Aconteceu nesta terça-feira, 18, em frente ao Ministério Público de Goiás (MP-GO), uma assembleia geral dos trabalhadores do Samu para avaliar o momento da greve da classe. Na ocasião, estavam presentes representantes do Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Único de Saúde de Goiás (Sindsaúde/GO), do Sindicato dos Médicos no Estado de Goiás (Simego), do Sindicato dos Enfermeiros do Estado de Goiás (Sieg) e os vereadores Fabrício Rosa e Kátia Maria, pelo PT.

Os trabalhadores, no último dia 12, manifestaram-se em frente à sede do Samu e decidiram iniciar um movimento de greve. O estopim para a classe foi a publicação no Diário Oficial do Município da contratação de uma empresa particular destinada aos serviços de tecnologia, implementação, capacitação, manutenção e informatização das centrais do Serviço de Remoção. A proposta da prefeitura também inclui o fornecimento de mão de obra, teleassistência, telepropedêutica aplicada em urgências e emergências por 180 dias.

Vereadores pelo PT, Fabrício Rosa e Kátia Maria participam da assembleia | Foto: Sindsaúde/GO

A classe da saúde alertou sobre a intenção de privatização ao MP-GO e ao Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás (TCM-GO). Depois disso, o TCM decidiu pela suspensão da proposta de contratação da prefeitura. Houve a retirada do texto por parte da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e, no momento, a pasta elabora um novo edital para apresentar ao Tribunal.

Segundo Néia Vieira, presidente do Sindsaúde, não foram os trabalhadores que paralisaram os serviços, mas sim o desmonte da gestão municipal. A representante ainda considera que o Samu está operando com menos 30% de sua capacidade total. “Hoje estão em funcionamento apenas cinco ambulâncias, sendo três unidades de serviço básico (USB) e duas unidades de suporte avançado (USA)”, diz Vieira.

O comunicado oficial de decisão de greve foi feito à SMS na semana anterior, respeitando o período prévio de 72 horas. Esse prazo é destinado para a gestão municipal se organizar, com o objetivo de providenciar medidas de contingenciamento. Essas medidas envolveriam a continuidade dos serviços que seriam paralisados com a greve. No entanto, o contexto é justamente de sucateamento das estruturas desses serviços de saúde que deveriam estar em operação com qualidade.

Representantes da Universidade Federal de Goiás também estiveram presentes. A professora Jacqueline Lima, da Faculdade de Enfermagem da UFG, explica que estamos vivendo um processo de mercantilização no qual quem perde é a sociedade. “As pessoas deixam de ser cidadãos de direito para virar mercadoria. A forma de gestão privada não condiz com o direito constitucional da população”, explica a professora.

O MP-GO recebe nesta terça-feira, às 14h, os representantes da classe para diálogo por meio do Centro de Apoio Operacional da Saúde, com a promotora Marlene Nunes. A greve dos trabalhadores da saúde segue vigente.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde esclarece que o Samu não será privatizado, o município irá manter todo o quadro de funcionários, como médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, além da gestão do Samu.