A revogação das sanções aplicadas pelos Estados Unidos ao ministro Alexandre de Moraes provocou, nesta sexta‑feira, 12, uma explosão pública de hostilidades entre duas figuras centrais da direita bolsonarista. O deputado federal Nikolas Ferreira (PL‑MG) e o influenciador Allan dos Santos, que segue foragido da Justiça brasileira. 

O episódio expôs, mais uma vez, a fratura crescente dentro do campo conservador, e teve como gatilho um tuíte que Allan publicou, apagou e que, mesmo assim, acabou circulando entre parlamentares.  Segundo relatos, Nikolas Ferreira recuperou a postagem deletada de Allan, na qual o influenciador apostava que as sanções da Lei Magnitsky contra Moraes jamais seriam retiradas, e compartilhou o conteúdo no grupo de WhatsApp dos deputados. 

Ao descobrir a movimentação, Allan foi às redes sociais cobrar explicações em tom de confronto: “Por que enviar meu tuíte no grupo do WhatsApp dos deputados, Nikolas? Quer entrar ao vivo para discutir o assunto?” A resposta de Nikolas foi curta, direta e agressiva, incendiando de vez o ambiente: “Não, porque você é um bosta.” 

A troca viralizou imediatamente e expôs a deterioração completa da relação entre os dois. 

Queda da Magnitsky  

A briga ocorre no mesmo dia em que o governo dos EUA retirou as sanções da Lei Magnitsky contra Moraes, sua esposa, Viviane, e a empresa da família, medida tomada após pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao presidente Donald Trump. 

Moraes havia sido incluído na lista em julho, acusado pelo governo Trump de “detenções arbitrárias” e “censura” no processo que levou à condenação de Jair Bolsonaro por tentativa de golpe. O ex‑presidente cumpre pena superior a 27 anos na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília. 

A inclusão de Moraes na Magnitsky havia provocado forte atrito diplomático entre Brasília e Washington, com parlamentares bolsonaristas, entre eles Eduardo Bolsonaro, atuando para ampliar a pressão sobre ministros do STF. 

A retirada das sanções, portanto, foi recebida como derrota dentro desse grupo, e o tuíte apagado de Allan, que errara sua previsão, virou munição para Nikolas. 

Relação já vinha em ruínas 

O confronto desta sexta não surgiu do nada. Nikolas e Allan acumulam desavenças públicas ao longo do ano. Meses antes, Allan chamou Nikolas de “canalha” após o deputado mandar um abraço, durante um Space no X, para o perfil “Baianinha Intergaláctica”. 

Allan alegou que a mulher por trás do perfil teria atacado sua filha, que enfrenta problemas de saúde. Eduardo Bolsonaro também entrou na discussão, classificando o perfil como “abjeto” e criticando Nikolas por apoiá‑lo. 

Críticas internas  

Nos bastidores, Nikolas já vinha sendo cobrado por aliados por suposta falta de empenho na campanha da direita para pressionar os EUA a manter sanções contra ministros do STF. Eduardo Bolsonaro chegou a afirmar que o deputado estava sendo “pouco ativo” nesse esforço. 

Acusações de ambição política 

A tensão escalou ainda mais quando Allan dos Santos, em entrevista recente, acusou Nikolas de agir movido exclusivamente por ambição pessoal. Segundo Allan, o deputado estaria tentando ocupar o espaço deixado por Jair Bolsonaro, que permanece inelegível até 2030. 

“Está na cara que o Nikolas já percebeu que pode ser uma grande liderança no futuro. Ao invés de entender que, se não fizer nada agora, isso afeta o futuro dele, Nikolas segue sua própria agenda”, afirmou Allan. dois. 

Foto: Agência Senado

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