Rui Martins

A triste herança deixada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro: a ausência de novos filmes brasileiros no Festival de Cinema de Locarno

Entende-se essa curiosidade: nos quatro anos do governo Bolsonaro, tudo se fez para se acabar com a cultura brasileira, com o fechamento do Ministério da Cultura e o desmantelamento do Ancine, dentro de um programa de destruição das artes e de tudo quanto significasse cultura.

O resultado foi dramático: sem apoio e sem estruturas de financiamento, além de ameaçado de filtros de censura, o cinema brasileiro foi diminuindo o número de produções e desaparecendo dos festivais internacionais. Essa ausência foi logo substituída por produções ousadas de outros países, preocupadas principalmente com problemas sociais. E o cinema brasileiro acabou saindo da moda.

Este ano, uma das produções de destaque na competição internacional do Festival Internacional de Cinema de Locarno, com chances de ganhar o Leopardo de Ouro,  tem tudo de um filme brasileiro, no título “Transamazônia” e no local das filmagens, o Estado do Pará. Mas, na verdade, é uma coprodução internacional com predominância francesa, seguindo-se a participação alemã, suíça e taiwanesa. Restou uma pequena sobra para duas produtoras brasileiras — Cabocla Filme e Matizarfilmes.

O cenário, roteiro  e a direção são da cineasta sul-africana Pia Marais. O filme é falado em inglês e português.

A história do filme

Ainda inédito, o que se sabe do filme está na sinopse distribuída — Rebecca, filha do missionário Lawrence Byrne, foi declarada como um milagre depois de sobreviver a um acidente de avião quando criança nas profundezas da floresta amazônica. Anos mais tarde, Rebecca tornou-se uma curandeira milagrosa, sustentando a sua missão graças à sua crescente fama. Mas, quando madeireiros ilegais invadem as terras pertencentes aos povos indígenas que estão evangelizando, o pai de Rebecca os leva ao epicentro deste

Rui Martins é jornalista. Ele foi convidado pelo Festival de Cinema de Locarno.