O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo de Jair Bolsonaro, está sendo alvo de uma operação deflagrada pela Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira, 25. A Operação Vigilância Aproximada investiga suspeitas de uma organização criminosa que se infiltrou na Abin com o propósito de monitorar ilegalmente autoridades públicas e outras pessoas, incluindo jornalistas, políticos e opositores da administração de Jair Bolsonaro.

Os policiais federais estão cumprindo 21 mandados de busca e apreensão, além de outras medidas cautelares, incluindo a suspensão imediata das funções públicas de sete policiais federais. Cinco diretores da Abin foram afastados, incluindo Paulo Maurício Fortunato Pinto, secretário de Planejamento e Gestão da agência. Na residência dele, a PF encontrou US$ 171,8 mil em espécie. Informações preliminares sugerem que outro indivíduo investigado é Caio Santos Cruz, filho do ex-ministro e ex-aliado de Bolsonaro, o general Santos Cruz. Caio seria representante da empresa que vendeu o software para a Abin.

Em comunicado, a Abin declarou que a ferramenta em questão deixou de ser utilizada em maio de 2021 e que está colaborando com as investigações. “A atual administração e os servidores da Abin reiteram o compromisso com a legalidade e o Estado Democrático de Direito”, acrescentou a agência.

Quem é Alexandre Ramagem?

Homem de confiança do clã Bolsonaro, Alexandre Ramagem ocupava o cargo de diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante um período em que a instituição teria supostamente monitorado ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), jornalistas e opositores do ex-presidente entre 2019 e 2021.

Após a eleição, inicialmente, Ramagem foi designado para uma função de assessor especial no Palácio do Planalto até que, em julho de 2019, Bolsonaro o indicou para liderar a Abin, que está subordinada ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI), então chefiado pelo general Augusto Heleno.

A ascensão de Ramagem à chefia da Abin contou com o apoio do vereador Carlos Bolsonaro. A confiança de Bolsonaro em Ramagem era tão grande que, menos de um ano depois, ele planejava promovê-lo novamente para assumir a direção-geral da Polícia Federal (PF).

No entanto, o desejo de Bolsonaro de nomear Ramagem para a PF foi o ponto de ruptura que levou à saída de Sergio Moro, que era ministro da Justiça, do governo. Moro viu a nomeação de Ramagem como uma tentativa de interferir politicamente na PF.

A saída de Moro do governo causou grande tumulto, e no final, foi Alexandre de Moraes, ministro do STF, quem bloqueou a nomeação de Ramagem para a PF. Moraes suspendeu a posse alegando a falta dos princípios da “impessoalidade, moralidade e interesse público”.

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