Em bate-papo com o Jornal Opção, a Doutora em Meios e Processos Audiovisuais pela Universidade de São Paulo (USP) e professora do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Estadual de Goiás (UEG) traçou seu panorama da cena audiovisual goiana sob a perspectiva docente.

A instituição que representa, pioneira na formação de profissionais da área em nível de graduação, despontou não apenas como esfera de produção, mas também de produção de saberes, debate e reflexão, por meio de eventos como a mesa-redonda “Mulheres no Audiovisual Goiano”, realizada no dia 8 de março, por ocasião do Dia da Mulher. As realizadoras e produtoras Larissa Fernandes, Claudia Nunes e Luana Otto discutiram a atuação das profissionais de cinema e audiovisual em Goiás, apresentando suas experiências profissionais, os desafios e as perspectivas de inserção feminina no mercado regional.

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Jornalista, assessora de comunicação na área cultural, musicista (violino/bandolim) e compositora, Geórgia inclui-se neste rol, por sua ativa e respaldada atuação no meio. Abaixo, ela desenvolve uma breve, porém contundente análise vai para além do âmbito acadêmico. Confira:

Criado em 2006, o curso da UEG foi o primeiro de Comunicação Social em Goiás a oferecer a habilitação em Audiovisual. Quais foram os principais avanços de lá para cá?

Hoje, 13 anos depois, o que a gente percebe que nossos egressos empreenderam e foram bem-sucedidos em várias frentes. Entre os exemplos, a primeira turma formada em 2009, que formaram a Panacéia Filmes, além da Estratosfilmes, a Dafuq Filmes; todas elas formadas advindas de alguma maneira de círculos de amigos ou de coletivos formados no âmbito do curso que saíram para o mercado e foram bem-sucedidos. E há cinco anos atrás tivemos conhecimentos de alunos que já estavam envolvidos na produção de longas-metragens, produzidos ou com grande parte dos profissionais formados sendo daqui.  Isso foi fruto de um esforço histórico, de muito mais tempo, que esses longas pudessem acontecer. Isso tem a ver com políticas públicas e uma luta da categoria, não só ligada ao cinema, mas de toda a classe artística, para a melhoria destas políticas públicas.

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A produção de longas também está aumentando…

E agora, mais recentemente tem essa conquista de egressos dirigindo seus primeiros longas metragens. Um exemplo foi o filme “Vermelha”, do nosso egresso Getúlio Ribeiro, que estreou no Festival de Tiradentes, um dos mais importantes atualmente no País, venceu o prêmio Aurora e foi exibido recentemente ao público goianiense na mostra “O Amor, A Morte e as Paixões”, no Lumiére. Conseguimos agora perceber, muito claramente, a partir destes resultados, o impacto do curso de Audiovisual no campo no Estado. E agora o Brasil começa a perceber que, sim, há uma produção goiana interessante e franca expansão, que não é responsabilidade apenas do curso e de nossos egressos, mas nossos egressos em contato com veteranos e profissionais de outras áreas e que acabaram, existe este trânsito muito grande e um protagonismo do curso de Cinema e Audiovisual neste processo.

E quanto aos novos formatos e plataformas, como Youtube?

Além dos primeiros longas e todos os curtas que historicamente foram produzidos, existe também um nicho que vem sendo ocupado pelos alunos que é da produção de web séries para Youtube e outros canais de streaming. É o caso do Maykon Rodrigues, que lançou sua websérie “Muquifo” no Youtube.

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E quanto à produção acadêmica?

Existe produção acadêmica, com pesquisa atuais, desenvolvidas com professores doutoras e até mesmo alunos em iniciação científica, que sustentam uma franca expansão em termos de conhecimento, pesquisa e produção artística.

O mercado então está promissor para os jovens que querem ingressar na área?

Uma coisa que aconteceu nestes 13 anos é que, graças ao curso de Cinema e Audiovisual, conseguimos uma profissionalização dos sets de filmagens. Eram muito recorrentes situações como extrapolar carga horária de profissionais e problemas com relação à alimentação. A entrada dos nossos alunos egressos no mercado contribuiu bastante para mudar esta realidade, gerando esta profissionalização. Abrimos frentes muito importantes de trabalho, pensando inclusive no relacionamento entre os profissionais de cinema.  Tudo isso para dizer que a nossa área é a gente que vai precisar alimentar a partir de agora. A partir de agora a gente vislumbra a redução de políticas públicas, uma ameaça aos direitos humanos e essa ameaça da diminuição desses recursos para as artes, em vários âmbitos. Diante disso o que a gente pode fazer é criar novos campos. Inclusive é um discurso que temos para receber alunos, receber calouros. A publicidade continua aí, assim como a TV; as redes sociais estão cada vez mais efervescentes, enfim, o campo de atuação só se expande. O que é preciso é pensá-lo de forma mais dinâmica, criando novos modelos de negócio e novas relações de trabalho.