Após debandada de prefeitos, PL deve perder deputado estadual para base de Caiado e Daniel
07 outubro 2025 às 18h34

COMPARTILHAR
Depois de expressivas derrotas nas eleições municipais de 2024, o Partido Liberal (PL) viu mais de uma dezena de prefeitos abandonar o barco e se reorganizar em torno da base de Ronaldo Caiado (UB) e do vice-governador Daniel Vilela (MDB). Além da perda de mandatários municipais, o partido deve perder, também, uma das cadeiras na Assembleia Legislativas de Goiás.
Decano da Casa, o deputado estadual Paulo Cezar Martins (PL), vem, há algum tempo, demonstrando forte insatisfação com os rumos do partido e abriu diálogo com o vice-governador Daniel Vilela (MDB). Sem espaço na atual legenda, o parlamentar reclama que nunca foi chamado para reuniões que discutiram o planejamento da sigla, dos diretórios ou para a criação de planos de trabalho para saúde, educação e infraestrutura. “Nunca fui convidado e faço parte da família do PL há três anos”, diz.
O parlamentar afirma que chegou a se sentir “convidado a sair do partido”, após perceber que havia resistência à sua permanência no PL.
“Algumas pessoas que querem se filiar ao partido, mas não querem disputar a eleição comigo, mandaram uma pessoa em nome do partido para mostrar pra mim que nós tínhamos que discutir os critérios para candidatura a deputado estadual. Eu subentendi e falei: ‘você não tá tendo coragem de pedir pra mim sair do partido, mas eu me senti convidado a sair’.”
Desorganização e falta de liderança
Além do tempero político, o parlamentar reclama da falta de coordenação e liderança que comprometeu, inclusive, o desempenho eleitoral no último pleito. “Tivemos uma candidatura muito desordenada, muito bagunçada. Isso causou problemas, inclusive na aplicação da cota de gênero”, exemplifica. A legenda garantiu no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a manutenção da chapa de deputado estadual após a corte eleitoral arquivar o pedido de cassação da chapa por fraude na cota de gênero. “Houve falhas, mas irregularidades não”, comenta.
Em meio a crise interna no PL, Martins, que mantém boa relação com o vice-governador, de quem foi correligionário, se encontrou com Vilela nesta terça-feira, 7. “Houve uma visita com o Daniel, que me chamou para conversar, e eu abri a porta para poder viabilizar isso, porque se o meu partido não quer que eu fique, então eu tenho que procurar outra posição para mim”, comenta.
Martins relembra os tempos de MDB e diz que Daniel Vilela é um nome fácil para a disputa da reeleição em 2026. “Tenho um respeito muito grande por ele — é um jovem com acertos e defeitos, mas que tem uma boa trajetória. Estamos tendo uma boa conversa e eu não vou ficar como falso moralista: vou assumir minha posição”, declarou.
Aproximação do PL e MDB
Paulo Cezar também não poupou críticas a correligionários de peso, como Gustavo Gayer e Fred Rodrigues. Segundo ele, há incoerência entre o discurso público e a prática política dos colegas de partido.
“Segundo os líderes do partido que foram candidatos — que eu posso falar o nome, porque eles não tiveram coragem de falar o meu —, Gustavo Gayer e Fred Rodrigues vivem em cima do Caiado. Vira e mexe estão lá visitando o governador. Só que eles têm uma forma de fazer política e eu tenho a minha. Não sou falso moralista.”
O deputado acrescentou que há movimentos de aproximação entre o PL e o MDB, articulados por lideranças nacionais e estaduais.
“O próprio Gayer está sempre conversando com o governador sobre isso. Ele intercedeu na conversa do Bolsonaro com Daniel Vilela. Dizem, inclusive, que o próprio Vitor Hugo, que foi candidato ao governo, deve ser o candidato ao Senado, porque acreditam que o Gayer vai ser cassado”, argumenta.
Leia também:
Prefeitos em Goiás deixam PL de lado para apoiar Daniel Vilela em 2026
Debandada: 22 prefeitos do PL de Wilder Morais devem se filiar ao UB de Caiado
