Criação do designer gráfico inglês Peter Saville ilustra capa de um disco lançado em 1979 que é referência musical e retrata a descoberta de um pulsar. Mas o que é isso?

Imagem, lançada em 1979, estampa camisetas, pôsteres, paredes de quartos, boates, bares e restaurantes em vários lugares do mundo | Imagem:
Imagem, lançada em 1979, estampa camisetas, pôsteres, paredes de quartos, boates, bares e restaurantes em vários lugares do mundo | Imagem: Peter Saville

Você já deve ter visto essa imagem em algum lugar em algum momento da vida, seja em uma camiseta, um quadro ou uma pintura de parede. Esses riscos brancos sobre um fundo preto que lembram uma formação de relevo nada têm a ver com isso.

A imagem foi criada pelo designer gráfico inglês Peter Saville e ilustra a capa do primeiro dos dois discos da banda Joy Division, de Salford, na Inglaterra. Quando Unknown Pleasures (1979) foi lançado, há exatamente 37 anos, não só virou uma grande influência do pós-punk na música mundial, mas também ganhou o gosto dos fãs pela imagem da capa.

A representação na capa do disco Unknown Pleasures são baseadas nas ondas de rádio emitidas pelo pulsar — uma estrela de nêutrons pequena e densa — CP1919 ou PSR J1921+215, o primeiro a ser descoberto, em julho de 1967, com o uso de um radiotelescópio pelo astrônomo Harold Craft no Arecibo Observatory, em Porto Rico, que foi usada em sua tese de PhD.

Saville retirou a imagem da Enciclopédia de Astronomia de Cambridge (The Cambridge Encyclopaedia of Astronomy) e inverteu a impressão das ondas feitas com preto no branco para branco no preto para a capa original do disco Unknown Pleasures, que foi lançado no dia 15 de junho de 1979.

O disco traz a formação que foi imortalizada nesse álbum e no seguinte, Closer (1980), antes do fim da banda, que existiu entre 1976 e 1980. Ian Curtis (vocal e guitarra), Bernard Sumner ou Bernard Albrecht (guitarra e teclado), Peter Hook (baixo) e Stephen Morris (bateria) tocaram até maio de 1980.

Um dia antes de viajarem para os Estados Unidos, o vocalista Ian Curtis comete suicídio, em 18 de maio de 1980, e a banda acaba. Entre os lançamentos de gravações do Joy Division que vieram depois da morte de Ian Curtis, a música mais conhecida é Love Will Tear Us Apart, lançada em um single homônimo em junho, mês seguinte ao suicídio. A gravação tinha acontecido em março daquele ano.

O Joy Division foi criado depois que Bernard Sumner, Peter Hook e Terry Mason (baterista entre junho de 1976 e maio de 1977) viram um show do Sex Pistols em 20 de junho de 1976 e resolveram montar uma banda. As influências do grupo são basicamente The Doors, Velvet Underground, David Bowie, The Stooges, Kraftwerk e Sex Pistols, além de escritores como  Dostoiévski e T.S. Eliot.

O nome da banda, que inicialmente se chamou Warsaw, era inspirado na música Warszawa, do disco Low (1977) de David Bowie. Mas como um grupo punk de Londres já tinha o nome Warsaw Pakt, o quarteto resolveu mudar para Joy Division, que era o nome da casa de prostituição do livro A Casa das Bonecas (The House of Dolls), do polonês Yehiel De-Nur, publicado em 1956.

O nome Joy Division, retirado do livro de Yehiel De-Nur, era originalmente a denominação usada nos campos de concentração nazistas para as alas das prisioneiras judias, que eram estupradas pelos soldados alemães na Segunda Guerra Mundial. O autor polonês, que morreu em 2001, era um sobrevivente do Holocausto.

Com a morte de Ian Curtis, os outros integrantes do Joy Division, Bernard Sumner, Peter Hook e Stephen Morris se juntaram ao guitarrista Gillian Gilbert e formaram em Manchester, na Inglaterra, o New Order, na ativa até hoje. Sumner assumiu os vocais, guitarras e sintetizadores, Hook baixo e sintetizadores, Morris bateria, bateria eletrônica e sintetizadores, e Gilbert na guitarra e também sintetizadores.

Com 7 minutos e 26 segundos de duração, a música mais executada do New Order no YouTube é Blue Monday, com mais de 29 milhões de visualizações, lançada como um single em 1983.