Balanço da gestão Rogério Cruz no comando de Goiânia
03 março 2024 às 00h15
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Há exatos 1.143 dias o então vice-prefeito Rogério Cruz (Republicanos) assumiu a chefia do maior e mais rico município de Goiás, a capital Goiânia. Era 15 de janeiro de 2021, dois dias após a morte de Maguito Vilela (MDB), por decorrência da Covid-19. Naquele período, todo o Brasil e o mundo enfrentavam uma das maiores crises sanitárias, a pandemia de Covid-19, quando todas as cidades precisaram fazer lockdown.
Mas, sob a sombra de um mandato herdado, Rogério precisou afirmar sua liderança. Entretanto, o desafio era gigantesco em substituir e manter o ritmo do trabalho de Iris Rezende e corresponder à altura a figura de Maguito, ambos figuras emblemáticas do MDB. Para se ter ideia, quando Iris concluiu e deixou o seu quarto mandato como prefeito de Goiânia, anunciou aos quatros cantos que os cofres da Prefeitura contavam com mais de R$ 1 bilhão. Em entrevistas na época, ele enfatizou que havia feito uma gestão focada no equilíbrio financeiro e no investimento em áreas críticas como saúde, educação e infraestrutura.
Assim, mesmo com o período de pandemia, a administração do experiente emedebista ficou marcada por um período de recuperação econômica e investimentos estratégicos, que estabeleceu um legado de responsabilidade fiscal e desenvolvimento que se tornou um desafio para o seu sucessor em manter e expandir esse legado. Nos últimos dias de mandato, Iris ressaltou que parte dos recursos eram para as conclusões de importantes e grandes obras espalhadas pelo município.
Acerca da infraestrutura, algumas obras importantes não foram concluídas, anota o cientista político Pedro Araújo. O especialista acentua que agora há tentativas de se acelerar obras à medida que aproxima-se o período eleitoral. “Nós estamos vendo que próximo do período de eleição há alguns pontos de construção de terminais, de vias, de transportes não concluídos como prometidos, o que seriam feitos antes do período eleitoral e isso está sendo feito agora, meio que próximo das eleições, para se ter obras para entregar até quando o calendário eleitoral permitir”, aponta.
“Por ter sido vereador, isso pode ter salvado um pescoço dele em algumas situações”
Camila Romero, cientista política
Sob o comando de Rogério Cruz, Goiânia testemunhou o lançamento de programas ambiciosos como Goiânia Adiante, Cidade Inteligente e revitalização do Centro da Capital, que se implantados, embora com críticas de urbanistas, iriam, em parte, modernizar a infraestrutura urbana e melhorar a qualidade dos serviços públicos. No entanto, a Prefeitura tem enfrentado dificuldades para transpor a barreira entre o planejamento e a execução efetiva desses programas. Isso evidencia um desafio recorrente da gestão municipal de realizar e entregar benefícios concretos à população. Prova disso, a prestação de serviços básicos, como se constatou na crise da coleta de lixo e investigação na Câmara de Vereadores da Companhia de Urbanização (Comurg), que no fim não resultou em responsabilização de ninguém.
“A descontinuidade de projetos prejudica a imagem do prefeito. A questão da revitalização do Centro vai ser um tema debatido durante a campanha eleitoral. É um problema de décadas e que o fato do prefeito não ter conseguido a execução deste projeto de uma forma efetiva, isso será explorado pelos seus adversários. Uma vez que a região sempre vem perdendo imóveis residenciais e também comerciais. Há ali uma diminuição da densidade de pessoas. Alguns imóveis vazios para fins de habitação e um número crescente de imóveis vazios para fins comerciais. Isso é bastante prejudicial para aquela região. E o fato de não ter alcançado a efetividade do projeto para alavancar a região central da cidade se tornou um ponto negativo para imagem do prefeito e, com certeza, seus adversários irão explorar isso muito bem”, prevê o cientista político.
