Livro de Huysmans abriu caminho para o romance experimental do século 20
08 setembro 2024 às 00h00
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Carlos Willian Leite
Especial para o Jornal Opção
Publicado originalmente em 1884, o livro desafiou as convenções literárias do final do século 19 ao centrar sua narrativa em Des Esseintes, um aristocrata cujo declínio físico e moral espelha sua busca implacável por prazeres sensoriais e estéticos durante um retiro voluntário no campo.
Considerada a obra-prima de Joris-Karl Huysmans, a obra não apenas abriu caminho para o romance experimental no século 20, mas também mergulhou profundamente na angústia de um indivíduo à margem das normas sociais convencionais. Por meio da personalidade introspectiva de Des Esseintes, Huysmans lança uma crítica aguda ao trivial e ao convencional, abordando temas de decadentismo em contraste com realismo e naturalismo, e antecipando movimentos modernistas. É suficiente dizer que foi um dos livros prediletos de James Joyce.
A Bíblia do Decadentismo
Também conhecido como “A Bíblia do Decadentismo”, o livro posiciona Des Esseintes entre as figuras mais emblemáticas da literatura, representando a antítese da burguesia. Ele celebra um refinamento estético que desafia a mediocridade, vivendo uma vida repleta de paradoxos e contradições que ilustram os ideais da geração simbolista em sua busca por transcender a realidade por meio da arte.
Apesar das críticas iniciais, foi a audácia de Huysmans que desbravou o terreno para futuras inovações literárias. A edição da Penguin Companhia enriquece a experiência do leitor com um prefácio escrito pelo autor 20 anos após a publicação original do livro, oferecendo uma perspectiva sobre sua criação e recepção. É altamente recomendável.
Nota: 9
Carlos Willian, poeta e jornalista, é editor da “Revista Bula”. Foi editor do Opção Cultural.