Aldo Arantes: “Cabe aos setores democráticos tocar no sentimento também”
04 dezembro 2024 às 09h05
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O ex-deputado federal e intelectual Aldo Arantes concedeu uma entrevista exclusiva ao Jornal Opção. Na ocasião, ele falou sobre sua mais nova obra, Domínio das Mentes: do Golpe Militar à Guerra Cultural. E debateu sobre os temas que aborda na produção, conceitos como: pós-verdade, guerra cultural e fake news. Ele defende que a direita ganhou força pois a direita usou emoções fortes e negativas para crescer, mas que a esquerda também deve apelar para a emoção, ainda que de forma mais racional e educativa.
“Cabe aos setores democráticos tocar no sentimento também. O sentimento da pobreza, da miséria, da fome, da humilhação, da injustiça, são elementos que tocam a sensibilidade das pessoas”, diz o político-autor.
O livro de Arantes propõe uma reflexão sobre o crescimento da extrema-direita, tanto no Brasil quanto no cenário global, destacando o impacto das redes sociais e a chamada “guerra cultural”. A obra examina como as ideias conservadoras têm ganhado força nos últimos anos e o papel das plataformas digitais na formação de uma realidade paralela.
“O problema da pós-verdade é que ela questiona a própria ideia de verdade, o que cria uma confusão ainda maior. A ciência e os fatos se tornam relativos e as pessoas passam a acreditar em qualquer coisa”, explica Aldo Arantes.
O autor descreve a ascensão de um movimento ideológico que, segundo ele, se utiliza de estratégias emocionais e de manipulação da verdade, destacando o papel das fake news e das redes sociais no processo de radicalização política.
Guerra Cultural
Arantes analisa, ainda, a chamada “guerra cultural”, um conceito que ganhou destaque nos últimos anos. “Essa luta ideológica ganhou uma dimensão nova recentemente através da guerra cultural, que tem uma plataforma de ideias conservadoras, de negação da história, da ciência e da cultura”, afirmou.
Para o autor, o movimento é sustentado por uma base social composta por empresários, igrejas evangélicas neopentecostais, setores católicos e militares, que, com o apoio das grandes plataformas digitais, têm ampliado seu alcance. “As big techs, como as redes sociais, não são apenas um meio de conectar as pessoas, mas um novo mecanismo de controle ideológico”, alertou Arantes, destacando o papel desses espaços na manipulação da opinião pública.
No contexto da política brasileira, Arantes afirma que a luta ideológica não se limita ao enfrentamento dos radicais, mas busca também alcançar a maioria das pessoas, que ainda pode ser sensibilizada por meio da educação e da conscientização crítica. “É necessário realizar uma luta ideológica democrática, que desperte a consciência crítica das pessoas através da análise dos fatos”, afirmou. O autor também destaca a importância de distinguir os setores radicais, que estão cristalizados, da grande maioria que ainda pode ser recuperada.
Confira a entrevista completa:
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