Lançado pela editora Patuá, o primeiro livro solo de contos do escritor Adérito Schneider mescla horrores individuais e coletivos dos tempos atuais

O que você faria se precisasse enterrar o cadáver de uma menina morta numa cidade em que não há mais um palmo de terra que não tenha sido coberto de cimento? Ou se descobrisse um jacaré na piscina de casa? Ou se gatos rompessem a barreira do sono e invadissem a realidade? Tudo isso e muito mais está presente em O rastro da lesma no fio da navalha (Patuá, 2022), o primeiro livro solo do escritor Adérito Schneider, lançado depois da organização de duas antologias de contos: Cidade sombria (2018) e Cidade infundada (2022), ambos com narrativas inéditas escritas por autores goianos e ambientadas em Goiânia, sendo a primeira dedicada aos contos do gênero noir e a segunda à ficção especulativa.

O rastro da lesma no fio da navalha é uma obra literária insólita, reunindo 17 narrativas fantásticas, de horror, oníricas… Trata-se de uma coletânea de contos que se deslocam pelas fronteiras dos gêneros, contaminando a literatura e se contaminando de cinema, artes visuais, memória, confissão, confusão, perturbação, avacalhação e muito mais. Nas páginas do livro, a tradição do fantástico moderno encontra o realismo social, o surrealismo, o roteiro cinematográfico, a tradição do conto urbano brasileiro, o pop, o pós-moderno, o jornalismo, a pesquisa acadêmica e, especialmente, uma menina morta que não dá descanso. Disso tudo, o que sobra é o rastro da lesma no fio da navalha.

Adérito Schneider nasceu em Goiânia, em 1987, numa maternidade no Centro, poucos meses antes do acidente do Césio 137. Além de escritor, é jornalista, roteirista de cinema e televisão, cineasta amador e professor e pesquisador na área de cinema. Doutor em história do cinema brasileiro, ele integra o corpo docente de Cinema e Audiovisual do Instituto Federal de Goiás (IFG), em Goiás, a antiga capital do estado. Sua estreia em literatura foi com a publicação do conto “Sete polegadas”, presente no livro Cidade sombria, seguido do conto “Domingo, dia de churrasco”, que saiu recentemente na antologia Cidade infundada, em que assina a organização com sua esposa e também escritora Fernanda Marra.

Adério Schneider | Foto: Divulgação / LF Barcellos

Fazendo jus a um livro de estreia, O rastro da lesma no fio da navalha apresenta desde textos guardados na gaveta durante anos até produções mais recentes, em especial escritas durante a pandemia global de coronavírus e sob o caos político e econômico do atual governo, o que faz o livro deslocar-se entre horrores individuais e coletivos, ainda que sob a ótica particular de um escritor do “Brasil profundo”. O livro está disponível para venda no site da editora paulistana Patuá e com uma série de eventos previsto para seu lançamento, numa “turnê” que começa em Goiânia, passa por Goiás e se estende até São Paulo.

Goiânia (GO): 15 de junho, a partir das 19h.

Casa Liberté. Rua 8, 510, Centro.

Goiás (GO): 24 de junho, a partir das 19h.

Casarão. Rua Hugo Ramos, n 36-A, Centro.

São Paulo (SP): 23 de julho, a partir das 17h.

Patuscada – Livraria & Café. Rua Luís Murat, 40, Pinheiros.

Link para comprar o livro no site da editora Patuá.