A decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na última sexta-feira, tornando Jair Bolsonaro inelegível por oito anos, expôs a falta de coesão ao seu redor, apesar de ele ser considerado a principal liderança de direita no país. Aliados próximos expressam desconforto com o silêncio de figuras como o senador Sergio Moro (União-PR) e o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), diante da condenação de Bolsonaro por abuso de poder político e mau uso dos meios de comunicação.

Fábio Wanjgarten, advogado de Bolsonaro e ex-secretário de Comunicação Social da Presidência, tentou minimizar a falta de manifestações públicas de apoio por parte de alguns aliados proeminentes, especialmente nas redes sociais.

Cláudio Castro, correligionário do ex-presidente, fez seu último gesto de apoio na véspera da condenação, afirmando que a inelegibilidade de Bolsonaro aumentaria sua relevância política. No entanto, essa tentativa de demonstrar apoio foi considerada “um equívoco” e “infeliz” pelo ex-presidente.

Aliados, porém…

O senador Romário (RJ), que foi reeleito pelo mesmo partido do ex-presidente, também não se manifestou sobre a condenação. Eles estão distantes desde que Bolsonaro anunciou seu apoio à candidatura de Daniel Silveira (PTB) ao Senado nas últimas eleições.

Governadores que estiveram ao lado do ex-presidente durante sua campanha em 2022, como Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, e Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, também não expressaram publicamente sua solidariedade a Bolsonaro.

Ambos têm mantido uma distância segura do ex-presidente e têm buscado estabelecer uma boa relação com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A estratégia é fortalecer o diálogo para obter mais recursos para seus estados e promover seus aliados nas próximas eleições.

Legislativo

No Congresso, há uma forte pressão por um posicionamento público do ex-juiz e senador Sergio Moro. Como ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Moro teve uma ruptura com o governo, mas houve uma reconciliação durante a campanha do ano passado em uma empreitada contra Lula.

O próprio filho do ex-presidente, Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), chegou a cobrar publicamente uma posição de Moro. No domingo, o vereador carioca ironizou Moro ao responder a uma publicação de uma influenciadora que questionava o silêncio do senador.

Por outro lado, a esposa de Moro, a deputada federal Rosangela Moro (União-SP), assinou um projeto de lei que busca anistiar condenados por crimes eleitorais desde 2016. No entanto, ela também não se manifestou publicamente em relação a Bolsonaro.