Lula expressa pesar pela morte de Delfim Netto
12 agosto 2024 às 13h05
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) divulgou uma nota lamentando a morte do ex-ministro da Fazenda Delfim Netto, que faleceu nesta segunda-feira, 12, aos 96 anos.
“Durante 30 anos eu fiz críticas a Delfim Netto. Na minha campanha em 2006, pedi desculpas publicamente, porque ele foi um dos maiores defensores do que fizemos em políticas de desenvolvimento e inclusão social que implementei nos meus dois primeiros mandatos”, disse Lula.
Durante seu tempo como ministro, Delfim assinou o AI-5 em 1968, um ato que marcou o início dos Anos de Chumbo no Brasil. Mais tarde, como deputado federal, ele apoiou a Constituição de 1988, uma das mais democráticas do mundo. Nos dois primeiros mandatos de Lula, Delfim contribuiu para as políticas sociais do governo e se tornou um dos principais interlocutores da administração.
“Delfim participou muito da elaboração das políticas econômicas daquele período. Quando o adversário político é inteligente, nos faz trabalhar para sermos mais inteligentes e competentes”, afirmou o presidente.
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A nota do governo também menciona a perda de Maria Conceição Tavares, economista com uma visão diferente da de Delfim, que faleceu em junho deste ano.
“Em um curto espaço de tempo, o Brasil perdeu duas referências do debate econômico no país: Delfim Netto e Maria da Conceição Tavares. Fica o legado do trabalho e pensamento dos dois, divergentes, mas ambos de grande inteligência e erudição, para ser debatido pelas futuras gerações de economistas e homens públicos. Meus sentimentos aos familiares, amigos e alunos de Delfim Netto”, finaliza.
O Ministério da Fazenda também expressou seu pesar pela morte de Delfim Netto, descrevendo-o como um “referencial em diferentes fases da história do país.”
“Por décadas, [Delfim] fomentou debates essenciais sobre a condução da política econômica brasileira. Neste momento de luto, os servidores do ministério da Fazenda manifestam respeito e solidariedade aos familiares e amigos de Delfim Netto”, afirmou a pasta.
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, que foi deputado federal no mesmo período de Delfim, também lamentou o falecimento. Em sua nota, Mercadante reconheceu as diferenças políticas entre eles, mas destacou o apoio de Delfim ao governo Lula.
“Recebo com tristeza a informação sobre a morte do economista Delfim Netto. Fomos deputados no mesmo período histórico e estivemos na Comissão de Economia, espaço público em que havia um debate qualificado sobre as políticas de desenvolvimento nacional”, afirma.
“Apesar das divergências políticas e no próprio debate econômico, que tivemos ao longo da vida, Delfim Netto sempre teve compromisso com a produção e com o crescimento da economia. Mesmo tendo sido um ministro destacado do regime militar – liderou o chamado ‘milagre brasileiro’ -, Delfim apoiou o governo Lula em momentos importantes e desafiadores”, complementa.
Delfim Netto também foi professor de economia na USP, onde Mercadante se graduou. Ele deixa uma filha e um neto. Não haverá velório aberto ao público, e o enterro será restrito à família.