Câmara aprova a urgência para criação da bancada cristã
23 outubro 2025 às 18h21

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A Câmara dos Deputados deu um passo decisivo nesta quarta-feira, 22, ao aprovar, por ampla maioria, o regime de urgência para o Projeto de Resolução 71/25, que propõe a criação da bancada cristã no Legislativo. A proposta, assinada pelos deputados Gilberto Nascimento (PSD-SP) e Luiz Gastão (PSD-CE), líderes das frentes parlamentares evangélica e católica, recebeu 398 votos favoráveis e apenas 30 contrários.
Com a urgência aprovada, o projeto poderá ser votado diretamente no Plenário, sem a necessidade de passar pelas comissões da Casa. Segundo o texto, a bancada será composta por uma coordenação-geral e três vice-coordenadorias. Caso seja instituída, terá direito a voz e voto nas reuniões de líderes partidários e poderá se manifestar semanalmente por até cinco minutos no Plenário.
Com a urgência aprovada, o projeto poderá ser incluído na pauta de votação do Plenário a qualquer momento. A proposta promete acirrar ainda mais os debates sobre o papel da religião na política brasileira.
O deputado Luiz Gastão defendeu a proposta com base na representatividade religiosa da população brasileira. “A Constituição nos garante liberdade da manifestação da fé de todas as formas”, afirmou, destacando que mais de 80% dos brasileiros se identificam como cristãos.
A proposta, no entanto, gerou forte reação de parlamentares da oposição. A deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ), líder do partido, criticou o projeto por estabelecer “uma relação de aliança e preferência de natureza religiosa dentro da estrutura do Legislativo federal”, o que, segundo ela, fere o princípio da laicidade do Estado.
Ela comparou a iniciativa às bancadas feminina e negra, que existem como resposta a desigualdades históricas. “É papel, também previsto na Constituição, garantir igualdade entre homens e mulheres, também por políticas afirmativas, para corrigir a desigualdade histórica, que não tem a ver com religião”, declarou.
O deputado Mário Heringer (PDT-MG) também se posicionou contra a proposta, alegando que ela promove discriminação. “Quando nós fazemos essa escolha, nós estamos discriminando as outras religiões”, disse.
Já o deputado Otoni de Paula (MDB-RJ) defendeu a criação da bancada como uma forma de fortalecer o movimento conservador na Câmara. “Esse é o desespero: com a bancada cristã, o movimento conservador ganha força neste Plenário. Isso eles não querem”, afirmou.
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