Além de Silvye, veja os deputados “arrependidos” pelo voto na PEC da Blindagem

20 setembro 2025 às 10h33

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Após reação negativa nas redes-sociais, quatro deputados federais que votaram a favor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) das Prerrogativas, popularmente conhecida como PEC da Blindagem, foram a público se desculpar pela aprovação da matéria. O projeto foi aprovado pela Câmara em definitivo nesta última quarta-feira, 17, com 344 votos favoráveis e 133 contrários.
Após a aprovação, publicações e nas redes-sociais foram feitas contra a PEC — com o ressurgimento do slogan “Congresso Inimigo do Povo” — e manifestações políticas foram marcadas para este domingo, 21, o tema foi o assunto mais comentado nas redes, como o X (antigo Twitter).
Silvye Alves (UB-GO)
No caso da deputada federal goiana Silvye Alves (UB), a jornalista afirma que sofreu uma coação de figuras influentes no Congresso Nacional que a fizeram alterar o voto contrário feito por volta das 19h sob uma suposta retaliação política caso não fizesse. “Falaram que eu iria ter retaliações, mas não sei que tipo de retaliações deputados podem sofrer.”

Por causa disso, afirma em vídeo divulgado nas redes, nesta última quinta-feira, 18, que foi “covarde” e não teve forças para fazer o “correto”. Por causa disso, a jornalista pediu desculpas e anunciou em seguida que sairá da legenda do União.
Merlong Solano (PT-PI)
Outro parlamentar que pediu desculpas ao voto foi o petista Merlong Solano, do Piauí, que relatou por meio de uma nota de retração pública nas redes. O professor afirmou que votou a favor da matéria como meio de manter o diálogo entre o Partido dos Trabalhadores (PT) e a Câmara dos Deputados, a fim de impedir a tramitação da anistia e manter os projetos do Governo em pauta — como a isenção do IR e a taxa dos super-ricos.

Além da retratação, o deputado anunciou que entrou com uma representação de Mandado de Segurança junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), ainda no dia 17, solicitando a anulação da votação e da própria PEC da Blindagem. “Sigo agora empenhado para que o STF ou o Senado Federal corrijam os erros cometidos, inclusive aquele do qual participei ao aprovar, ainda que por razões táticas, o texto-base da PEC.”
Pedro Campos (PSB-PE)
Enquanto isso, o deputado pernambucano Pedro Campos (PSB), irmão do prefeito do Recife, João Campos (PSB), e líder da sigla na Casa, retratou o voto por meio de um vídeo divulgado nas redes no dia 18. O parlamentar repetiu o diálogo apontado pelo deputado petista de um acordo entre o Centrão para aprovar a PEC em troca de barrar o avanço da anistia, contudo, a urgência da anistia também foi aprovada no dia seguinte. “Todas as críticas que recebi são legítimas, até porque o meu compromisso é com o povo brasileiro.”

Da mesma forma, o líder do partido anunciou que entrou com pedido de Mandado de Segurança com o STF para anular o efeito da votação e da manobra que retornou o voto secreto na pauta.
Thiago de Joaldo (PP-SE)
Por fim, o parlamentar pelo Sergipe Thiago de Joaldo (PP) publicou um vídeo nas redes nesta última sexta-feira, 19, que afirma que votação corresponde a um “remédio que saiu mais letal que a enfermidade que queria tratar”. Segundo o advogado, votou a favor da matéria para combater a suposta prática do “crime de opinião” e pela defesa da “liberdade de expressão”.

Contudo, afirma que após reconhecer o conteúdo da matéria, o deputado irá trabalhar junto a colegas para barrar a tramitação no Senado. “Vergonha é insistir no erro; coragem é assumi-lo de frente e lutar para consertar.”
A PEC da Blindagem
A matéria visa impedir que o Supremo Tribunal Federal (STF) de iniciar investigações em desfavor de parlamentares, solicitando que a justificativa e os autos sejam aprovados pela Casa. Além disso, o projeto confere a manutenção da prisão em flagrante de parlamentares, ambos por meio de votação secreta.
Com a aprovação, o projeto foi despachado para o Senado e encaminhado ao presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), Otto Alencar (PSD-BA), que já indicou o relator, o senador Alessandro Vieira (MDB-SE). A expectativa é que Vieira apresente um parecer pela inconstitucionalidade da matéria a fim de derrubar a PEC.
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