Moradores de Cristalina enviaram denúncia ao Jornal Opção contra uma servidora da Câmara Municipal local. Áudios enviados à redação mostram que Cacilda Barbosa de Brito proferiu ataques racistas em um grupo de WhatsApp. “Cabelo ruim”, “macumbeirinho” e “você volta da Bahia para trabalhar de cabo eleitoral”, foram alguns dos comentários feitos por Cacilda nos áudios. 

A servidora da Câmara Municipal está atualmente engajada na campanha do candidato do Partido Liberal (PL) à Prefeitura de Cristalina, Dr. Luís Otávio. Uma das denúncias que circulam nas redes é que, confiante na vitória de seu candidato, Cacilda já se sente secretária. “Somos nós os secretários agora”, afirma em um dos áudios compartilhados no grupo. 

Nas mensagens que circulam nas redes, a servidora ataca as religiões de matriz africana, citando inclusive nomes de membros do grupo que seriam praticantes desses ritos. “Vocês são os macumbeirinho não é?” e “agora eu quero ver se os centros seus têm registro”, são algumas das falas compartilhadas nos grupos. 

O caráter racial das ofensas foi predominante durante a discussão. “Você é triste de feia, vai fazer uma progressiva também, vai”, afirmou Cacilda. Ao se referir à disputa eleitoral em curso, a servidora ataca outra mulher dizendo: “você volta da Bahia para trabalhar de cabo eleitoral”.

O Jornal Opção tentou contato tanto com a Prefeitura de Cristalina quanto com a Câmara do município, mas os números disponíveis não atenderam. A reportagem também tentou contato com o presidente da Câmara, Marcos Fernandes Franco, e o espaço para posicionamento segue aberto. 

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Em um grupo de WhatsApp chamado “Burin sem Censura”, Marcos se defende, reforçando que não teve nenhum envolvimento nas declarações de Cacilda. “Sobre o caso citado, digo que sou totalmente contra qualquer tipo de preconceito ou desrespeito para com as pessoas. Creio que os fatos não aconteceram em horário de expediente/ trabalho da pessoa em questão, a mesma é maior de idade e responsável por seus atos, principalmente quando está fora do seu local de trabalho. Reitero mais uma vez ser totalmente contra qualquer tipo de preconceito ou racismo, e os envolvidos que se sentiram vitimados por tais crimes, têm todo direito de buscar a Justiça. No mais, fica a cargo da Justiça”, disse.

O boletim de ocorrência registrado contra Cacilda na manhã desta segunda-feira, 9, acusa os crimes de difamação, injúria ou incitação à discriminação ou preconceito. Veja documento abaixo. 

Foto: Arquivo pessoal.

Resposta

Em vídeo publicado na noite da última segunda-feira, 9, Cacilda Barbosa de Brito comenta o caso que repercutiu na cidade. No posicionamento, a servidora compartilha áudios nos quais é possível ver que ela havia sido ameaçada. Não foi possível saber se as mensagens compartilhadas por Cacilda nas redes sociais foram recebidas antes ou depois das mensagens enviadas ao Jornal Opção. 

“Reconheço que, por conta da intensidade dos acontecimentos, minhas palavras e ações podem ter sido mal interpretadas. Em nenhum momento eu tenho a intenção de ofender ou prejudicar qualquer pessoa”, disse a servidora. Ela afirmou que o conteúdo que circula “não reflete a postura cotidiana ou valores” que defende.

Nas mensagens compartilhadas pela servidora, é possível ouvir mulheres a chamando de “pilantra”, “cadela”, “égua” e “ordinária”. As ofensas se seguem: “Vou abrir uma zona e vou pôr você para ganhar dinheiro para mim” e “Eu não vivo atrás de macho igual você não”. Também vieram ameaças à Cacilda: “sabe o que que você está querendo? Que eu avanço em você, que eu te mato”. 

Por fim, a servidora afirma que agiu de forma “ instintiva de defesa” e que está tomando as medidas legais cabíveis.