Os R$ 50 milhões da Aldir Blanc, operacionalizados pela Secult, serão distribuídos para 2.400 projetos com apelo cultural, beneficiando cerca de 15.000 fazedores de cultura

Nilson Jaime

Especial para o Jornal Opção

Os vinte editais da segunda fase da Lei Aldir Blanc, anunciados no dia 2 de junho pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado, se diferenciam de outros editais culturais lançados no passado pela preocupação de garantir equidade a minorias e setores historicamente esquecidos.

Pintura de Antônio Poteiro

Determinação do governador e do secretário de Cultura César Moura, os editais emergenciais foram pensados pela equipe da Superintendência de Fomento e Incentivo à Cultura (Sufic) com viés de oportunizar setores da cultura que requerem atenção especial, como forma de correção histórica.

Assim é que os 50 milhões de reais da Aldir Blanc, operacionalizados pela Secult, serão distribuídos para 2.400 projetos com apelo cultural, beneficiando diretamente cerca de 15.000 fazedores de cultura.

Além dos editais tradicionais nas categorias de música (R$ 5,95 milhões), teatro (R$ 3 milhões), artes visuais  (R$ 2 milhões), festivais de arte (R$ 6,5 milhões), audiovisual (R$ 3,7 milhões), dança (R$ 3 milhões) e letras (R$ 2,1 milhões), haverá outros que contemplarão bibliotecas, galerias e museus (R$ 2,5 milhões), cultura popular (R$ 3,5 milhões),  cultura Kalunga e quilombola(R$ 1 milhão),  criança e adolescente (R$ 1,6 milhão), arte feminina (R$ 550 mil), mestres e mestras do saber goiano (R$ 1 milhão), gastronomia tradicional (R$ 500 mil), Arte nos pontos de cultura (R$ 3 milhões) artesanato e arte popular (R$ 4,5 milhões), hip-hop (R$ 1 milhão), circo (R$ 2,35 milhões) arte e cultura em direitos humanos (R$ 1,5 milhão) e trajetórias artísticas e culturais (R$ 1,5 milhão).

Pintura de Carybé

À guisa de exemplo, esse último pretende premiar 100 mulheres e homens de notório reconhecimento na cultura goiana que dedicaram suas vidas a produzir e disseminar a arte, a música, a dança, o teatro, o folclore, a história e as letras, dentre outras atividades correlatas de igual importância.

O edital Arte e cultura em direitos humanos dará vez e voz a artistas LGBTQI+, Ciganos, Povos originários (indígenas), migrantes, apátridas, refugiados, pessoas em situação de rua e artistas da cultura negra.

O edital Mestres e Mestras do Saber Goiano contemplará os carapinas e carreiros de boi, fiandeiras, benzedeiras e outros detentores de sabedoria e cultura tradicionais.

O edital de Cultura Popular visa contemplar os cavaleiros das Cavalhadas, os congos, os farricocos, os foliões de reis e do Divino e participantes de outras manifestações e folguedos populares.

As bandas e fanfarras não foram esquecidas, bem como os artesãos, Kalungas, quilombolas e detentores da culinária tradicional.

Os editais serão lançados a partir do dia 15 de junho e as inscrições ficarão abertas por apenas 23 dias, na plataforma Mapa Goiano. É a forma de a Secult abreviar o tempo para que esses recursos sejam logo disponibilizados aos artistas nesses duros tempos de pandemia.

Qualquer pessoa maior de 18 anos residente em Goiás poderá ser proponente de projetos, desde que não sejam servidores das secretarias da Cultura ou da Retomada, membros do Conselho Estadual de Cultura, ou seus parentes até terceiro grau.

Editais de ideário humanístico, que foram pensados e elaborados para oportunizar os moradores dos mais longínquos rincões de Goiás, do sertão e das aldeias indígenas. Os recursos deverão chegar ao beco da codorna e outros logradouros artísticos de Goiânia e do interior do Estado. E também aos que a vida lhes negou um teto.

Serão 50 milhões de reais. Cabe aos artistas apresentarem seus projetos e usar a criatividade para trazer mais Arte e Cultura a Goiás.

Nilson Jaime, doutor em agronomia, é escritor e superintendente de Fomento e Incentivo à Cultura da Secult-Goiás.