“Emendas Pix”: entenda e se informe sobre conflitos entre os poderes
15 agosto 2024 às 12h11
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Nos últimos dias, o mecanismo de repasse de recursos criado em 2019 durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, conhecido como “emendas Pix”, tem atraído bastante atenção no cenário político brasileiro.
O nome “emendas Pix” se refere ao sistema de pagamento instantâneo desenvolvido pelo Banco Central, chamado Pix. Essas emendas são uma variação das emendas parlamentares, usadas por deputados e senadores para direcionar verbas do orçamento público a projetos em suas regiões eleitorais.
Diferentemente das emendas tradicionais, que passam por um processo de tramitação e fiscalização mais rigoroso, as emendas Pix têm uma dinâmica mais rápida e frequentemente tem a necessidade de transparência, pois não é preciso informar o destino final do dinheiro.
Desde 2020, foram transferidos R$ 20,7 bilhões por meio das “emendas Pix”. O uso desse mecanismo aumentou após a decisão do STF de acabar com o orçamento secreto em dezembro de 2022. A proximidade das eleições municipais também colaborou para o crescimento. Neste ano, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva liberou R$ 7,7 bilhões através dessas emendas.
A falta de fiscalização e transparência gerou preocupações. O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu agir. Em 1º de agosto, o ministro Flávio Dino suspendeu as “emendas Pix” por causa da falta de transparência na transferência de recursos para os entes federativos. A decisão veio após um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), que considerou o mecanismo atual inconstitucional.
Em agosto deste ano, o ministro Flávio Dino ampliou a suspensão para incluir também as emendas individuais com destino específico e as emendas de bancada, até que o Congresso Nacional crie regras de transparência e rastreabilidade para esses recursos públicos. Em outras palavras, ele suspendeu as emendas impositivas.
A suspensão não afeta as emendas para obras já iniciadas ou para situações de calamidade pública, como as enchentes no Rio Grande do Sul.
A decisão causou um conflito entre o Legislativo e o Judiciário. Parlamentares, especialmente aqueles que dependem dessas emendas para suas bases eleitorais, expressaram sua insatisfação. O Congresso Nacional, sob a liderança dos presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, recorreu da decisão, alegando que ela é baseada em “premissas equivocadas” e causa “insegurança jurídica”.
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