Soninha Santos

Especial para o Jornal Opção

Lygia Bojunga Nunes completa 90 anos no dia 26 de agosto. Ela iniciou sua vida profissional como atriz, depois passou a escrever tanto para o rádio quanto para a televisão. Contudo, a paixão avassaladora pela literatura acabou por arrebatá-la completamente e nós, leitores mortais, sedentos de uma obra capaz de revolucionar nossas entranhas, ganhamos com isso. Dona de uma escrita magicamente coloquial e diversa de sentidos e cores, consegue ultrapassar a linha do imaginário e de qualquer faixa etária. Não há leitor capaz de sair de um de seus livros como entrou. Sua obra derruba estereótipos, preconceitos e discriminações. Sua obra não tem idade nem dissimula verdades. É o que é.

Coincidentemente, acabei de ler para minhas turmas de quartos e quintos anos do Colégio Agostiniano, mais de 300 crianças, “Os Colegas” e “A Bolsa Amarela”. Sem nenhuma obrigatoriedade de nota, trabalho literário ou cobrança: o resultado foi surpreendente. Várias crianças leram as obras na minha frente, sedentas de saber o final antes que minha leitura chegasse a ele. Outras conseguiram os livros com as famílias que os guardaram desde a infância. O certo é que Lygia toca em questões que refletem crescimento e amadurecimento de forma poética e lúdica. Sabe falar ao leitor da maneira que ele ouve e consegue ecoar em nossos sentimentos e memória.

Não à toa foi merecedora do Hans Christian Andersen pelo conjunto de sua obra (equivalente ao Nobel de Literatura), além de inúmeros outros prêmios e ter seus livros traduzidos para mais de 18 idiomas.

Lygia merece destaque não só na Literatura Infantil e Juvenil, mas na literatura universal. Sua obra é atemporal e imprescindível para o leitor que precisa reforçar a ideia de que crescer dói, mas passa.

Parabéns, Lygia querida.

Soninha Santos é crítica literária, é colaboradora do Jornal Opção.