Além da problemática do Centro, a equipe de Rogério Cruz não consegue concluir as obras do corredor Norte/Sul, o BRT. Procurada pelo Jornal Opção, a Prefeitura, por meio de nota, respondeu que houve continuação nos projetos da administração do ex-prefeito e em seguimento do plano de governo que deu diretrizes à então campanha eleitoral de 2020. “A gestão do prefeito Rogério entregou todas as obras deixadas pela gestão anterior, de Iris Rezende, faltando apenas o BRT que está em fase de conclusão. As ações realizadas e em andamento seguem o plano de governo apresentado nas eleições de 2020, junto a Maguito Vilela”, cita trecho do documento. A resposta a outras demandas está no final desta reportagem.
“O rompimento do MDB com o Rogério Cruz trouxe uma certa instabilidade à governabilidade do prefeito.
Pedro Araújo, cientista político
Debandada do MDB
Diante de mudanças bruscas na administração em menos de três meses do início do mandato, resultou no rompimento do MDB sob o comando de Daniel Vilela – hoje vice-governador de Goiás, com a gestão Rogério Cruz. Em abril de 2021, o partido entregou 14 secretarias. O que revelou o dinamismo e a complexidade das alianças e antagonismos políticos em Goiânia. Mas isso não parou por aí, pois com a chegada de grupos de outros entes federados, principalmente de Brasília, para ocupar os primeiros e segundos escalões, gerou novas crises.
Na ocasião, Euler Morais, então secretário de Relações Institucionais, deu o tom da insatisfação emedebista com o início da gestão de Rogério. Segundo ele, houve desconsideração tanto com o MDB quanto com o legado de Iris Rezende, devido à suspensão de contratos de asfaltamento e solicitação de auditoria em contratos desde 2017. Morais citou ainda a dissolução unilateral de um conselho político e a exoneração de secretários sem diálogo prévio, que foram vistas como influências religiosas e monopólio na comunicação.
Pedro Araújo recorda o que significou o cisma entre emedebista e o prefeito. “O rompimento do MDB com o Rogério Cruz trouxe uma certa instabilidade à governabilidade do prefeito. Até porque a chapa eleita era encabeçada pelo MDB e por uma das lideranças históricas do MDB, que foi governador, prefeito e senador: Maguito Vilela. Então, você teve uma quebra de credibilidade”, pontua.
“Embora, estivesse entrando um político, que apesar de ter sido vereador em Goiânia, não tinha o peso, a história do Maguito Vilela na política local e estadual. E isso gerou um ruído, comprometendo as articulações com a Câmara de Vereadores e a relação do prefeito com o Parlamento, que não foi positiva, não foi tão boa no decorrer do mandato dele. Teve uma série de problemas, de ruídos e a falta de se ter o partido da capilaridade do MB aqui na capital prejudicou sim. Ele [Rogério] tentou se reorganizar, se reestruturar, fazer todo um realinhamento partidário, da composição, de correlação de forças e mesmo assim durante a gestão muitas crises ocorreram”, acrescentou.
Trata com a Câmara
Para Pedro Araújo, a relação do prefeito Rogério Cruz com a Câmara Municipal não foi das melhores. Segundo ele, até hoje há uma série de dificuldades. O exemplo mais recente é a autorização do pedido de empréstimo de R$ 710 milhões junto ao Banco do Brasil. “A experiência de Rogério Cruz como vereador criou uma expectativa de que ele teria um traquejo melhor com o legislativo municipal. Contudo, enquanto chefe do Poder Executivo, muitas vezes quando há esta troca de papel, há um pouco de dificuldade para exercer a liderança de construir uma coalizão de apoio ao governo municipal dentro do Parlamento, apesar de conhecer todos os meandros de como gerir uma coalizão. Assim, sua gestão ficou a desejar, muito por conta, acredito, de sua incapacidade de liderança política”, opina.
