Alvo de críticas dos apoiadores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o orçamento secreto sempre esteve na artilharia contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) durante a campanha eleitoral. Bolsonaro buscou rebater as acusações atacando, e no debate promovido pela TV Band, no segundo turno, ele apresentou uma lista de onze deputados do PT que pediram a liberação de verbas “extras”.

Reportagem publicada pela revista Veja, aponta que o montante solicitado pelos petistas soma R$45 milhões de reais – um troco, se comparado ao fato de que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sozinho, indicou pelo menos R$350 milhões entre 2020 e 2021.

De acordo com o levantamento da Veja, os parlamentares petistas tiveram as mais diversas explicações – teve confissão sobre o uso dos recursos, argumentações de que as negociações se deram por meio de uma comissão, e não diretamente com o governo ou o relator-geral, e até acusações de “armação”.

Um exemplo é o líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (MG). Segundo a reportagem, ele solicitou em dezembro de 2020 a liberação de R$1 milhão para o Ministério do Desenvolvimento Regional visando a compra de equipamentos para a Codevasf. “Geralmente, os municípios não são atendidos, o que não foi o caso desta vez”, explicou.

O senador Humberto Costa (PT-PE) contou que Davi Alcolumbre (União-AP), à época presidente do Senado, informou aos parlamentares de oposição que havia a disponibilidade de verbas para ações orçamentárias dos estados. Costa, então, indicou cerca de R$15 milhões de reais para a compra de equipamentos agrícolas e obras hídricas – verba que, segundo ele, jamais foi paga. O também senador Rogério Carvalho (PT-SE) recebeu com indignação o seu nome na lista com um pedido de R$17 milhões de reais para a pavimentação de estradas e aquisição de maquinários. Segundo ele, a indicação foi feita por meio de verbas de bancada (diferentes, portanto, das emendas de relator) e formalizada em um ofício enviado ao MDR. “Isso não é orçamento secreto”, disse.

“É calúnia e jogo do governo para pegar a oposição”, afirmou, na mesma linha, o deputado Afonso Florence (PT-BA), que reforça que pediu R$1 milhão de reais ao MDR por um meio de acordo feito via comissão do Orçamento. Os deputados Patrus Ananias (PT-MG), Paulo Guedes (PT-MG) e Zé Carlos (PT-MA) e o ex-deputado Nelson Pellegrino (PT-BA) também afirmaram que fizeram solicitações por essa mesma comissão e que a medida não configura o orçamento secreto.