O Terno resume uso das redes sociais no mais do que criativo videoclipe de Não Espero Mais
18 julho 2017 às 18h58
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Canção do terceiro álbum do grupo mistura imagens em 3D com aplicativos, plataformas e memes mais usados na rede mundial de computadores
A terça-feira (18/7) era mais um dia comum da semana até o meio-dia. Provavelmente você não fez muita coisa de produtiva se estiver em casa de férias da escola ou faculdade ou seguiu sua rotina de trabalho com muita mesmice e ocupação. Até que às 12 horas surgiu nas redes sociais o lançamento do videoclipe da canção Não Espero Mais, do terceiro disco da banda paulistana O Terno, Melhor Do Que Parece.
Com o fundo amarelo e imagens dos três integrantes – Tim Bernardes (guitarra e vocal), Guilherme D’Almeida (baixo) e Biel Basile (bateria) -, as imagens mostram a banda tocando enquanto os músicos se aproximam e se afastam da tela (efeito mais perceptível para quem assistir ao vídeo usando óculos 3D) enquanto cabos, microfone, hand spinners (o brinquedo anti-estresse da moda) e bolhas de sabão passam na frente dos olhos do espectador do clipe. Tem até avião de papel na direção do seu nariz.
De repente o vídeo parece travado e o círculo que indica que está carregando aparece na tela. Mas o áudio não para. No momento seguinte, mais fácil de entender com o efeito 3D, o vocalista empurra o cabo que se desprende com rapidez do instante em que a tela ficou parada e volta balançando na frente dele. Como acontece sempre que você assiste a um vídeo no YouTube, começa a pipocar um monte de caixas de diálogo com links para você clicar e ver depois de Não Espero Mais. Umas delas traz um link mais do que inusitado: O Terno + Blink 182. Parceria impensável! Mas são imagens do clipe 66, do primeiro disco, com o áudio da música First Date, da banda americana Blink 182.
https://vimeo.com/136308645
A coluna testou todos os links que aparecem na tela do videoclipe. O primeiro deles (Mean It – Louis Cole ft. Sam Gendel) traz apenas a frase “clique aqui” junto do link. A outra caixa aparece “CLIQUE AQUI Para assistir ao novo clipe d’O Terno!” sem qualquer endereço eletrônico.
O terceiro link indicado nas imagens do vídeo, se você digitar e quiser descobrir (só eu e outros idiotas fizeram isso) vai te levar ao videoclipe de Oi, Meu Nome É Carniça, de Danislau Tb, feito pela mesma produtora de Não Espero Mais, a Panamá Filmes.
O penúltimo link, sem nada junto, é o videoclipe da música Ciúme, de Rafael Castro, lançado em 2015. Depois vem aquele citado antes com montagens de imagens do O Terno com áudio de música do Blink 182.
Em seguida, Liniker, da banda Liniker e Os Caramelows, atende a uma chamada de vídeo e começa a cantar um trecho da canção Não Espero Mais. No mesmo momento, o baterista boceja ao ver Liniker cantar. Depois a banda começa a observar alguém passando a barra de tempo do videoclipe sem paciência.
Em seguida, alguém vai nos comentários do videoclipe da banda e responde outros dois comentários. A sequência do diálogo é: “Cuca: ‘Alguém por acaso conseguiu assistir em 3D?’; William Breda: ‘comprei o óculos e tudo! >(‘; Usuário não identificado: ‘Palhaçada !!!'”. O mesmo internauta que comentou “Palhaçada !!!” no vídeo, corre na página do Facebook do trio e dá uma curtida com cara de raiva no clipe.
Aí o amigo, chamado Danilinho, manda uma mensagem pelo Messenger do Facebook para esse usuário com o recado “AÊ! saca só” e envia um link da lista que o Buzzfeed fez sobre “16 motivos para não assistir o novo clipe do terno”. Entre os motivos estão a “participação do Mac DeMarco e do Tyler, The Creator”, “Bruno do Acre já previa o sucesso do clipe no livro IX”, “o clipe foi inteiramente gravado na vertical” e “foi gravado no Japão, nos estúdios da Nintendo… em 8bit”. A pessoa para de olhar no quinto motivo, que é “o clipe não passou na fase final do concurso chroma key com Chitãozinho e Xororó”. Uma chuva de referências de assuntos que bombaram na internet, muitos deles até hoje sem relevância qualquer.
Em seguida aparece o sexto item na lista que seria do Buzzfeed: “Foi editado por Maurício Pereira (pai do vocalista) em seu 386”. Quando, de repente, surge um aviso no navegador: “YouTube Javascript – Please consider stop listening to this junk (Por favor considere parar de ouvir esse lixo)”. Aí começam a pipocar, como se fossem pop-ups, memes com trechos da letra e gifs dos integrantes do O Terno na tela do computador do usuário que detestou o videoclipe.
A parte seguinte é uma sequência de vídeos com efeitos no stories, mais conhecido como snapgram do Instagram, sem esquecer de usar – é claro! – vários efeitos, até simulando uma batalha de sabres de luz dos filmes Star Wars. Infelizmente, nenhum dos integrantes da banda ganha estrela no Tinder. Não foi dessa vez!
O que faltava – e aparece no terceiro minuto do clipe – é um gif compartilhado no WhatsApp com o vocalista Tim mexendo no celular durante o vídeo. Depois a tela vira uma sequência sem fim de likes, corações, risadas e carinhas com raiva nos emojis das curtidas da live dos músicos cantando o refrão de Não Espero Mais.
De um cachorro que imita a dança de um garoto às palmas de Paul McCartney, passando por Nazaré Tedesco (Renata Sorrah) e Gretchen no videoclipe de Katy Perry, começam a aparecer um monte de memes na frente da live da banda. Tem até a Carreta Furacão, Alexandre Pires, André Marques atacando de DJ e os comentários precisos da atriz Glória Pires durante a transmissão do Oscar de 2016.
O baterista ganha o selo Thug Life, com os óculos pixalizados, enquanto uma aba de navegador questiona: “Is this art?”. De Michael Jackson a Sou Foda, a parte final do vídeo baixa “toda a internet” e faz um compilado que vai de Raul Seixas à bagunça das cartas na tela do computador quando se vence uma partida de paciência. O encerramento é com o melhor meme dos últimos tempos, o perdido personagem Vincent Vega, protagonizado por John Travolta em Pulp Fiction (1994). Quer mais? Tudo termina num bug do computador.
O que já era uma das melhores canções do disco Melhor Do Que Parece acabou de ganhar o candidato a melhor videoclipe de 2017 até o momento. Com produção da Panamá FIlmes, o clipe foi dirigido e editados por Filipe Franco, teve direção de fotografia de Caio Mazzilli, direção de arte por Thany Sanches, motion design e animação de Bruno Mazzilli. A assistência de direção é de José Menezes, a assistência de fotografia de Caio Carvalho, assistência de edição por Guilherme Emme, assistência de arte de Rafael Martim França, segundo assistente de fotografia Kevin Agostinho. O design dos balões foi feito por Douglas Raimondi.