Vale considerar que a própria relação entre Rogério e o presidente da Câmara Municipal, Romário Policarpo, sempre foram de altos e baixos. O último episódio foi com o fim do Grupo de Apoio ao Prefeito (GAP), criado pelo marqueteiro e presidente municipal do PRD (função dos antigos Patriota e PTB), Jorcelina Braga, que após desentendimentos desistiu de seguir como conselheiro de Cruz.
O especialista acentua que a falta de articulação com os vereadores prejudicou significativamente sua administração. “O problema foi, portanto, como utilizar esses recursos de gestão de coalizão, que não foram bem aplicados. Tentou se fazer uma distribuição de cargos, essa é uma das formas, foram mais de uma vez, com tentativas de colocar políticos experientes no primeiro escalão da Prefeitura de Goiânia para desempenhar o papel de mediador, a exemplo Jovair Arantes. Tudo para ver se melhorava a relação com a Câmara de Vereadores. Mas, mesmo assim, neste mandato foi problemático e ficou aquém das expectativas, por conta da experiência do prefeito em trajetória política”, examina.
A cientista política Camila Romero, por outro lado, compreende que a passagem de Rogério pela Câmara foi fundamental para que ele conseguisse contornar algumas crises. “Eu acho que o prefeito iniciou o mandato com um grande desafio. Talvez um desafio inédito, que foi governar, exercer um mandato que ele não foi eleito para isso. E eu acho que a experiência dele no legislativo municipal tenha sido talvez o grande trunfo”, assinala. “Por ter sido vereador, isso pode ter salvado um pescoço dele em algumas situações”, emenda.
“Ele [Rogério], em alguns momentos, principalmente nessa segunda metade do mandato, procurou intensificar essa barganha política. Claro que isso de uma maneira mais intensa na segunda metade do governo, mas desde o início, ele vem fazendo algumas sinalizações, tendo alguns comportamentos que demonstram uma certa necessidade de busca de apoio junto aos vereadores,” evidência.
A especialista entende que a experiência de Rogério como vereador o fez compreender que não se governa apenas “na canetada”. “Como chefe do executivo, precisa obviamente ter o apoio de políticos, no caso, da sua base parlamentar na Câmara dos Vereadores”, destaca. “Talvez, tenha lhe faltado certamente a experiência no Executivo, de como conduzir a governança deste poder,” realça.
Para Camila, a subsequente debandada do Paço de nomes próximos ao então prefeito eleito Maguito Vilela e ao filho dele, Daniel Vilela, fez com que Rogério Cruz promovesse uma significativa mudança no primeiro escalão, quando levou para a administração muitas pessoas desconhecidas da classe política de Goiânia. “Muitas dessas novas contratações vieram de Brasília, o que indicou a falta de quadros locais que Cruz poderia convocar para ocupar altos cargos na prefeitura. Essa importação de nomes, segundo alguns, estaria ligada ao partido de Cruz [Republicanos], sugerindo que essas nomeações foram indicações partidárias”, relembra.
“Essa situação gerou uma dissonância entre as ações do executivo e as demandas dos vereadores, tornando-se motivo de reclamação. Durante seu mandato, Cruz tentou realizar várias reformas no primeiro escalão do governo para acomodar indicações de vereadores e seus grupos, aderindo à prática conhecida de barganha política — a troca de cargos executivos por apoio legislativo”, mencionou a cientista política.
Camila recupera a questão da derrota da esposa de Rogério, Thelma Cruz. “A não eleição da esposa de Cruz para deputada estadual em 2022 marcou um ponto de inflexão, levando a uma revisão de sua estratégia política e de comunicação, possivelmente em busca de maior projeção na sociedade e melhor vinculação com políticos e grupos locais. Esse episódio refletiu uma possível fragilidade política e de apoio, destacando também o fato de Cruz ser relativamente neófito e inexperiente na política local, dominada por grupos e máquinas partidárias estabelecidas”, compara.
