Líder da bancada evangélica no Senado, Zequinha Marinhos é alvo do STF por grilagem de terras
30 julho 2024 às 10h26
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Escolhido para liderar o grupo evangélico no Senado até novembro, o senador Zequinha Marinho (Podemos) está sendo investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por sua suposta ligação com um grupo criminoso que ocupa terras indígenas no Pará. O caso foi enviado ao Supremo pela Justiça do Pará no final de junho e está sendo mantido em segredo desde o dia 15, sob a responsabilidade da ministra Cármen Lúcia. O senador é acusado de ajudar os ocupantes ilegais de terras.
A investigação começou em agosto de 2022, quando o Ibama encontrou cinco barracos, veículos e mais de 50 pessoas na Terra Indígena Ituna-Itatá, onde estavam desmatando para fazer um loteamento ilegal. De acordo com a Polícia Federal, a invasão foi organizada por Jassônio Leite, conhecido como um dos maiores ocupantes ilegais da Amazônia. Ele teria conexões com Zequinha e um de seus assessores, que usavam o cargo no Senado para influenciar interesses que iam contra a demarcação das terras indígenas.
Quando o caso foi enviado ao Supremo, o senador declarou ao Metrópoles que “nunca apoiou e nunca apoiará pessoas suspeitas de invadir terras públicas e destruir vegetação nativa”. Ele também afirmou que as famílias de agricultores que se mudaram para o local não devem ser “tratadas como ‘invasores e ocupantes ilegais’, nem como criminosos”.
Zequinha Marinho foi deputado federal por três mandatos antes de ser eleito para o Senado em 2018. Nas últimas eleições, tentou a vaga de governador do Pará com apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), concorrendo contra Helder Barbalho do MDB.
Sua trajetória política é marcada por controvérsias. Ele ganhou destaque na mídia depois de ser implicado no “Escândalo dos sanguessugas”, um esquema de desvio de verbas públicas para comprar ambulâncias superfaturadas em 2006. Anos depois, ficou conhecido como o ‘deputado da caixinha’ por, supostamente, cobrar uma porcentagem dos ganhos dos funcionários dos gabinetes parlamentares, que seria destinada ao Partido Social Cristão (PSC). Ele ainda enfrenta uma ação penal no Tribunal Regional Federal da 1ª Região por esse caso.
Zequinha também foi acusado de tentar liberar mais de 226 mil metros cúbicos de madeira apreendida pela PF durante uma operação na fronteira do Pará com o Amazonas. Esse esforço foi revelado pelo então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, em uma entrevista à rádio CBN em abril de 2021.
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