Secretário de Trump diz que produtos não cultivados nos EUA poderiam ter tarifas zeradas

29 julho 2025 às 17h17

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Em meio a onda de tarifaço promovida pelo governo do presidente Donald Trump, o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, anunciou, nesta terça-feira (29), que produtos não cultivados no país — como o café — podem ter tarifas zeradas.
Durante uma entrevista à emissora norte-americana CNBC, o secretário Lutnick comentou sobre a política de tarifa zero para produtos que os EUA não produzem internamente.
Ele classificou itens como café, manga, abacaxi, cacau e coco como “recursos naturais” que poderiam ser beneficiados por acordos de importação sem taxas. No entanto, não mencionou diretamente o Brasil — que será afetado por uma tarifa de 50% sobre o café a partir de sexta-feira, 1, por ordem do ex-presidente Donald Trump.
O Brasil é o maior fornecedor de café para os Estados Unidos, ocupando cerca de um terço do mercado norte-americano. Entre janeiro e maio deste ano, 17% das exportações brasileiras de café foram direcionadas para lá. A medida, se concretizada, pode praticamente inviabilizar esse comércio.
Negociações Internacionais
Na mesma entrevista, Lutnick abordou os acordos com a União Europeia, que incluiriam a eliminação de tarifas sobre produtos como a cortiça. Ele disse que as conversas ainda estão em andamento e envolvem temas como aço, alumínio e serviços digitais.
Em relação à China, o secretário indicou que o processo será mais complexo e que uma equipe específica está conduzindo essas tratativas. Ele também afirmou que o presidente Trump decidirá até sexta-feira, 1, os rumos dos acordos comerciais com outros países.
Impacto do Tarifaço no Café Brasileiro
A aplicação da tarifa pode desestabilizar o mercado norte-americano de café. Isso porque os EUA produzem apenas 1% do que consomem e dependem fortemente do Brasil — responsável por 40% da oferta mundial e por cerca de 8 milhões de sacas vendidas anualmente aos americanos.
Nenhum outro país, nem mesmo a Colômbia (segundo maior produtor), tem capacidade de substituir o volume exportado pelo Brasil. Uma alternativa para os EUA seria aumentar a importação de café robusta, de qualidade inferior, ou buscar café arábica em países com produção limitada.
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