Bolsonaro atacou a democracia a cada 23 dias de seu governo, diz estudo da FGV

15 janeiro 2023 às 09h40

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Levantamento feito pela Escola de Comunicação, Mídia e Informação (ECMI) da FGV e divulgado pelo jornal O Globo neste domingo, 15, aponta que Jair Bolsonaro (PL) fez um ataque aos Poderes e à legitimidade das urnas a cada 23 dias.
Esse número leva em conta o que aconteceu desde o início de 2020, quando o ex-presidente, que está sendo investigado em seu eventual envolvimento nos atos terroristas do último dia 8 em Brasília, adotou uma rotina explícita de ameaças contra a democracia.
Confira as quantidades e algumas das ameaças de Bolsonaro ao STF, Congresso e às eleições:
2020: 10 ameaças, sendo as mais destacadas:
25 de fevereiro: Compartilhou vídeos no WhatsApp convocando para protestos com ataques ao Congresso e ao STF, com frases como “vamos mostrar que apoiamos Bolsonaro e rejeitamos os inimigos do Brasil” e “vamos resgatar o nosso poder”
28 de maio: “Acabou, porra. Ontem foi o último dia” foi uma ameaça feita por Bolsonaro após uma operação da Polícia Federal contra empresários investigados por ataques ao Supremo. Na mesma data, um de seus filhos, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL), disse que se aproximava um “momento de ruptura”
17 de junho: Bolsonaro fez ataques ao STF em conversa com apoiadores: “Eu não vou ser o primeiro a chutar o pau da barraca. Eles estão abusando. (…) Então, está chegando a hora de tudo ser colocado no devido lugar”. No dia seguinte, com a prisão do ex-assessor Fabrício Queiroz, os ataques acabaram.
2021: 22 ameaças, sendo as mais destacadas:
7 de janeiro: No dia seguinte à invasão ao Capitólio por apoiadores de Trump, Bolsonaro previu roteiro semelhante no Brasil: “Se não tivemos voto impresso, uma maneira de auditar o voto, vamos ter problema pior que nos Estados Unidos”.
14 de maio: Durante cerimônia de governo, Bolsonaro atacou o Supremo por postura em relação a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e as urnas eletrônicas: “O bandido foi posto em liberdade, foi tornado elegível, no meu entender para ser presidente na fraude. Ele só ganha na fraude no ano que vem”.
7 de setembro: Em discurso na Avenida Paulista, Bolsonaro chamou as urnas eletrônicas de farsa e atacou o STF: “Qualquer decisão do ministro Alexandre de Moraes este presidente não mais cumprirá. (…) Acabou o tempo dele. Sai, Alexandre de Moraes, deixe de ser canalha”. Ameaçado por pedidos de impeachment, escreveu uma carta com desculpas dois dias depois.
2022: 14 ameaças, sendo as mais destacadas:
18 de julho: Durante apresentação a embaixadores, Bolsonaro acusou, sem fundamento, as urnas eletrônicas: “Por ocasião das eleições de 2018, o eleitor ia votar e simplesmente não conseguia. Ou apertava número 1 e depois ia apertar o 7 e aparecia o 3, e o voto ia para o outro candidato”.
7 de setembro: No bicentenário da Independência, Bolsonaro disse que “a história pode se repetir” após citar golpes militares de 1922, 1935 e 1964, e repetiu ameaças a outros Poderes: “Com a minha reeleição, nós traremos para as quatro linhas todos aqueles que ousarem ficar fora delas”.
30 de dezembro: No último pronunciamento de seu mandato, o ex-presidente afirmou que buscou “alternativas” para a posse de Lula: “Agora, certa medida tem que ter apoio do Parlamento, de alguns do Supremo, de outros órgãos, de outras instituições. (…) Você que quer resolver o assunto por vezes, você pode até ter razão, mas o caminho não é fácil”. Duas semanas depois, operação da PF encontrou minuta de um decreto presidencial contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na casa do ex-ministro Anderson Torres.
Já após sua derrota no pleito de outubro do ano passado, Bolsonaro mudou de estratégia e começou a recorrer a mensagens dúbias e enigmáticas nas redes sociais. Foram 112 publicações, no Facebook e no Twitter, entre os dias 31 de outubro de 2022 e 12 de janeiro de 2023.