Fotos: Divulgação
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Yago Rodrigues Alvim

Nasci na música com três anos. É que eu escutava as fitas que minha mãe gravava, cantarolando músicas de Laura Pausini. E eu me lembro de coloca-las no rádio e imitar como ela cantava. Foi ali que surgiu o interesse de Stefanini em ser cantor, ser músico. E não era só Laura Pausini. Das fitas dum tio, escutava on repeat Nirvana, quer fosse “In Bloom”, “Smells Like Teen Spirit” ou “Lithium”. Caia em loop musical.

Os avós lhe botavam sempre numa escola de arte. Achavam o menino para lá de hiperativo. Fez aulinhas de teatro, dança e coral. Na época, já compunha. Ainda que num caderno miúdo cheio de poemas ritmados, que hoje esteja perdido por aí, numa gaveta ou empoeirado em porão, ele escrevia. E, ó, não abandonou o papel: “Ainda sou louco por blocos de notas e moleskines. Continuo o mesmo”, sorri o rapaz, que assoprou as velinhas de vinte anos recentemente.

Os instrumentos vieram com a vontade acompanhar as letras que escrevia. “Não queria ninguém tocando para mim, eu queria aprender a fazer minha música sozinho.” Tomou lições de violão, mas não era para ele. Para ele, as cordas eram tediosas. Ainda assim, aprendeu. E foi no coral que conheceu o teclado. A professora apareceu com aquele amontoado de teclas e ele se encantou. “Entre logo para as aulas.” Fora uma semana e já tocava músicas. Nas palavras do próprio Stefanini, o violão lhe fez bem: as aulas teóricas o ajudaram bastante com o teclado.

11295647_1107016119325355_4047564483118007417_nSuas composições não nascem sempre de uma epifania ou de um momento muito inspirativo. Às vezes, ele só quer escrever sobre algo corriqueiro ou sobre o que vê das pessoas e de suas relações. “‘Quiçá’ [sua primeira música de trabalho], por exemplo, não é sobre mim, é sobre a minha percepção de duas pessoas distintas.”

Stefanini bem alimentava seu canal no SoundCloud. Lançava ali seu covers, quando mesmo já compunha para o EP, o intitulado ONDE, que está por vir. Seu primeiro trabalho, mais consistente, começou numa parceria com Gorky e Pedro D’Eyrot, ambos do Bonde do Rolê – que nas palavras de Stefanini, ganham os carinhosos título “amigos e mentores”. Foi em 2012 e, de lá para cá, foi dando um passo de cada vez. Se apresentou no Bananada 2014, abriu o show do cantor Tiago Iorc, produziu ONDE e ganhou a abertura do show da dinamarquesa MØ, que acontece nos palcos do Áudio Club, em Sampa, na próxima sexta, 29.

ONDE

Stefanini conta que o EP ONDE (com lançamento previsto para junho/julho) é um reflexo de seus três anos de composição. “O título é perfeito, pois é um advérbio de procura e foi exatamente o que eu fiz em relação a mim mesmo neste período. Além disso, ‘onde’ significa ‘ondas’ em italiano, o que também funciona muito se reparar bem, afinal o mar é, provavelmente, uma das dádivas mais instáveis do mundo.”

O som, diferente do que já mostrou em suas apresentações, é fruto de sua procura por algo genuíno, com personalidade e que marcasse, assim, as pessoas quando essas escutassem. “Só encontramos a sonoridade perfeita no ano passado, quando o maravilhoso Pedrowl, amigo DJ e produtor, construiu a demo de uma das músicas do ONDE. Eu me apaixonei quando ouvi e disse: ‘É isso o que eu quero!’”, conta.

Quanto ao show em Sampa, diz logo: “Vai ser cheio de energia”. Stefanini apresentará as músicas de ONDE + dois covers. Pedrowl o acompanhará nos palcos. E sobre o depois, a expectativa é que cada vez mais as pessoas procurem seu trabalho, o vasculhem. “É o meu primeiro show divulgando o novo som e espero que o público goste bastante.” E é claro, o rapaz está louco para ver a MØ. Quem não?

Por fim, Stefanini comenta um pouquinho da cena musical goiana e destaca que muitos artistas independentes têm conquistado seu espaço, algo de fato admirável. “Temos um cenário independente incrível. Aqui acontece muita coisa no espaço cultural que é para lá de respeitável, olha o Bananada, o Vaca Amarela o Goiânia Noise.” As dificuldades existem e elas não se limitam a um lugar específico. O lance, aconselha Stefanini, é desejar mais do que se tem e focar para que se torne palpável. “É importante projetar algo todos os dias.”