia procurá-lo “quando quisesse” para tratar do tema.

“Estamos sempre abertos a conversar. Mas os rumos do Brasil são decididos pelos brasileiros e pelas instituições do nosso país”, escreveu o presidente. Segundo ele, o governo atua para defender setores produtivos e trabalhadores brasileiros das consequências das ações unilaterais adotadas por Washington.

A fala de Trump ocorreu em entrevista a jornalistas nos jardins da Casa Branca. Questionado sobre o atrito comercial, o presidente americano minimizou o impacto e reforçou que estaria disponível para diálogo. A imposição de tarifas de até 50% sobre exportações brasileiras, anunciada dois dias antes, foi seguida de medidas semelhantes aplicadas a outros países.

Trump também lançou críticas indiretas ao Judiciário brasileiro, sugerindo que algumas lideranças do país “agiram de maneira errada”, numa possível alusão ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, recentemente incluído em uma lista de sanções por parte dos EUA.

Apesar das falas públicas, ainda não houve contato direto entre Lula e Trump desde que o republicano reassumiu a presidência dos Estados Unidos em janeiro deste ano. O presidente brasileiro tem adotado tom firme nas respostas, rebatendo as justificativas apresentadas por Washington para o aumento das tarifas e acusando Trump de distorcer os argumentos econômicos. Em julho, Lula afirmou que o americano “não é imperador do mundo” ao criticar as sanções.

Enquanto isso, o governo brasileiro articula uma resposta institucional às medidas. O vice-presidente Geraldo Alckmin, também à frente do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), coordena reuniões com representantes do setor produtivo e com autoridades norte-americanas, entre elas o secretário de Comércio, Howard Lutnik.

A ofensiva tarifária de Trump coincide com críticas ao sistema judicial brasileiro e ao atual governo, o que tem levado analistas a apontar motivações não apenas econômicas, mas também políticas e ideológicas no embate entre os dois países. O Itamaraty tenta manter canais diplomáticos abertos enquanto avalia eventuais contramedidas e busca reduzir o impacto sobre as exportações nacionais.

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