Assembleia de Goiás deve enviar R$ 41 milhões para ajudar na crise da saúde de Goiânia
04 dezembro 2024 às 10h20
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O presidente da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), Bruno Peixoto (UB), declarou a intenção de destinar R$ 41 milhões para a reforma de unidades de saúde em Goiânia, durante reunião com o prefeito eleito Sandro Mabel (UB) e deputados estaduais. A iniciativa depende da saída do estado do Regime de Recuperação Fiscal (RRF) e de autorização para ampliar o teto orçamentário. O montante seria devolvido ao Executivo por meio do duodécimo da Alego, priorizando melhorias na infraestrutura de saúde da capital, que atende pacientes de todo o estado.
Na ocasião, Sandro Mabel destacou a crise no sistema de saúde municipal, citando a falta de leitos de UTI e desafios herdados da gestão anterior, como a recente prisão do ex-secretário de saúde Wilson Pollara. O prefeito eleito também solicitou apoio dos parlamentares, sugerindo que parte das emendas impositivas fosse direcionada à capital para investimentos em equipamentos, medicamentos e na contratação de profissionais de saúde.
Bruno Peixoto ressaltou que a proposta de destinar R$ 41 milhões reflete uma união entre os 41 deputados estaduais para colaborar com Goiânia. No entanto, apontou que a execução depende de fatores externos, como a aprovação de mudanças fiscais em Brasília. Ele também observou que muitos parlamentares já alocaram emendas para suas bases eleitorais, o que pode limitar contribuições adicionais significativas à gestão municipal.
Apesar dessas limitações, membros da equipe de transição de Sandro Mabel ficaram responsáveis por indicar demandas prioritárias que poderiam ser contempladas pelas emendas estaduais. A articulação entre os poderes busca aliviar a crise na saúde de Goiânia, reforçando o diálogo e a cooperação institucional como ferramentas para superar as dificuldades.
Crise na saúde de Goiânia
A Saúde em Goiânia vem sofrendo com problemas há meses. Falta de ambulâncias no SAMU, falta de médicos em UPAs e Cais e, recentemente, falta de leitos de UTI. A atenção básica na capital vem sofrendo com falta de dinheiro, profissionais e insumos, o que faz a população ficar horas nas filas aguardando atendimento, enquanto outros morrem nas filas.
Nas últimas duas semanas a crise chegou ao seu pico quando ao menos quatro pessoas morreram enquanto aguardavam transferência para Unidades de Terapia Intensiva (UTI) na capital. Isso fez com que a equipe de transição do prefeito eleito, Sandro Mabel, organizasse reuniões extraordinárias para discutir a crise.
No encontro, que contou com a presença do Secretário Estadual de Saúde, Rasível Santos, o então Secretário Municipal de Saúde, Wilson Pollara, e membros da equipe de transição, ações imediatas foram definidas para tentar sanar, mesmo que temporariamente, o problema da falta de leitos na capital. Após a reunião, Sandro Mabel afirmou que ao menos 30 leitos de UTI seriam abertos nos próximos dez dias.
Entretanto, dois dias após a reunião, uma operação do Ministério Público de Goiás (MPGO) bateu na porta de Pollara do secretário executivo da Saúde, Quesede Ayres Henrique, e do diretor financeiro, Bruno Vianna Primo. Eles foram detidos e conduzidos à Casa do Albergado suspeitos de associação criminosa e pagamento irregular em contrato administrativo no âmbito da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
As prisões fizeram com que o prefeito Rogério Cruz, já desgastado desde o início de sua gestão, voltasse a aparecer publicamente em coletiva de imprensa para “explicar” suas ausência e indicar uma secretária interina, que talvez fique até o fim da gestão.
O desaparecimento de Cruz durante a crise sanitária mostrou, mais uma vez, seu despreparo a frente da Prefeitura. A gestão de Rogério foi marcada por escândalos. Na Comurg, uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) foi implantada para investigar a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg). A CEI, por si só, foi o início de um desgaste maior do prefeito que não conseguiu se reeleger, figurando na penúltima posição nas eleições deste ano.
O desgaste de Cruz só não foi maior pois Pollara, preso por suspeita de desvios, havia pedido para que o Hospital Jacob Facuri adiasse a suspensão de novas internações do SUS nas UTIs neonatal e adulto por falta de pagamentos para depois das eleições. O então secretário, agora detido, assumiu o pedido em entrevista exclusiva ao Jornal Opção, em outubro.
Hoje, a dívida da Prefeitura de Goiânia com hospitais particulares e filantrópicos ultrapassa os R$ 250 milhões, aponta levantamento do Ministério Público de Goiás (MPGO). O acúmulo de dívidas da Saúde da capital e a quebra de contratos gerou acolhimento de leitos de UTI e de enfermaria.