A especialista cita que faltou uma marca distintiva para o governo de Rogério Cruz, embora ela reconheça que ele não construiu o atual mandato desde o início. “Ele assumiu em circunstâncias emergenciais, em meio à pandemia, o que exigia dele uma criatividade e uma habilidade política significativas para construir uma base sólida que assegurasse uma maioria. Conseguir uma maioria coesa no Legislativo desde o início é um desafio para qualquer governo, a menos que já se tenha uma maioria esmagadora, algo raro nos dias de hoje quando o Legislativo não está mais tão submisso ao Executivo, tanto em âmbito federal quanto local”, pontua.
Neste contexto, segundo ela, no último ano, Cruz empenhou-se em realizar reformas administrativas para acomodar um leque de partidos em sua base e reconheceu que quanto mais apoio de legendas, mais diversificadas seriam as demandas e mais difícil a conciliação de interesses. “Embora esse esforço seja necessário, ele por si só não garante popularidade. Comparando com prefeitos anteriores, conhecidos por seu carisma e respaldados por figuras políticas de renome, Rogério Cruz assumiu a Prefeitura sem essa bagagem e teve que enfrentar o desafio de gerir uma grande cidade sem experiência prévia nesse tipo de governança”, relaciona.
Perspectiva de reeleição
Pedro Araújo considera em uma possível tentativa de reeleição de Rogério Cruz o poderio da máquina pública da Capital a favor do prefeito. Para ele, a Prefeitura pode, de fato, ajudar em uma candidatura, mas faz ponderações de que apenas isso não será suficiente para a vitória. O especialista sublinha que houve levantamentos que mostram a avaliação da gestão de Cruz com índices em torno de 30%. “Um número que ele considerou alto, ao avaliar a tendência de polarização e a percepção negativa geral da população sobre certos políticos. Contudo, essa porcentagem não se traduz automaticamente em votos. Não significa que ao aprovar a gestão, o eleitorado votará em Rogério Cruz, especialmente considerando os demais candidatos”, compara. “A máquina pública pode contribuir para diminuir essa baixa avaliação pessoal que ele tem até agora”, arremata.
“Agora, ele vai aparecer mais na mídia, com entregas de obras e algumas aparições relacionadas a políticas públicas, seja de regularização fundiária seja de planejamento urbano, que porventura esteja sendo implementado. Mas, mesmo assim, ele vai precisar de um pouco mais. A máquina pública pode ajudar, mas, reforçando, não sei se será o suficiente para ele conseguir a reeleição. Ele vai precisar muito da máquina para poder conseguir aumentar a intenção de votos, que são baixas conforme indicam as atuais pesquisas eleitorais. É preciso lembrar que ainda estamos distantes das eleições, então as pesquisas obviamente não serão os resultados das urnas ou mesmo próximos dos resultados, mesmo dos levantamentos de institutos que conseguiram manter índices próximos de resultados das urnas dos últimos anos. Então, ele tem um tempo para poder melhorar sua imagem perante o eleitorado e conseguir ampliar a intenção de votos, um aspecto crucial para quem busca a reeleição”, explana.
Camila considera que, recentemente, Rogério tem buscado maior visibilidade, ao realizar mutirões – uma estratégia remanescente da gestão de Iris Rezende – e melhorias na infraestrutura, como o asfaltamento de muitas ruas em várias regiões. “No entanto, não está claro se essas iniciativas alcançaram toda a cidade. Tais ações podem ser benéficas e render vantagens eleitorais, mas ele enfrentará uma eleição altamente competitiva. O apoio de grandes líderes nacionais, como Bolsonaro – deixando Lula de lado por razões óbvias – poderia ser um diferencial, mas parece que o apoio pode convergir para outros candidatos, potencialmente limitando suas chances”, comentou.
Balanço do Paço sobre os mais de mil dias de gestão
De acordo com a Prefeitura, houve um forte compromisso com a saúde pública da Capital, quando foram investidos percentuais acima do mínimo constitucional de 15% exigido. São citados que nos anos de 2021, 2022 e 2023, os investimentos foram respectivamente de 20,92% (R$ 806.888.310,24), 16,14% (R$ 726.434.141,22) e 21,13% (R$ 1.073.331.250,84).
