EUA recusam e atrasam vistos de membros da comitiva de Lula para reunião da ONU

15 setembro 2025 às 18h54

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O governo brasileiro elevou o tom contra os Estados Unidos após a recusa e o atraso na concessão de vistos para membros da comitiva que acompanhará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), marcada para o dia 23 de setembro, em Nova York.
A denúncia foi apresentada em uma reunião da ONU realizada na última sexta-feira, originalmente convocada para discutir o impedimento de entrada de representantes palestinos no território americano durante o evento.
Entre os casos pendentes está o do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, cujo visto ainda não foi concedido. A situação preocupa o Itamaraty, que vê na atitude americana uma possível violação do acordo de sede firmado com a ONU.
Marcelo Marotta Viegas, diretor do Departamento de Organismos Internacionais, afirmou que os Estados Unidos têm a obrigação legal de permitir a entrada de representantes dos 193 países membros da organização. Ele destacou que, caso os vistos não sejam liberados, o Brasil poderá solicitar um procedimento arbitral para análise da situação pelas Nações Unidas.
A crise ocorre em meio ao pior momento das relações entre Brasil e Estados Unidos. A recente condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal provocou reações negativas por parte do governo americano. Autoridades em Washington ameaçam impor novas sanções contra membros do governo brasileiro, com foco no ministro Alexandre de Moraes, relator do processo.
Fontes diplomáticas indicam que o governo Trump condicionou a retirada da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros ao arquivamento do processo contra Bolsonaro, o que não ocorreu. Como retaliação, vistos de outros integrantes da comitiva brasileira teriam sido revogados, incluindo familiares de ministros.
Apesar das tensões, o presidente Lula embarcará para Nova York no próximo fim de semana, com retorno previsto para o dia 25. Ele será responsável pelo discurso de abertura da Assembleia Geral, seguido pelo presidente dos Estados Unidos. A agenda inclui também participação em eventos sobre democracia, mudanças climáticas e a criação do Estado palestino.
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