Empresária goiana é identificada por bancar acampamentos golpistas em Brasília
11 março 2023 às 09h25
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A Polícia Federal (PF) detectou a participação de empresários como prováveis financiadores da estrutura do acampamento de bolsonaristas no quartel-general do Exército, em Brasília. Dentre os nomes está a empresária Kátia Aquino. Segundo os investigadores, ela pagou por banheiros químicos instalados no QG em frente ao batalhão.
A PF apurou que Kátia Aquino é proprietária de uma empresa que vende produtos automotivos. Nas redes sociais, a mulher exibe fotos no acampamento do QG, publicações favoráveis ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e até uma petição pelo impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Ela teria assinado contrato com uma empresa de Brasília para o fornecimento semanal de 50 banheiros químicos e uma tenda. Tudo ao custo de R$ 6,600. O documento é datado em 4 de novembro e previa a renovação contratual automática a cada semana, sem estipular prazo final para o encerramento da prestação do fornecimento.
As autoridades destacam que esse acampamento serviu como base para os atos de depredação aos prédios dos Três Poderes, em 8 de janeiro. Nos últimos meses, a polícia apurou todos os gastos do acampamento. Entre os documentos obtidos estão cópias de contratos que identificam os responsáveis pelo pagamento.
Os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) começaram se juntar no QG do Exército na capital federal depois do resultado do segundo turno da eleição presidencial de 2022. De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), esses manifestantes formaram uma “associação criminosa que insuflava as Forças Armadas à tomada do poder”. O ato é apontado como inconstitucional.
O último balanço da PGR, de 1º de março, lista 689 participantes do acampamento como denunciados por incitação ao crime. A pena prevista é de detenção de três a seis meses. Outras 222 acusados estão sendo processados por atos de destruição durante a invasão e vandalismo da Praça dos Três Poderes.
Contratantes de serviços para o QG
A PF descobriu que a tenda de alimentação era fornecida por Rubem Abdalla Barroso Júnior. Ele é sócio de uma empresa de representação comercial em Macapá (AP). O acusado era participante ativo em grupos bolsonaristas no WhatsApp. Diariamente, ele divulgava publicações contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas redes sociais. A corporação cumpriu busca e apreensão contra Abdalla no final de janeiro, após autorização do STF. Até o momento, as redes sociais dele foram bloqueadas.
O atendimento médico gratuito aos acampados era de responsabilidade do empresário mineiro Diego Albs Passos. Ele foi identificado como diretor de uma associação privada. A instituição consta como natureza jurídica de “pesquisa e desenvolvimento experimental em ciências físicas e naturais” e também é sócio-administrador de um consultório odontológico.
Os suspeitos de enviarem caminhões a Brasília também prestaram depoimentos, mas negaram que investiram recursos para manter estruturas no local. Os investigados atribuíram aos próprios empregados a decisão de levar os caminhões ao ato “por livre e espontânea vontade”.
Alexandro Lermen, que é sócio do grupo que leva seu sobrenome, confessou que 13 caminhões da empresa foram levados ao ato em Brasília. No entanto, negou que tenha pagado as despesas dos funcionários para lá. “Foram os próprios funcionários que se dispuseram a participar. Que de livre e espontânea vontade levaram os caminhões para Brasília”, disse em depoimento.
Com informações do site UOL