Número de vítimas de ginecologista preso em Goiânia sobe para 12
24 julho 2023 às 11h03
COMPARTILHAR
Nesta segunda-feira, 24, o número de vítimas abusadas sexualmente pelo ginecologista Fabio Guilherme da Silveira Campos, de 73 anos, subiu para 12. O profissional foi preso na última quinta-feira, 20. Ele é investigado por usar a profissão para cometer os crimes há 30 anos, explica a delegada Amanda Menuci. A investigadora afirmou que outras vítimas também marcaram horários para comparecer à delegacia durante o decorrer da semana, a fim de denunciar Fabio.
Os abusos praticados pelo ginecologista são um reflexo da violência vivida diariamente pelas mulheres. Em 2023, por exemplo, quase duas foram vítimas de estupro por dia entre janeiro e junho. O número (336 casos) é 121% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado, que contou com 151 casos.
O estupro, inclusive, foi o crime que registrou o maior aumento contra o público feminino, seguido pelos crimes contra a honra (difamação, injúria e calúnia), com aumento de 107,2%, ameaça (91,8%) e feminicídio (87,6%). Em relação a quantidade de casos, a ameaça contra mulheres supera as demais violências.
Em 180 dias, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) contabilizou 14.777 mulheres ameaçadas pelos companheiros. Os casos de difamação, injúria e calúnia aparecem na sequência, com 11.787 registros. O estupro (336) e o feminicídio (60) fecham a lista. De forma geral, a violência contra a mulher sofreu um salto de 98,5% este ano.
Ginecologista preso
O médico ginecologista foi preso na quinta-feira, 20, após ser acusado pelas pacientes de usar a profissão para praticar crimes sexuais durante atendimentos, em Goiânia. Ele é suspeito de cometer os atos há cerca de 30 anos. Em entrevista ao Jornal Opção, a delegada Amanda Menuci Petelinkar informou que algumas mulheres afirmaram terem sido abusadas pelo médico em 1994.
Até o momento, 12 mulheres procuraram a delegacia para denunciar Fabio, que é investigado por violação sexual mediante fraude. Os crimes, inclusive, teriam começado 15 anos após o homem ingressar na profissão, em 1979. O caso veio à tona depois que o idoso foi agredido pelo marido de uma das vítimas em junho deste ano durante um atendimento no Ciams Novo Horizonte, onde ele trabalhava há 14 anos. A mulher estava grávida de oito meses.
“Ele enganava as vítimas para acharem que não se tratava de uma prática sexual, mas de uma conduta padrão do médico. Algumas vítimas, inclusive, relataram isso, que ficavam na dúvida se era uma conduta médica ou não”, explicou Amanda.
Entre os crimes praticados pelo médico, conforme a investigadora, estão piadas de teor íntimo e sexual. Em alguns casos, o ginecologista chegou a pressionar o órgão genital contra o corpo de uma das mulheres, além de massagear o órgão genital de outra vítima.
Fabio ainda dizia, no consultório, que para realizar o exame, era preciso que as vítimas ficassem “excitadas”. Ele, então, tocava os seios das mulheres e colocava a mão delas sobre o órgão genital dele. Para uma das vítimas, conforme a delegada, ele chegou a pedir para que fechasse os olhos e pensasse em coisas boas. O homem, inclusive, ejaculou na barriga da paciente.
“Os relatos demonstram que durante todo o exercício da profissão pelo médico, ele vem praticando esses crimes sexuais. Não foi uma conduta pontual, uma prática isolada, foi reiterada. Acreditamos que outras vítimas podem aparecer. Inclusive, pedidos que se alguma pessoa foi vítima deste médico, que procure a delegacia”, concluiu.