Já conhecido por suas obras “O Amador” (2018) e “Nenhuma Poesia” (2019), o escritor campinense Diego Pansani (@diego.pansani) lança “Poesia é risco” pela edições Jabuticaba. O livro, premiado pelo ProAC, se destaca por sua experimentação vinculada a um procedimento poético mais conhecido como blackout, que consiste em riscar palavras ou trechos de um texto, produzindo, assim, um material novo e inédito.

O título da obra é uma referência direta à performance homônima de 1996 do poeta Augusto de Campos, citado por Pansani como uma de suas grandes influências. Campos, assim seu irmão, Haroldo, são figuras importantes para a poesia brasileira, principalmente no que diz respeito à poesia concreta, caracterizada pela experimentação radical da linguagem.  

Segundo Pansani, a investigação de uma proposta expandida da poesia, que coloca em jogo questões como autoria, processos de escrita e, até mesmo, o manuseio da linguagem poética, tem início em 2018, quando o autor participou do Curso Livre de Preparação do Escritor (CLIPE), oferecido pela Casa das Rosas. “Ali tive contato com referências e processos poéticos não usuais”, conta. “Depois, conheci a obra da filósofa Marjorie Perloff, e aprofundei as questões do que vem sendo chamado de “escrita não-criativa” (já esboçados no livro “Nenhuma Poesia”, de 2019).”

Foi na pandemia, porém, que Pansani começou a explorar mais ativamente o recurso do blackout, inicialmente compartilhando seus experimentos nas redes sociais. “Desde então o processo de escrita tem sido o da não escrita: do corte, da obliteração, do apagamento – uma escrita por eliminação e não exclusivamente por adição”, afirma.

Diego Pansani foi um dos participantes da residência artística em Sÿsma, Finlândia, em 2022, e do festival internacional de poesia de Helsinki, Runoku. Atualmente, o autor está trabalhando em seu primeiro livro de contos, Caixa de Gordura.