Para a gestão, o aumento no financiamento permitiu significativas melhorias na infraestrutura e na rede de atendimento, com a revitalização de 43 unidades de saúde e outras 15 atualmente em processo de revitalização.
Acerca das epidemias de doenças, o Paço garante que implementou programas estratégicos para combater problemas específicos e melhorar o acesso aos serviços de saúde. Além do combate ao mosquito Aedes aegypti, vetor de doenças como dengue, zika e Chikungunya. Para tanto, conforme o Paço, foram intensificadas as visitas a mais de 7 milhões de imóveis e a instalação de armadilhas, com planos para a aquisição de mais 8 mil.
No setor, a gestão lembra que foi criado o programa “Goiânia Sempre Rosa”, que zerou a fila de espera para exames de mamografia e biópsias com agulha. Outros programas, o “Saúde Mais Perto de Você” e o “Intensifica Saúde Goiânia”, também foram os destaques apresentados pela Prefeitura à reportagem. O primeiro é citado por realizar mais de 17 mil atendimentos desde seu lançamento e o segundo ao proporcionar mais de 132,5 mil atendimentos em Atenção Primária em Saúde. Adicionalmente, é comemorado os serviços de urgência e emergência com mais de 3 milhões de atendimentos tanto o público infantil quanto o adulto.
No quesito educacional, a equipe de Cruz pontua que a cidade avançou do 9º para o 4º lugar no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Essa ferramenta acompanha as metas de qualidade para a educação básica dos anos iniciais do ensino fundamental em todo o Brasil. Um dos destaques apontados foi o aumento no número de escolas em tempo integral, que atualmente são 45 unidades e sanar 4 mil vagas de déficit histórico de vagas em creches.
“A administração atual inaugurou nove unidades de educação: Cmei Dom Antônio Ribeiro, Cmei Dona Ramila, Cmei Nion Albernaz, Escola Municipal Donata Monteiro, Cmei Ceasa, Cmei Vila Areião, Cmei João Pedro Calembo, Cmei Silvia Praxedes e Escola Municipal de Tempo Integral Professora Marlei Garcia. Processos licitatórios de 12 obras paralisadas em gestões anteriores estão em conclusão”, informou por meio de nota, a assessoria de imprensa do Paço.
“Foram destinados mais de R$ 64 milhões para reformar todas as unidades de ensino de Goiânia, além de garantir a valorização dos servidores, professores e administrativos, com o pagamento do piso nacional e de quatro datas-base, beneficiando 18 mil servidores, além de pagar ajuda de custo em 2022”, acrescentou o comunicado.
O documento enumerou ainda a distribuição de kits de uniformes para todos os estudantes e a entrega de 80 mil kits de materiais escolares para alunos do Ensino Fundamental e da Educação de Jovens e Adultos. Para a merenda escolar, é ressaltado que houve um reajuste de 264% no valor investido em comparação com o aplicado pelo governo federal, além de alocar R$ 32 milhões para kits de alimentação.
Na questão da moradia popular foi detalhado alguns programas para famílias carentes. “A gestão do prefeito Rogério lançou, em 2023, o programa Casa da Gente, uma reformulação do Programa Municipal de Habitação de Interesse Social, com objetivo de ampliar o número de pessoas beneficiadas e a política habitacional da capital. O programa prevê a doação de lotes de propriedade do município a famílias carentes da capital. Essa alteração tem por objetivo adequar o programa habitacional do município à Medida Provisória nº 1162/2023, do governo federal, que trata da retomada do Programa Minha Casa Minha Vida, e que inclui famílias residentes em áreas urbanas com renda de até R$2.640 na Faixa 1 do programa”, apresenta.
