Após participar da reunião, nesta quarta-feira, 13, que oficializou o pacote emergencial Brasil Soberano, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), André Rocha, comentou as medidas anunciadas pelo governo federal para enfrentar os impactos do tarifaço imposto pelos Estados Unidos às exportações brasileiras. O encontro, realizado em Brasília, reuniu representantes do setor produtivo e autoridades para discutir estratégias de resposta à nova política comercial norte-americana.

O pacote prevê ações como crédito emergencial de R$ 30 bilhões com juros subsidiados, ampliação do programa Reintegra, flexibilização do regime de drawback e reforço ao seguro de exportações. A proposta também inclui estímulo a compras governamentais e intensificação da diplomacia comercial brasileira.

Rocha elogiou a postura do governo brasileiro, destacando a ausência de medidas de retaliação como sinal de maturidade diplomática. “Nós achamos que isso é um ponto importante porque mostra que nós estamos e continuamos sentados na mesa de diálogo”, afirmou. Segundo ele, a disposição do governo em manter canais abertos com os Estados Unidos é essencial para buscar soluções negociadas.

Apesar de reconhecer o esforço federal, o presidente da Fieg alertou para entraves estruturais que podem comprometer a efetividade das ações. “É preciso garantir que o recurso chegue rápido à indústria e que os programas sejam de fato acessíveis, principalmente às pequenas e médias empresas”, pontuou.

Rocha também destacou que alguns setores podem se beneficiar diretamente das medidas, como os de frutas, pescados e produtos perecíveis, que enfrentam dificuldades logísticas para escoamento. “Compras governamentais podem atender sobretudo ao setor de frutas e ao setor de pescados”, disse.

Outro ponto enfatizado foi a necessidade de ampliar acordos comerciais internacionais. “Nós precisamos abrir cada vez mais fronteiras, mercados para os produtos brasileiros”, afirmou, defendendo que o Itamaraty, as embaixadas e os adidos comerciais intensifiquem a articulação com outros países e blocos econômicos, como o Mercosul.

No caso específico de Goiás, Rocha reconheceu que o impacto das medidas pode ser limitado. “As empresas afetadas são sobretudo as de açúcar orgânico e também o setor de vermiculito. Então nós vamos precisar de outras medidas, seja pelo governo federal, seja pelo governo estadual, para poder atendê-las”, explicou.

Apesar das limitações, o presidente da Fieg considera o plano um avanço. “Lógico que são medidas paliativas, não resolvem o problema. O problema só será resolvido com muito diálogo, com muita paciência, com muita seriedade”, concluiu, reforçando a importância de uma diplomacia firme, porém serena. “Esperamos que a diplomacia brasileira continue agindo dessa forma: sem rabugice, sem provocar o governo americano, mas agindo com soberania”, disse.

Leia também: Secretário de Cultura pede perdão à vereadora e presta esclarecimentos