Bolsonaristas doam pix a família do coronel Naime, preso por tentativa de golpe em 8 de janeiro

23 julho 2024 às 09h44

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O coronel Jorge Eduardo Naime, preso por tentativa de golpe em 8 de janeiro, está sendo ajudado por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Sua esposa, Mariana Fiuza Taveira Adorno Naime, está sensibilizando as pessoas pelas redes sociais dizendo estar com “dívidas urgentes que precisam ser pagas”. Enquanto réu, o policial não tem acesso a internet, no entanto sua imagem está sendo promovida como uma espécie de herói patriota.
No momento, a casa do casal está passando por uma reforma. A família vive em um imóvel de alto padrão de condomínio fechado em Vicente Pires, região administrativa do Distrito Federal. Jorge Eduardo Naime ocupava o cargo de chefe do Departamento de Operações (DOP) da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). Porém, em 8 de janeiro quando os terroristas invadiram e depredaram os prédios da Praça dos Três Poderes na intenção de promover um Golpe de Estado, Naime não ocupava mais a função de chefe.
O policial é acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de estar envolvido a frente dos atos antidemocráticos. Naime foi o primeiro policial militar da alta cúpula da PMDF a ser preso pelas investigações de oito de janeiro.
Depois do quebra-quebra em Brasília, a imagem do coronel começou a ser cultivada como ícone da direita por conta de mobilizações de políticos apoiadores que sempre faziam referência a ele como o policial evangélico que foi preso pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Enquanto preso, Jaime recebeu apoio de 19 senadores e deputados federais que apresentaram requisitos à CPMI dos Atos Antidemocráticos apelando pela liberdade do criminoso. Quando solto, a parlamentar Bia Kicis (PL-DF) comemorou chamando Jaime de “coronel honrado”. Nikolas Ferreira (PL-MG) promoveu um documentário que defende o policial.
Os pedidos de ajuda financeira começaram a ser feitos após o salário do coronel ser suspenso pelo STF em agosto de 2023. Mariana, esposa do policial, declarou nas redes sociais que tal decisão seria “tortura psicológica”. A chave pix (CPF) que a esposa disponibilizou online é a mesma que Jaime usava para receber valores investigados pela PGR. No período entre março de 2022 e fevereiro de 2023, o policial recebeu pelos menos 10 depósitos em dinheiro somando no total cerca de R$ 50.900.
A PGR considerou em documento que “é possível que Jorge Eduardo Naime Barreto utilize uma conta bancária da esposa Mariana Fiuza Taveira Adorno para obtenção de valores indevidos”. O texto ainda revela que o militar tinha relações econômicas ilícitas como um homem de nome Sérgio Assis. Como, por exemplo, no caso que teria usado da estrutura pública da polícia para transportar R$ 1 milhão em favor de Sérgio.
A Associação dos Oficiais da PMDF (ASOFPMDF), antes presidida por Naime, também recolheu dinheiro de vários colaboradores da corporação. Houve uma campanha com pedido especial por vídeo feito pela Cristiane Caldeira, tesoureira da ASOFPMDF e o coronel Leonardo Moraes, presidente da Asof, afirmam que o dinheiro foi “destinado totalmente aos familiares para manutenção das famílias”.
Jorge Eduardo Naime atualmente é réu, responde processo em liberdade provisória, cumpre medidas cautelares com tornozeleira eletrônica e foi suspenso de sair do DF e usar redes sociais. O processo está no período de diligências para coleta de provas. Logo terá início das considerações finais e depois a sentença. Outros seis policiais também respondem ao mesmo inquérito.
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