A crise nos preços de alimentos continua se aprofundando nos Estados Unidos. Após os surtos de gripe aviária elevarem o custo dos ovos em 2024, agora é a vez da carne bovina enfrentar aumentos significativos. A combinação de uma oferta interna cada vez mais restrita e a imposição de novas tarifas sobre importações brasileiras contribui para a escalada dos preços.

O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) divulgou na última sexta-feira, 25, que o número de cabeças de gado no país caiu 1% em relação a 2023, atingindo o nível mais baixo desde o ano 2000. Essa queda representa um gargalo adicional na produção de carne bovina nacional.

Além da escassez local, a decisão de aplicar uma tarifa de 50% sobre a carne vinda do Brasil — maior exportador mundial da proteína — começou a afetar diretamente o consumidor. Segundo relatório do banco Itaú BBA divulgado nesta terça-feira, o preço da carne moída subiu 3% apenas em julho.

No acumulado de 2025, a carne bovina já aumentou quase 9%, com o preço da libra chegando a US$ 9,26 no varejo. Dados oficiais apontam que bifes tiveram alta de 12,4% e a carne moída, de 10,3%, em relação a junho do ano passado.

Prejuízo bilionário

A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), que reúne empresas como JBS e Marfrig, estima que os prejuízos para o Brasil podem atingir até US$ 1 bilhão se a tarifa de 50% for mantida. Os Estados Unidos são o segundo principal destino da carne brasileira, atrás apenas da China.

Em tentativa de barrar a medida, o presidente da Abiec, Roberto Perosa, afirmou durante um evento que representantes do setor estão em diálogo com parlamentares norte-americanos. A meta é sensibilizar o Congresso dos EUA quanto ao impacto negativo da tarifação para ambos os países. A declaração foi registrada pela agência Reuters.

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