Tarcísio discute perfil de vice; Michele, ex-ministros e centrão entram na corrida

06 setembro 2025 às 16h07

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O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tem mantido conversas com aliados políticos para avaliar o perfil, o partido e até nomes que poderiam ocupar a vaga de vice em uma possível candidatura à Presidência em 2026. Entre os cotados estão integrantes do centrão, ex-ministros do governo Jair Bolsonaro (PL) e até a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Segundo aliados, as discussões ainda são embrionárias e se limitam a trocas de impressões sobre o cenário político. Participantes desses encontros destacam que a escolha do vice costuma ser um dos últimos passos de qualquer candidatura e que Tarcísio sequer decidiu oficialmente se disputará a Presidência. Nesse contexto, ele teria repetido a necessidade de esperar a posição de Bolsonaro antes de tomar qualquer decisão mais sólida.
O momento também exige cautela. O ex-presidente enfrenta julgamento por sua participação na trama golpista de 8 de janeiro de 2023, e parte do bolsonarismo considera qualquer articulação antecipada sobre sucessão como “traição”. Isso explica a discrição de Tarcísio nas movimentações e a resistência em assumir abertamente qualquer projeto nacional.
Mesmo assim, Tarcísio já foi alvo de críticas de dois filhos de Bolsonaro: o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Ambos classificaram como precipitada a movimentação em torno de uma possível candidatura presidencial.
Desde as críticas, o governador de São Paulo tem se empenhado mais ativamente em articular no Congresso a anistia ao ex-presidente, numa tentativa de reduzir tensões e reforçar sua lealdade ao bolsonarismo.
Disputa silenciosa pela vaga de vice
Embora a escolha da vice-presidência seja um ponto distante, há intensa movimentação de interessados em se posicionar. Fontes relatam que, em conversas privadas, Tarcísio tem feito conjecturas sobre diferentes perfis e avaliado cada nome. A escolha, segundo interlocutores, passaria por critérios como capacidade de atrair votos, estrutura política, alianças estratégicas e, sobretudo, a confiança do próprio Bolsonaro.
Entre os nomes analisados, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro surge como uma das favoritas. Para setores da direita e da centro-direita, uma chapa com Michelle seria considerada “imbatível”, já que ela reúne características valorizadas pelo eleitorado conservador: é mulher, evangélica, carismática e carrega o sobrenome Bolsonaro.
No entanto, existe a possibilidade de Michelle assumir outro protagonismo eleitoral em 2026. Ela pode disputar a Presidência representando o marido, que está inelegível e, até o período da eleição, pode estar condenado. Nesse cenário, Tarcísio recuaria e permaneceria no Governo de São Paulo, adiando um projeto nacional para o futuro.
Enquanto esse impasse não se resolve, Michelle segue como pré-candidata ao Senado pelo Distrito Federal. Aliados do centrão acreditam que essa é a alternativa preferida de Bolsonaro, que vê na construção de uma bancada forte no Senado uma ferramenta de poder político duradouro.
Como a Casa é responsável, entre outras atribuições, por processos de impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), essa estratégia poderia ampliar a influência da família Bolsonaro mesmo fora do Executivo.
Caso Michelle dispute o Senado, a vaga de vice-presidente em uma eventual candidatura de Tarcísio ficaria em aberto para outros nomes. Nesse espaço, um dos que mais se movimenta é o senador Rogério Marinho (PL-RN), ex-ministro do Desenvolvimento Regional e figura de confiança do bolsonarismo.
Apesar da movimentação nos bastidores, publicamente Tarcísio insiste que não existe qualquer candidatura presidencial em pauta. “O governador Tarcísio de Freitas é candidato à reeleição do estado de São Paulo e não à Presidência. Portanto, não há discussão sobre possível candidato a vice-presidente”, afirmou sua assessoria.
Entretanto, na prática, o governador tem ampliado sua presença em debates nacionais e intensificado embates com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Além disso, tem participado de articulações da direita e de encontros com empresários e lideranças políticas.
Recentemente, chegou a ensaiar um possível slogan de campanha em evento: a promessa de “fazer 40 anos em 4”, em referência a acelerar projetos de infraestrutura e desenvolvimento.
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