Javier Milei derrotou o peronismo, as pesquisas e, sim, a imprensa
27 outubro 2025 às 19h45

COMPARTILHAR
Javier Milei derrota a torcida do “contra” — como os institutos de ciências políticas e a imprensa — que previam o início do fim do seu governo, mas erraram feio: foi uma vitória retumbante. Tão inesperada que nem mesmo o mercado de ações estava preparado para tanto. Os títulos soberanos em dólar da Argentina dispararam um dia após Javier Milei vencer, de forma expressiva, as eleições legislativas em seu país, superando o pessimismo e até mesmo as previsões mais otimistas da mídia mundial, que errou grosseiramente em suas estimativas — sempre depreciativas —, especialmente os jornais argentinos Clarín e La Nación, que tiveram de se render ao peso de suas narrativas negativas e reconhecer que o resultado das eleições legislativas dos “hermanos” foi amplo e fortalece o governo de Milei no Congresso. Agora, ele poderá implementar a reforma estatal que prometeu aos argentinos durante a campanha rumo à Casa Rosada em 2023.
O resultado surpreendeu porque as pesquisas (sempre elas) apontavam vantagem do peronismo, liderado por Leandro Santoro, aliado da ex-presidente Cristina Kirchner — hoje em prisão domiciliar por corrupção. Com 99% das urnas apuradas, o líder de Milei no Congresso, Manuel Adorni, conquistou 40% dos votos e garantiu a maioria das cadeiras no Parlamento. O partido La Libertad, que tinha 37 assentos na Câmara dos Deputados, agora conta com 101; e no Senado, saltou de seis para 37 cadeiras. Santoro, que era o grande favorito, ficou em segundo lugar, com 31%. A terceira colocada foi Silvia Lospennato, do PRO, com 15,9%.
A vitória do partido de Javier Milei, La Libertad Avanza, apesar de não garantir maioria legislativa, dará uma folga ao governo argentino e permitirá que o presidente insista em seu programa de ajustes fiscais e políticas liberais.
A possibilidade de derrota do presidente provocou uma verdadeira “montanha-russa” cambial na Argentina nas últimas semanas, o que levou o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a garantir ao amigo Milei um aporte de 20 bilhões de dólares para evitar o colapso econômico e estabilizar a moeda argentina. Com a vitória, Trump foi o primeiro político mundial a quem Milei se dirigiu em agradecimento pelo apoio, chamando-o de “grande amigo da República Argentina”.
Baixa participação
A eleição do novo Parlamento argentino foi marcada pela baixa participação do eleitorado. Pelo menos um terço da população não foi às urnas, demonstrando a decepção dos argentinos com seus políticos desde a redemocratização do país, em 1983. Assim como no Brasil, o voto dos nossos vizinhos também é obrigatório.
Leia também:
Milei consolida poder e conquista maioria nas eleições legislativas da Argentina
