Escultura em rotatória de Aparecida: arte vai ao encontro da população

12 junho 2022 às 00h00

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Iniciativa de empreendedores traz para um bairro ainda em construção um monumento que causa uma mudança radical – e positiva – na paisagem

Desde quinta-feira, 9 de junho, quem passa pela região leste de Aparecida de Goiânia numa rotatória à entrada de um novo loteamento ainda em construção, o Aparecida Garden, avista uma escultura de seis metros de altura.
A autoria é da dupla de artistas plásticos – pai e filho, respectivamente – M. Cavalcanti e Felipe Cavalcanti. Os executores do monumento estiveram presentes à inauguração na semana passada, que contou com um evento cultural para imprensa e convidados.
Mais do que uma forma estética, monumentos públicos também visam aproximar arte ao público. Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) apontam que cerca de 70% da população brasileira nunca esteve em museus ou centros culturais. Outro estudo, do Ministério da Cultura, registrou que o índice de brasileiros que não frequentam ou nunca foram a um museu é de 75%.
Ambos os estudos demonstram o quanto a arte ainda é distante da população, por isso são importantes as iniciativas que buscam aproximá-la do público. Foi com esse espírito que veio a ideia de erguer uma escultura gigante em uma área “vazia” de arte, por parte de responsáveis pelo empreendimento imobiliário – conduzido por Gr Group, Novato Holding, Sinapse e Urbanizamos Incorporadora.

Para M. Cavalcanti, o evento poderia ter sido em qualquer lugar do mundo, “Londres, Paris, Nova York ou Berlim, mas está aqui em um loteamento de Aparecida de Goiânia”.
“Para nós, artistas, é uma grande satisfação participar de projetos assim, levando arte para um bairro popular, em uma região nova de uma cidade. A arte pública ajuda a compor o cenário das cidades, mas vai além da estética. Ela torna as cidades mais humanas, desperta a sensibilidade, a reflexão e a imaginação das pessoas”, diz M. Cavalcanti, com carreira consolidada no Brasil e no exterior. Ele tem propriedade para falar de cidade e pessoas: além de artista, é também arquiteto e urbanista.
No centro do Brasil, a chamada “arte pública” tem espaço por conta do planejamento de suas duas grande capitais, Brasília e Goiânia. “Brasília talvez seja uma das cidades brasileiras que mais contêm a expressão artística em seus espaços públicos. Goiânia também tem destaque relevante artes públicas”, lembra M. Cavalcanti.
Além das esculturas a céu aberto que contam a história da capital, que são, inclusive, patrimônio art déco, obras em grafite e monumentos nos viadutos que estão se tornando cartões postais da capital goiana. “A partir desse movimento, percebemos essa influência chegar também a outros municípios, como é o caso de Aparecida de Goiânia”, complementa. Para ele, iniciativas como a que está acontecendo no Aparecida Garden são um incentivo para a arte continuar ativa no Estado. “Vai ser uma surpresa muito agradável, pois estará no meio do Cerrado, dentro de um bairro novo. Certamente, vai chamar muita atenção e vai mexer com toda a cidade”, considera.