Porém, sobre habitação, conforme noticiou o Jornal Opção no final do ano passado, um outro programa de financiamento pela Caixa Econômica Federal (CEF), para a construção de 1,6 casas em Goiânia, está com o projeto de lei para alteração da legislação de Interesse Social, no intuito de isentar áreas no município para este fim. Todavia, a proposta está parado na Câmara Municipal, o que pode comprometer a concretização da construção dessas moradias devido aos prazos estabelecidos pelo governo federal. Enquanto isso outros municípios, como Trindade e Aparecida de Goiânia, conseguiram superar em 2023 o critério de regularização de áreas.
Foi adicionado também no contexto de habitação e assistência social que a implantação pela Prefeitura do projeto Hospedagem Social, ao fornecer 3,3 mil estadias para pessoas em vulnerabilidade durante a pandemia, quando é apontado que mais de 2,2 mil pessoas em situação de rua foram assistidas. Outra iniciativa foi em relação ao IPTU Social – programa que foi citado pelo cientista político Pedro Araújo. Neste item, a gestão ressalta que famílias carentes tiveram isenção do imposto, desde que tivesse imóveis de valor venal até R$ 157 mil em 2024. Ao todo, progressivamente, de 13 mil a 85 mil famílias de 2021 a 2024 foram beneficiadas, com o município abdicando de arrecadar mais de R$ 42 milhões em receitas.
Em relação à infraestrutura, a administração municipal especificou que houve investimentos de R$ 200 milhões em obras de drenagem e sete grandes obras de construção de rede de drenagem e pavimentação estão em andamento. Embora a cidade tenha registrado aumento de locais com alagamentos. Conforme a Prefeitura, foi elaborado o primeiro Plano Diretor de Drenagem Urbana (PDDU), em parceria com a Universidade Federal de Goiânia (UFG). O documento é um planejamento estratégico e integrado para no longo prazo resolver os problemas urbanos. Assim, já teriam tido intervenções em mais de 70 dos 99 pontos de alagamento mapeados pela Defesa Civil.
Para além de ações focadas em drenagem, o Paço elenca a conclusão e a construção de cinco viadutos, dos quais quatro já foram entregues, e da recuperação e construção de duas pontes, para facilitar a mobilidade urbana. No âmbito do transporte público, a gestão relembra que foram entregues três novos terminais (Isidória, Paulo Garcia e Hailé Pinheiro) e de 31 estações do trecho 2 do BRT.
A Secretária de Comunicação municipal foi indagada sobre o atraso da obra completa do BRT. A pasta respondeu que há uma nova data de entrega de todo o trecho. “A gestão do prefeito Rogério assumiu o compromisso de entregar o BRT em funcionamento até julho deste ano. A conclusão da maior obra de mobilidade urbana da história de Goiânia, iniciada em 2015 e com paralisações recorrentes nas últimas duas gestões, é uma das prioridades da atual administração. Os esforços passam também pelo diálogo e fiscalização para que o consórcio responsável pelas obras cumpra os prazos contratuais”, cita trecho da nota. Vale ressaltar que já foram vários os agendamentos e adiamentos de conclusão desta obra, que atualmente consomem mais recursos públicos, por meio de aditivos financeiros aos contratos.
Paralelamente a isso, a administração informa que instalou mais de 45 mil pontos de iluminação LED, que corresponde a 25% da cidade. Acerca dos programas de pavimentação, foi destacada para a reportagem que foram incluídos mais de 1.200 km de asfalto novo, executados por meio dos programas 630 km, 500 km – metas de pavimentação – e administração direta.
Valorização dos servidores
Como valorização dos servidores públicos, a Prefeitura lista vários benefícios. Dentre as quais: o pagamento da data-base atrasada referente aos anos de 2020 a 2023, além do retorno do pagamento do quinquênio, que beneficiou mais de 38 mil servidores. Além de adicional de 10% sobre o salário-base a cada cinco anos de serviço. E para mais de 22 mil servidores houve progressões horizontais de valorização do tempo de serviço e desempenho.
