Goianos envolvidos em polêmica: indiciado por associação ao PCC se apresenta como presidente do PRTB em SP

31 maio 2024 às 18h14

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O Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB) nacionalmente é presidido pelo anapolino Leonardo Alves de Araújo, conhecido como Leonardo Avalanche. A legenda começou a ganhar mais evidência no Brasil neste ano, após lançar a pré-candidatura oficial do goiano Pablo Marçal, no último dia 24, à Prefeitura de São Paulo. Nas primeiras pesquisas, o coach largou na terceira posição.
Anteriormente, o ícone do partido era o longevo candidato à presidência, Levy Fidelix, que morreu aos 69 anos, em 2021. Ele era conhecido como “homem do aerotrem” e por disputar mais de 10 eleições consecutivas. Agora, o que chamou a atenção, além da pré-candidatura do coach, foi a filiação de Tarcísio Escobar.

De acordo com o Jornal o Estado de S. Paulo, o homem foi indiciado por associação à organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), mas foi nomeado presidente municipal do PRTB, na capital paulista, em 18 de março, e destituído três dias depois.
No entanto, até semana passada, Escobar era recebido por pré-candidatos como presidente da sigla e um dos articulares da pré-campanha de Marçal. Além disso, participou de vários encontros, inclusive em sedes do PRTB, onde firmavam alianças do partido em todo o Estado.
No próprio Instagram de Escobar é divulgado o perfil @presidentetarcisioescobar. Foi lá, que na semana passada ele divulgou um convite com sua foto, de Pablo Marçal e Leonardo Avalanche.

Escobar foi indiciado pela polícia em julho de 2023, por envolvimento em suposta quadrilha, após um criminoso ser preso em flagrante. O jornal informou que confirmou o indiciamento com membros da Polícia Civil de São Paulo (PC-SP) e que há outros desdobramentos na investigação.
PRTB em Goiás
O partido em Goiás é presidido pela advogada Vanessa Barros Machado, que é esposa do também dirigente partidário Santana Pires (PMB). Ambos são próximos de Leonardo Avalanche.
Ao Jornal Opção, Vanessa defendeu o correligionário e conterrâneo. “O PRTB é um partido que vem crescendo cada vez mais no Estado de Goiás e em todo o Brasil. Não acredito que o nosso presidente nacional, Leonardo Avalanche, tenha ligação”, salientou.

