Marina rebate Zema: Sul e Sudeste “não têm vida” sem Amazônia

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, enfatizou que os estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste são interdependentes das unidades federativas que ocupam a Amazônia, destacando que essas regiões não teriam sustentação sem essa ligação. Suas afirmações foram feitas neste domingo, 6, durante o evento “Diálogos Amazônicos”, ocorrido em Belém (PA), como preâmbulo à iminente Cúpula do Clima.

A mencionada cúpula começa na terça-feira, 8, e contará com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e líderes de diversos países que compartilham território na região amazônica.

As declarações de Marina Silva são uma resposta às recentes colocações do atual governador de Minas Gerais, Romeu Zema. O governador mineiro havia afirmado em entrevista ao jornal Estadão que foi constituído um consórcio entre estados das regiões Sul e Sudeste em contraposição ao Norte e Nordeste. Além disso, ele argumentou que os estados deveriam se empenhar por uma maior equidade nos repasses de programas governamentais. As palavras de Zema suscitaram indignação entre políticos de todo o país.

Zema declarou na ocasião: “Outras regiões do Brasil, com estados muito menores em termos de economia e população, unem-se e conseguem votar e aprovar uma série de projetos em Brasília. E nós, representando 56% da população brasileira, muitas vezes ficamos isolados, concentrando-nos apenas em nossos próprios interesses. Ficou evidente nessa reforma tributária que começamos a mostrar nosso impacto”.

Indagada sobre o assunto, Marina Silva expressou que não teve conhecimento da fala do governador, mas ressaltou a relevância dos estados do Norte e Nordeste na economia não só do Brasil, mas também de toda a América do Sul.

“Embora eu não tenha tomado conhecimento da declaração do governador, não esteja ciente do contexto, é possível afirmar que as chuvas que abastecem as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste são geradas pela Amazônia. Adicionalmente, os povos indígenas da Amazônia têm uma influência significativa na preservação dessa floresta. Setenta e cinco por cento do Produto Interno Bruto (PIB) da América do Sul têm relação direta com as precipitações originárias da Amazônia”, declarou a ministra.

Ela concluiu afirmando: “Sem a Amazônia, a agricultura, a indústria e até mesmo a própria subsistência nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste seriam inviáveis. Conforme a ciência, essas áreas se tornariam desertos semelhantes ao Atacama ou ao Saara”.