A Polícia Civil (PC) do Rio de Janeiro efetuou, nesta terça-feira, 4, a prisão do principal suspeito envolvido na criação e administração de um grupo no Discord, cujo propósito era ameaçar, agredir e estuprar crianças na plataforma. Essa ação ocorre como parte da segunda fase da Operação Dark Room, que está sendo realizada nos municípios de Cachoeiras de Macacu e Teresópolis.

O indivíduo detido é Pedro Ricardo Conceição da Rocha, de 19 anos, responsável pela criação e gerenciamento do servidor principal do aplicativo, onde ocorriam os crimes de estupro, agressão e incitação ao suicídio.

De acordo com as informações divulgadas pela corporação, o suspeito foi preso em Teresópolis, na Região Serrana, escondido na residência de sua avó. O jovem utilizava o apelido “King”, que significa “rei” em inglês.

Na primeira fase da operação, que ocorreu na terça-feira passada, 27, dois adolescentes foram apreendidos na capital fluminense e em Volta Redonda (RJ). Um deles, de 17 anos, foi localizado em Pedra de Guaratiba, na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, e era considerado um dos principais líderes do grupo.

As investigações tiveram início em março deste ano, após o compartilhamento de informações de inteligência com a Polícia Federal (PC) e as polícias civis de diversos estados. Durante o processo de apuração, os investigadores constataram os crimes cometidos por jovens e adolescentes na plataforma, que é um aplicativo de comunicação que oferece suporte a mensagens de texto, voz e chamadas de vídeo.

Plataforma

Inicialmente desenvolvido para atender à comunidade Gamer, o programa se tornou amplamente popular entre jovens e adolescentes, possibilitando que usuários com interesses comuns se conectem e comuniquem entre si.

No entanto, conforme as investigações revelaram, três servidores da plataforma Discord foram utilizados por um grupo composto por jovens e adolescentes de diversas regiões do país para perpetrar atos de violência contra animais e adolescentes, além de divulgar conteúdo relacionado à pedofilia, zoofilia e fazer apologia ao racismo e nazismo.

Segundo informações fornecidas pela PC, adolescentes também foram vítimas de chantagem e constrangimento, sendo forçadas a se tornarem escravas sexuais pelos líderes do grupo. Eles realizavam o que é conhecido como “estupro virtual”, transmitindo ao vivo pela internet. Durante esses atos, as jovens eram alvo de xingamentos, humilhações e eram obrigadas a se automutilar.

As vítimas, provenientes de várias regiões do Brasil, eram selecionadas dentro da própria plataforma, seja por meio de perfis abertos em redes sociais ou até mesmo indicadas por membros do grupo. Utilizando os dados pessoais das vítimas, os suspeitos iniciavam uma série de chantagens, alegando possuir fotos comprometedoras que seriam divulgadas ou enviadas aos pais das vítimas.

Os perpetradores também criavam grupos em aplicativos de mensagens para compartilhar vídeos e expor as vítimas dos chamados “estupros virtuais”, em uma prática conhecida como “exposed”.

Pais

A Delegacia de Combate à Pedofilia recomenda que os pais busquem a assistência da polícia ao notarem alterações no comportamento de seus filhos. Por exemplo, o uso de roupas compridas, mesmo em dias quentes, pode ser um indício de autoflagelação e uma tentativa de esconder ferimentos.

Além disso, é aconselhável que os responsáveis monitorem as interações online de seus filhos, incluindo suas conexões nas redes sociais. “Os pais precisam agir com carinho, nunca retaliando os filhos, e acionar a polícia imediatamente”, alerta o investigador-chefe Alexandre Scaramella.

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