Em entrevista à reportagem, Pires, que já presidiu o PRTB no Estado, por sete anos, até transferir o comando para o atual secretário de Infraestrutura, Denes Pereira, que trocou a legenda pelo Solidariedade, assim, Vanessa assumiu.
Para afastar suspeita que seja ele o incentivador da esposa, Pires ressaltou que ela é “mulher da política”, de família que participa de disputas eleitorais por décadas no município de Iporá, inclusive ela concorreu a chapas de vice-prefeita, uma delas em Santa Catarina. “Na verdade, é ela quem me incentiva para a política”, contou.
Em relação ao presidente do PRTB, Pires confirmou que nutre uma amizade antiga por Avalanche, que foi até suplente em eleições passadas. “Ele é uma pessoa do bem, da nossa cidade, não tem envolvimento em nada errado”, declarou.
“O Leonardo Avalanche eu lancei como candidato a vereador em 2008, era meu suplente do PRTB”, recorda. O atual presidente nacional do PRTB, nas disputas eleitorais em Goiás, não acumulou muitos votos. Em 2016, pelo antigo Partido Trabalhista Nacional (PTN), atual Podemos, quando obteve 717 votos. Na eleição seguinte, já pelo Podemos, atingiu apenas 173 votos.
Sobre a suposta relação com o PCC, Pires atribui a evidência do partido. “Isso tudo é porque o Marçal está crescendo demais em São Paulo. Daí inventam histórias para prejudicar a legenda do PRTB”, enfatizou. “Ele [Leonardo] é um cara muito competente, honesto, trabalhador, nascido em Anápolis e criado em Goiânia, evangélico, uma pessoa do bem”, completou.
Embora tenha advogado sobre a trajetória de Avalanche, Pires destacou que está preocupado em atuar na outra legenda. “Meu partido é o PMB. Já fui do PRTB no passado, mas não tenho autonomia no PRTB”, afirma.
Disputa interna
No momento, Leonardo Avalanche trava uma disputa com membros fundadores do PRTB, que protocolaram uma denúncia de compras de votos de filiados, para votar na chapa encabeçada pelo goiano, que tem como tesoureiro nacional, o aparecidense Chanter Lane Pereira de Almeida – secretário de Ação Integrada da Prefeitura de Aparecida de Goiânia.
As acusações protocoladas na Polícia Federal do Distrito Federal (PF-DF) pelo seu principal algoz, o filiado Adalmo Romilson Alves. Nas peças, documentos e áudios sugerem que Avalanche liderou uma organização criminosa com membros acusados de fraudes e coação, com pagamentos que chegam aos R$ 300 mil e um carro Mercedes. O Jornal Opção tentou contato com Avalanche, mas sem sucesso.
Adicionalmente ao imbróglio, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, impugnou as eleições internas do ano passado, após constatar irregularidades. Novo pleito foi realizado em fevereiro deste ano.
Pelo visto, Pablo Marçal terá novo problema em seu segundo partido para disputar as eleições. Em 2022, o coach chegou a ensaiar uma candidatura à Presidência da República, pelo Pros, que passava por disputas judiciais. A Justiça acabou concluindo o caso e devolvendo o comando para o goiano Euripedes Júnior, que suspendeu a candidatura para apoiar a candidatura do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Depois foi efetivada a incorporação do Pros ao Solidariedade.
Nota do PRTB nacional
Em referência à notícia de que há dirigente do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB) indiciado pela Polícia Civil de São Paulo, a Direção Nacional do Partido vem a público esclarecer o que segue:
1) O Presidente Nacional não administra sozinho o Partido, especialmente no campo político, devendo-se considerar, também, ser o Brasil um País continental, havendo diversas lideranças políticas, inclusive correligionários que foram fundamentais para a eleição do atual Diretório Nacional no último dia 23/02/2024.
2) O dirigente em questão, realmente foi indicado por uma liderança política, poucos dias após a Convenção Nacional, e permaneceu por apenas três dias, após ser constatado que o mesmo não cumpria os dispositivos estatutários.
3) Conforme a própria matéria, o dirigente teria sido indiciado pela Polícia Civil de São Paulo, porém, o PRTB não faz investigação acerca da vida pregressa dos seus dirigentes, até porque cabe à Justiça tal julgamento.
4) O que o PRTB fez, por determinação da atual Direção Nacional, e é prática comum em relação a qualquer dirigente, foi verificar se o indicado preenchia os requisitos estabelecidos pelo Estatuto Partidário e, no caso em tela, a assessoria jurídica constatou que o indicado não se encontrava “em pleno gozo dos seus direitos políticos”, exigência do art. 3º, do Estatuto, e por isso, não era sequer filiado, sendo que “Participar de todo e qualquer Órgão do Partido” é um direito que “Assiste ao filiado do Partido”, nos termos do art. 11, inciso III, do Estatuto do PRTB.
5) Em conclusão, como é do conhecimento da imprensa, o dirigente indicado permaneceu por apenas três dias, sendo imediatamente destituído, em 21/03/2024, conforme se pode comprovar em simples consulta ao Sistema de Gerenciamento de Informações Partidárias (SGIP), do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
6) No que tange à divulgação de evento pelo dirigente indicado, realizado no dia 15 de maio, às 19 horas, no Ginásio da Portuguesa, com a participação do pré-candidato a prefeito de São Paulo, Pablo Marçal, observa-se, primeiro, pelo item anterior, que o dirigente havia sido destituído quase dois meses antes e, segundo, que o evento não chegou ao conhecimento da Direção Nacional e do pré-candidato a prefeito de São Paulo, e, terceiro, que o evento, efetivamente, nunca existiu, não sendo possível à Direção Nacional do Partido o controle de tudo o que é divulgado, mas estará sempre à disposição, principalmente da imprensa, para os devidos esclarecimentos.
Brasília/DF, 29 de maio de 2024
LEONARDO AVALANCHE
Presidente Nacional do PRTB
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