O presidente norte-americano, Donald Trump, sancionou, nesta quarta-feira, 19, uma lei que determina a divulgação de todos os documentos do governo relacionados ao caso Jeffrey Epstein, financista condenado por crimes sexuais e encontrado morto em sua cela em Nova York em 2019. 

A medida obriga o Departamento de Justiça a tornar públicos, em até 30 dias, os registros de sua investigação sobre Epstein. Trechos poderão ser retidos caso envolvam apurações ainda em andamento ou sejam considerados invasão de privacidade. 

O projeto recebeu apoio maciço nas duas Casas legislativas. Na Câmara dos Representantes, foi aprovado por 427 votos a 1, enquanto no Senado houve consentimento unânime. Embora Trump pudesse ter ordenado a liberação dos arquivos sem necessidade de votação, a proposta foi encaminhada ao Congresso e rapidamente aprovada. 

Até a semana passada, Trump se opunha à divulgação dos documentos, classificando a iniciativa como uma “farsa” promovida por democratas para desviar a atenção do trabalho republicano. Após pressão de vítimas de Epstein e de integrantes de seu próprio partido, o presidente recuou e passou a apoiar a medida. 

Em publicação na plataforma Truth Social, Trump afirmou: “Talvez a verdade sobre esses democratas e suas associações com Jeffrey Epstein seja revelada em breve, porque ACABEI DE ASSINAR O PROJETO QUE LIBERA OS ARQUIVOS DE EPSTEIN!”

Os documentos que devem ser divulgados incluem: transcrições de entrevistas com vítimas e testemunhas; itens apreendidos em buscas nas propriedades de Epstein; comunicações internas do Departamento de Justiça; registros de voos; e, por fim, nomes de pessoas e entidades ligadas ao financista. 

Esse material é distinto das mais de 20 mil páginas já divulgadas pelo Congresso na semana passada, que continham mensagens de Epstein de 2018 mencionando diretamente Trump. Em uma delas, o financista escreveu: “Eu sou o único capaz de derrubá-lo” e “Eu sei quão sujo Donald [Trump] é”

Trump reconhece ter sido amigo de Epstein por anos, mas afirma que o rompimento ocorreu no início dos anos 2000, dois anos antes da primeira prisão do financista. O presidente nega qualquer envolvimento irregular. Em entrevista recente, declarou que “os republicanos não têm nada a ver com Epstein” e que o caso seria “um problema dos democratas”. 

Epstein, que já havia sido condenado em 2008 por solicitação de prostituição de menor de idade, foi encontrado morto em 2019. O legista classificou a morte como suicídio. 

A família de Virginia Giuffre, uma das vítimas de Epstein que morreu por suicídio no início deste ano, celebrou a sanção da lei. Em comunicado, o irmão e a cunhada de Giuffre, Sky e Amanda Roberts, afirmaram que a medida foi “nada menos que fenomenal” e defenderam que “cada nome deve ser revelado, independentemente de poder, riqueza ou filiação partidária”. 

O financista mantinha relações com diversas personalidades influentes, incluindo Andrew Mountbatten Windsor, irmão do rei Charles III; Donald Trump; Steve Bannon, ex-assessor de Trump; e o ex-presidente americano Bill Clinton. Também havia vínculos com nomes da mídia, da política e do entretenimento. 

Na quarta-feira, 19, o ex-presidente da Universidade Harvard, Larry Summers, afastou-se de suas funções docentes enquanto é investigado internamente por suas ligações com Epstein, reveladas em trocas de e-mails amistosas. 

Com a sanção, a procuradora-geral dos EUA, Pam Bondi, terá de divulgar “todos os registros, documentos, comunicações e materiais de investigação” não classificados relacionados a Epstein e à cúmplice Ghislaine Maxwell, condenada a 20 anos de prisão por tráfico sexual. O prazo é de 30 dias após a promulgação da lei. Bondi, no entanto, poderá reter informações que comprometam investigações federais ativas ou que identifiquem vítimas. 

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