PF quer desgaste político antes de pedir prisão de Bolsonaro

21 agosto 2023 às 12h03

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Caso dependa dos investigadores da Polícia Federal (PF), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) provavelmente enfrentará um período prolongado de desgaste político, ao invés de ser detido. Essa perspectiva se baseia em várias razões, conforme detalhado pela colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo.
Existiriam duas abordagens para prender Bolsonaro: a primeira delas envolveria a prisão preventiva, uma vez que o ex-chefe de Estado não foi formalmente indiciado, denunciado ou condenado. E, a segunda, seria a necessidade de consenso na PGR.
Contudo, para emitir um mandado de prisão preventiva, é necessário evidenciar que a pessoa está interferindo ou tem o potencial de interferir nas investigações. Segundo agentes federais envolvidos no caso, embora haja indícios disso, eles não seriam suficientemente robustos para sustentar um pedido de prisão preventiva.
A atuação da Procuradoria Geral da República (PGR) também se coloca como um obstáculo para a PF, uma vez que a PGR é responsável por emitir pareceres sempre que um pedido de prisão é feito. Atualmente, a PGR não tem respaldado as iniciativas da PF. Os pareceres da subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo têm se mostrado favoráveis a Bolsonaro. Mesmo que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), os tenha ignorado, a PF considera essencial que haja pelo menos um consenso entre os órgãos envolvidos na investigação para prender um ex-presidente.
Vale notar que Lindôra é considerada próxima ao grupo Bolsonaro e é pessoa de confiança do Procurador Geral da República, Augusto Aras. Por essa razão, fontes próximas a Moraes afirmam que não solicitarão o indiciamento de Bolsonaro ou sua denúncia ao STF até o término do mandato de Aras, previsto para o final de setembro.
Ambas as medidas estão em planejamento, mas só serão executadas após a mudança na liderança da PGR. Até que um novo procurador-geral assuma, a estratégia é manter a pressão sobre Bolsonaro. Com isso, os investigadores esperam não apenas fortalecer a coleta de provas, mas também atrair potenciais delatores nos casos envolvendo o ex-capitão.