Exclusivo: livro faz revelações explosivas sobre Pareja, que comandou rebelião e “sequestrou” desembargador
26 março 2023 às 00h00

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Vinte e sete anos depois, a melhor amiga de Leonardo Pareja, rompe o silêncio e conta os detalhes, nunca antes revelados, da vida do criminoso mais famoso do Brasil. Adriana Ripardo contou toda a história, no livro “Muralhas da solidão”, que será lançado no próximo dia 30 de março, na Câmara Municipal de Uruaçu.
No livro a autora conta a história de Leonardo Pareja, totalmente diferente das reportagens e noticiários da época, mostrando o lado humano, sensível e genioso de Pareja. A biografia traz em detalhes como ele agia, pensava e arquitetava seus planos e estratégias.
O livro começa contando como os dois se conheceram, durante uma fuga de Pareja e como eles se tornaram melhores amigos e confidentes. Em um dos trechos, Adriana conta como ele sobreviveu na mata para não ser encontrado pela polícia e como ficou escondido na casa da amiga. A publicação está recheada com imagens e esboços escritos por ele.
A obra traz ainda depoimentos inéditos de pessoas que também estiveram com Pareja de perto, como a delegada Renata Cheim, o desembargador Homero Sabino, e outros personagens que foram feitos reféns durante uma rebelião no presídio, liderada por Pareja.
Além do livro, Adriana guarda um arsenal de documentos, como milhares de cartas que Pareja recebia na cadeia, de mulheres do Brasil inteiro, esboço de planos de fuga da cadeia e centenas de fotos que ele mandava com dedicatória.
Adriana escondeu esse segredo, até de sua família, durante vinte anos. Só revelou toda a experiência agora, quando foi encorajada a escrever o livro “Muralhas da Solidão”.
Homero Sabino e Nicola Limongi
Pareja e seu grupo “sequestraram” diversas autoridades, entre elas o então presidente do Tribunal de Justiça de Goiás Homero Sabino e seu filho, Aldo Sabino. O diretor da penitenciária, Nicola Limongi, também foi “sequestrado” pelos criminosos. Homero e Limongi já faleceram. Aldo Sabino é um magistrado competente e responsável.
Mais tarde, um preso, do próprio Cepaigo (hoje Penitenciária Coronel Odenir Guimarães), matou Pareja. Consta que eles desconfiaram que o “cérebro” do presídio estaria dando com a língua nos dentes e revelando aos dirigentes da unidade um suposto plano de fuga. Há quem especule que certas liberdades do criminoso-chefe — como usar celular e até receber garotas de programa — não era de agrado dos demais presos. Alguns prisioneiros não apreciavam a celebridade da cadeia, o bandido-ostentação.
De Pareja, diz-se que, para além de sua extrema vaidade — e isto pode tê-lo impedido de entender a mecânica de um presídio —, era megalômano, mas também dotado de certa inteligência. Há quem postule que a rebelião só não levou a várias mortes porque ele acalmou os presos. Era um líder, ainda que do mal.