Opção Cultural encerra série de reportagens falando de uma das cidades mais antigas do mundo, que fica no Norte da Índia
Marcello Dantas
É engraçado como as coisas na Índia têm nomes diferentes. Independente disso é enorme a possibilidade de se apaixonar por Varanasi, Benares ou Kashi, como preferir chamar. As pessoas a visitam por razões de crença e fé, pois é dito que quem morrer por lá sai da roda de samsara ou das encarnações, da qual todos querem se libertar.
Assim, não será preciso mais viver noutra vida. E é só em Benares que os hindus querem morrer para quebrar esse ciclo e conquistar a salvação. Aquela terra sagrada, em Uttar Pradesh, Região Norte, habita mais de 3 milhões de pessoas. É por isso tudo e mais um pouco que quero voltar lá!
O município indiano é importante porque foi criado por Shiva, o deus maior, há mais de 5 mil anos, com o nome de Kashi, conforme as tradições. Mas há quem diga que surgiu há apenas 3 mil. Não bastasse o fato de o grande lorde tê-la criado foi em Kushinagar, distrito próximo dali, atual território da Índia, que morreu Sidarta Gautama, o Buda, há 483 anos a.C.
Estão aí dois quesitos que a tornam tão respeitada e que, se somados ao fator de que é banhada pelo Rio Ganges, só aumenta o desejo de retorno. Quer se livrar dos pecados cometidos na vida? Lave-se naquelas águas.
Na antiguidade, a terra abençoada era um polo comercial e industrial, com destaque para a produção e distribuição de seda, perfumes e marfim. Tornou-se o centro econômico e religioso da região após sua independência, no século XVII, sob o comando do Império Britânico.
Varanasi é muito mais interessante: tem um crematório cujo fogo vem do tempo de Shiva, e nunca se apagou, acreditam os devotos. A Benares Hindu University (BHU), centro público de estudos desde 1916, tem um dos maiores residencia.is universitários da Ásia, com cerca de 20 mil estudantes.
A universidade tem quatro institutos, 14 faculdades –– incluindo a de Jornalismo –– e mais de 140 departamentos. A velha cidade de Varanasi se situa às margens norte do Rio Ganges, delimitadas pelos afluentes Varuna e Asi.
Parece atemporal, um lugar que não existe. É inacreditável ver tantas pessoas em um mesmo espaço desejando coisas semelhantes. E o Ganges, onde se toma banho e lava-se roupas, abençoa tudo isso com o Aarti.
Às 6 e às 18 horas os indianos se aglomeram a beira do rio para comemorar a descida da deusa Ganga (como também é nomeado o rio) à Terra. E ela vem pelos dreads de Shiva, também celebrado pelos hindus.
Cada cerimônia dura pouco mais de uma hora e os devotos aproveitam para colocar nas águas as pujas (oferendas) em reverência. aos deuses.
Existem lugares para enriquecer o conhecimento a respeito daquele canto, especificamente sobre a trajetória de Buda, como o Museu Arqueológico, o mais antigo sítio indiano, e o Museu de Sarnath, ambos no distrito homônimo. Com 105 rupias (R$ 5,25) é possível visitar os dois.
Os nomes de Varanasi têm origens diversas. Uma das possibilidades ventiladas é a de que esse tenha se originado de dois rios localizados ao norte e ao sul. Um chama-se Varuna e continua fluindo; o outro é um pequeno riacho, chamado Asi.
A variação Kashi vem do nome que os peregrinos datavam os dias de Buda ou significa cidade da luz, considerada importante para aprendizagem. Varanasi ainda é conhecida como Kashika, Avimukta, Anandavana e Rudravasa.
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