Na saúde, conforme a gestão Rogério, mais de três mil servidores, com inclusão de ampla gama de profissionais, receberam progressões horizontais em 2022, estendido também aos aposentados em atividade. O que ocorreu também na educação, quando os professores receberam um aumento salarial de 15% em 2022, além de ajustes nas gratificações de diretores e secretários escolares. O cumprimento do piso nacional, com reajustes significativos para os anos mencionados, e a implementação de ajuda de custo beneficiaram todos os servidores da educação.
“Os professores temporários também foram beneficiados com o retorno do quinquênio e auxílio locomoção, este último estendido também aos administrativos, que antes tinham acesso somente ao vale transporte. Em 2022, o prefeito sancionou planos de cargos, carreiras e vencimentos dos administrativos e operacionais, carreira do setor de educação, auditores, procuradores, guardas civis, e concessão de benefícios”, acentua.
Promessas de campanha
Pedro Araújo revisa algumas promessas da chapa Maguito/Rogério. Ele destaca alguns avanços e pendências da gestão em áreas importantes, como a isenção do IPTU para famílias em vulnerabilidade econômica durante a pandemia de Covid. Entretanto, é preciso lembrar que houve a conjuntura adversa do reajuste dos impostos sobre propriedades de imóveis, como uma das inúmeras alterações promovidas pela reforma do Código Tributário aprovada no Legislativo.
Na Educação, Araújo cita o aumento de vagas escolares para crianças de quatro a cinco anos. Contudo, para ele, na Saúde, a criação de centros de especialidades médicas não atingiu todas as áreas como previsto. Nesta área, a gestão é lembrada pelos desgastes com os atrasos de repasses para instituições que gerem as três maternidades de Goiânia: Dona Iris; Célia Câmara; e Nascer Cidadão.
Acerca do plano de governo que direcionou a então campanha eleitoral de 2020, a comunicação do município reportou que a gestão cumpre os compromissos acordados com os goianienses. “Em cumprimento ao plano de governo que previa o fortalecimento da segurança pública por meio da Guarda Municipal, foram adquiridos novos equipamentos, viaturas, armamento, fardamento e treinamento de agentes, reformadas bases operacionais, além da instalação de 250 câmeras de alta resolução em locais estratégicos, como parques, praças, ruas movimentadas”, cita.
Nesta área, a nota ressalta o número de mais de 500 mil atendimentos de ocorrências proativas e reativas e R$ 15 milhões em investimentos em equipamentos do Centro de Controle Integrado (CCI), além da assistência a mais de 1,8 mil mulheres com medidas protetivas. “As prerrogativas da GCM também foram ampliadas, incluindo fiscalização de trânsito”, cita.
Ainda sobre o setor da saúde, com base no plano de governo, é aludido que a gestão inaugurou três novos Centros de Saúde da Família e desenvolveu o Centro de Especialidades Pediátricas e introduziu Unidades Móveis de Saúde e o Prontuário Eletrônico.
No campo das políticas públicas voltadas para idosos e pessoas com deficiência, a atual administração faz referência a inauguração do primeiro “Centro Dia do Idoso”, que promove a inclusão dessa população. Nos direitos humanos, são elencadas as iniciativas para a emissão da carteira do autista e ações de capacitação profissional focadas em diversos grupos sociais, como pessoas PCD e o público LGBTI+.
Sobre a sustentabilidade foi evidenciado a inauguração de sete parques públicos e plantio de mais de 380 mil árvores, por meio do Programa ArborizaGyn e do Disque-Árvore, para plantio de árvores em calçadas de residências. Contudo, nos últimos anos o município sofreu desgastes ao autorizar o corte de árvores em canteiros, praças e calçadas da cidade.
Ao considerar a conjuntura política e administrativa, o futuro de Goiânia se desenha em meio a essas ações e reações, com Rogério Cruz sempre com aceno que buscará a reeleição e consolidar o próprio legado para enfrentar as urnas, desta vez como cabeça de chapa. Os cidadãos goianienses, por sua vez, esperam respostas efetivas que resolvam as necessidades urbanas e sociais imediatas, que possam delinear o caminho para um desenvolvimento equilibrado de prosperidade para a Capital.
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