Com o auditório da Câmara Municipal lotado, bandeiras de legendas de esquerda, com rostos de vereadores e siglas de movimentos sociais e de classe, o PT lançou, na manhã deste sábado, 3, a deputada federal Adriana Accorsi como candidata à Prefeitura de Goiânia. Com um vice indicado pelo PSB, cujas lideranças estaduais e municipais da sigla marcaram presença na convenção de hoje, Adriana concorrerá ao Paço Municipal com o apoio de sete legendas de esquerda e centro-esquerda, mas não esconde uma articulação em curso para tentar atrair outras siglas de fora de seu tradicional campo progressista.

A convenção partidária começou por volta de 9h, mas atingiu o pico de público após as 10h. ‘O auditório era para 300 pessoas, mas teve praticamente o triplo, juntando todo mundo lá fora e em pé”, disse um membro da equipe de Adriana Accorsi. Junto com a pré-candidata no palanque do auditório, representantes do PT, PCdoB, PV, Rede, Psol, PSB e PMB enalteceram Adriana Accorsi como uma candidata viável tanto da esquerda quanto “da sociedade como um todo”.

A aliança formada majoritariamente por legendas ligadas à esquerda, que anunciaram suas chapas de candidatos a vereador no evento de hoje, indica que a ideia da petista de “formar uma frente ampla”, com partidos de centro e centro-direita, pode ter ficado pelo caminho. No entanto, para a pré-candidata, o projeto vai continuar a aglutinar outro grupos.

“PMB e PSB em Goiás são partidos de centro. Eu acredito que nós ampliamos bastante, trazemos aí vários setores da sociedade, compondo essa aliança, e muitas lideranças de partidos e forças políticas que ainda não vieram, mas já estão com a gente, como a o ex-presidente do Cidadania que está aqui com a gente hoje”, declarou Adriana Accorsi à imprensa, e se referindo a Gilvane Felipe, atual presidente do Iphan indicado pelo grupo da petista.

Adriana falou também sobre as tentativas de puxar para seu projeto eleitoral o presidente da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), Bruno Peixoto (UB) e seu grupo, que hoje caminha com a base caiadista e vai bancar, inclusive, o pré-candidato do governo, Sandro Mabel (UB). “Com certeza tenho conversado com ele [Bruno], e será muito bem-vindo”.

Lula em Goiânia?

Ao lado de Adriana o tempo inteiro, o secretário-executivo da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Olavo Noleto, afirmou que a pré-candidatura da petista é uma das que mais animam Lula, mas que a presença física dele na campanha ainda é avaliada pela cúpula do governo.

O presidente Lula é Adriana. Quando ele me vê, só pergunta da Adriana, está empolgadíssimo, quer estar aqui com ela, mas no tempo da campanha, do jeito que for melhor […]. A presença do Lula nas capitais está sendo estudada pelo governo, pelo presidente. Mas a medida que ele vai participar que ele vai participar de algumas manifestações políticas e eleitorais pelo Brasil, uma das capitais prioritárias é Goiânia”.

O secretário disse ainda que Adriana Accorsi tem capacidade de aglutinar apoios de fora do campo progressista, e que “vai ter muito eleitor que não votou no Lula votando” na petista.

Adriana Accorsi em lançamento de candidatura na Câmara Municipal | Foto: Guilherme Alves

“Estratégia nacional” do PSB

Com aliança debatida há meses com Adriana, mas fechada somente no final desta semana, lideranças do PSB chegaram à convenção pouco depois das 11h. Elias Vaz, presidente estadual do partido; Vinicius Cirqueira, presidente municipal, e Jerônimo Rodrigues, pré-candidato a vice confirmado na chapa da petista, subiram no palanque com a pré-candidata e exataltaram a composição entre os dois partidos.

Ao Jornal Opção, Elias Vaz, que deu a palavra final para a aliança, atribuiu a demora para a confirmação do acordo partidário a uma “estratégia nacional” do PSB. “A articulação nas capitais passou por uma articulação nacional. Todas as definições de capitais aconteceram praticamente simultaneamente. Foi uma estratégia nacional do partido, um tratamento diferenciado com as capitais, mas aqui eu sempre disse que o natural era a reprodução da lógica da aliança nacional”, disse Vaz, que, nesta semana, deixou seu cargo no Ministério da Justiça e Segurança Pública para se dedicar às eleições municipais.

Ainda conforme o presidente estadual, “hoje, o debate está além da questão da esquerda”. “Temos que firmar um leque no campo democrático. Tenho certeza que aqui vamos conseguir ampliar bastante. A Adriana e o Jerônimo têm essa característica, simbolizam pessoas de diálogo. Pessoas que tendem ampliar além do nosso campo progressista. E o professor Jerônimo é uma pessoa experimentada, que tem uma bagabem importante e compromisso com a educação”, completou.