O Tribunal Regional Eleitoral de Goiás divulgou decisão, na última quarta-feira, 11, que retira o Partido Progressistas (PP) da campanha de Vanderlan Cardoso (PSD), impedindo Paulo Daher, então presidente do PP em Goiânia, de concorrer como vice-prefeito de Goiânia na chapa do senador. A decisão também impede o partido de se unir à coligação de Sandro Mabel (UB). A atual decisão força uma redistribuição do tempo de TV que acaba favorecendo Mabel e prejudicando Vanderlan, este que perde tempo de tela e precisa reformular seus materiais excluindo a participação do PP.

A disputa entre os dois candidatos começou quando a cúpula do PP em Goiânia, sob comando de Daher,  publicou atas da convenção partidária o indicando como vice de Vanderlan, mas, pouco depois, a cúpula estadual da sigla teria apontado apoio em direção a Mabel, candidato que conta com o apoio do governador Ronaldo Caiado (UB). 

Desde então, representantes dos interesses dos candidatos dentro e fora do PP acionaram a Justiça para definir o destino da sigla nas eleições municipais de Goiânia. Apesar da decisão da última quarta-feira, 11, o registro de candidatura de Paulo Daher ainda não foi julgado, já que cabe recurso à decisão, e Paulo Daher poderia seguir como candidato a vice.

Apesar disso, o ex-presidente do PP apresentou pedido de renúncia de sua candidatura a vice-prefeito de Goiânia. Desta forma, o senador e candidato deve indicar Sucena Hummel (PSD) como nova candidata a vice em sua chapa. Em nota, a coligação Goiânia que Queremos publicou que a aliança entre PP e PSD se deu de acordo com a lei eleitoral, e que o partido vai recorrer da decisão junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O posicionamento mais recente do TRE-GO, feito pelo desembargador Carlos Torres, veio em resposta a impugnação solicitada pelo membro partidário Frederico Michel, que questionou as atas enviadas por Paulo Daher o colocando como vice de Vanderlan. O advogado Danúbio Cardoso, que atuou junto de Frederico Michel, conta que 32 membros do partido dos 40 que participaram da convenção declararam apoio a Mabel. 

O advogado Wandir Allan, que representa o PP estadual, afirma que a movimentação da cúpula estadual do partido foi no sentido de corrigir ilegalidades realizadas pelo PP Goiânia (na época sob comando de Paulo Daher) nas atas da convenção partidária do dia quatro de agosto. “O TRE reconheceu que na reunião do dia 4 de agosto não houve o lançamento do Paulo Daher como candidato a vice e nem integração da coligação do Vanderlan”, explicou. 

Wandir conta que a presidência do PP metropolitano foi passada para Adriano do Baldy, retirando Daher do comando municipal da sigla. Apesar da entrada de um mandado de segurança por parte da defesa de Paulo Daher, a Justiça indeferiu o pedido. “O Paulo Daher não é mais presidente do PP de Goiânia”, resumiu Wandir.

Procurado pelo Jornal Opção, o advogado Felipe Neiva, que defende a permanência de Daher na chapa de Vanderlan, explica que a decisão do TRE definiu que o PP não vai integrar nenhuma das coligações. Para explicar, Neiva usa uma analogia: “os dois meninos estavam brigando por causa do brinquedo, aí a mãe foi e tomou o brinquedo dos dois”. Para o advogado, a decisão da corte buscou pacificar as discordâncias entre as diferentes esferas do PP. 

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Ao comentar a preferência da cúpula estadual do partido por Mabel, Neiva diz que o  “comportamento [é] muito contraditório”. O advogado afirma que antes da declaração de apoio do PP Goiânia a Vanderlan, a cúpula estadual teria dito não ter candidato, mas após o anúncio de Daher como vice do senador, eles teriam mudado de ideia. “A gente entende que quando você se amarra com cargos políticos no governo, você se sujeita às vontades do governo”, resumiu. 

Apesar do cenário pouco favorável à permanência de Daher na chapa de Vanderlan, Neiva indica que a defesa vai recorrer à decisão e buscar a permanência na chapa do senador. “Segue em frente, eu vou seguir na campanha”, Daher teria compartilhado com o advogado.

Um ponto no qual os dois advogados divergem é sobre as declarações dos outros membros do partido. Enquanto Neiva afirma que “todos os candidatos do PP manifestaram apoio ao Paulo Daher contra essa decisão”, Allan conta que “tanto os membros do Diretório Municipal, que eram os convencionais, quanto a maioria dos candidatos da chapa do PP, afirmam que o Sandro foi escolhido como candidato na reunião do dia 4”.

Consequências

O advogado Danúbio Cardoso, representante legal de membros da a Comissão Provisória do PP (até então no comando da sigla), explica que o tempo de TV dos candidatos foi revisto após a retirada do Progressistas da coligação de Vanderlan. Na recontagem, Mabel, que tem mais aliados, conseguiu mais alguns segundos de tela. Essa mudança força a troca dos materiais publicitários até então preparados para a disputa de Vanderlan. 

“O PP não fará parte de nenhuma coligação majoritária nas eleições de 2024, ficando livre para apoiar qualquer candidato”, acrescentou. Dessa forma, os candidatos a vereador irão concorrer isoladamente, seguindo as orientações da cúpula estadual do partido sobre apoio a candidatos a prefeito de Goiânia.

Vale destacar que Danúbio também apontou Adriano do Baldy como o próximo presidente do PP em Goiânia.  

Mabel

Em nota, a defesa de Sandro Mabel afirma que também vai recorrer à decisão, no intuito de autorizar a integração do PP a sua coligação. “Embora o TRE não tenho acatado o que entendemos ser a vontade da esmagadora maioria do PP de Goiânia de estar oficialmente ao nosso lado, compondo nossa coligação, pelo menos agora poderão estar na nossa campanha sem receio de impugnação de candidatura”, resumem no texto.