O levantamento realizado em junho deste ano pela ONG Girl Up Brasil revela que apenas 2% dos vereadores nas capitais estaduais têm menos de 30 anos. Entre os 821 políticos dessas Câmaras Municipais, há 10 homens e 7 mulheres nessa faixa etária. Vale lembrar que, no Brasil, a idade mínima para ser vereador é de 18 anos, a menor entre as posições políticas.

Lucas Kitão, do União Brasil, de 34 anos, foi o vereador mais jovem na legislatura passada, quando se elegeu com 25 anos e foi reeleito em 2020, aos 29, ambas as vezes pelo antigo PSL, que se fundiu com o DEM e se tornou o União Brasil. Para ele, essa é uma triste realidade, especialmente em uma capital jovem como Goiânia.

Na avaliação do vereador, não faltam candidatos, mas sim oportunidades. “Faltam condições para que possam concorrer em pé de igualdade com os demais candidatos. Os partidos não investem como deveriam nos jovens. Um exemplo é meu antigo partido, o PSD, que me boicotou quando lancei minha pré-candidatura a prefeito de Goiânia”, lembra.

Lucas Kitão acredita que os partidos precisam acreditar e investir nos jovens. “À medida que os partidos investirem mais nos jovens, as mídias eleitorais darão mais espaço e credibilidade a esses candidatos, que naturalmente terão mais acesso ao eleitorado”, destaca.

Kitão relembra que, em 2016, a campanha não foi fácil, justamente pela falta de credibilidade junto ao eleitor. “Nossa primeira campanha foi muito difícil, assim como a segunda. Foi 100% na raça! Fomos de eleitor em eleitor contando nossos projetos e sonhos para Goiânia”, diz.

Lucas Kitão durante campanha l Foto: Arquivo pessoal

Lucas Kitão, que é pré-candidato a vereador, ressalta que não decepcionou seus eleitores, e como prova disso, cita os dois mandatos consecutivos que recebeu. “Graças a Deus, tivemos a oportunidade de chegar à Câmara e mostrar nosso trabalho! Votei contra os aumentos de IPTU, contra o ‘cheque em branco’ para empréstimos, contra a venda de áreas e todos os excessos dessa gestão”, pontua.

Kitão finaliza encorajando os jovens a não desanimarem, mas persistirem com seus sonhos. “O jovem tem coragem para enfrentar o que está errado! E por isso acredito que o goianiense pode colher os frutos se acreditar nos jovens bem-intencionados. Não desistam, mas persistam”, enfatiza.

Levantamento

A pesquisa revela a baixa participação dos jovens nas casas legislativas, geralmente vistas como uma porta de entrada para a política juvenil, tanto devido à idade quanto à proximidade com as questões cotidianas das cidades.

“Dentre as 26 capitais, 15 não possuem representação jovem em suas câmaras municipais. Belém conta com 4 representantes jovens, Maceió com 3 e Teresina com 2, sendo este o único caso com mais de uma vereadora jovem”, destaca Daniela Costa, gerente de redes e advocacy da Girl Up Brasil, organização voltada para a igualdade de gênero entre jovens.

Capitais como Rio de Janeiro, Florianópolis, Curitiba, Campo Grande e Salvador não têm nenhum político com menos de 30 anos. Além disso, não há jovens presidindo câmaras municipais. Essa análise considera o Estatuto da Juventude, que define como jovem o cidadão com menos de 30 anos.

Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que o eleitorado jovem voltou a diminuir em 2024 no Brasil, apesar do aumento significativo registrado em 2022, impulsionado por campanhas como “Seu Voto Importa”, liderada pela Girl Up. Atualmente, cerca de 2,2 milhões de jovens entre 16 e 17 anos possuem título de eleitor, número abaixo dos 2,5 milhões registrados em 2022.

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