Edemundo Dias é um escritor e um intelectual refinado, crítico e posicionado. E, também, altamente produtivo. Ele é autor de 22 livros. O mais recente “Olhai os Lírios!” será lançado na quarta-feira, 29, às 19h30, na Igreja Essência de Vida (Avenida Sucuri, nº 1261, Setor Santa Genoveva), em Goiânia.

O escritor discute, entre outras questões, o atual e “tenebroso mundo”. O “mundo do rivotril”, assinala Edemundo Dias. Vive-se, assinala, “a era da ansiedade, da violência, das guerras e conflitos entre os homens”. (Vale a pena lê-lo tendo ao lado o livro “A Cultura do Narcisismo — A Vida Americana em uma Era de Expectativas Decrescentes”, de Christopher Lasch.)

Como se fosse um T. S. Eliot dos trópicos, Edemundo Dias sublinha que “o mundo contemporâneo é um mundo partido por homens partidos, polarizados no corpo, na alma e no espírito”. Se há uma revolução tecnológica, sempre com mudanças rápidas, há, aponta, uma “involução no coração” (poderia acrescentar na falta de solidariedade, no excesso de individualismo, o que atrapalha uma visão coletiva do social). (Trecho de “Os homens ocos”, de Eliot: “Somos os homens ocos/Somos homens empalhados/Apoiados todos juntos/Com chapéus cheios de palha. Ah!/Nossas vozes secas, dado/Sussurrarmos juntos/São mudas, sem sentido,/Como vento em capim ressequido/Ou patas de ratos nos cacos de vidro/De nossa cave seca//Forma sem corpo, sombra sem cor/Paralítica força, gesto sem impulso”.)

Percuciente, como se fosse um psicanalista, Edemundo Dias observa a onipresença de um “mundo das doenças psicossomáticas e dos psicotrópicos/ansiolíticos, do suicídio em larga escala e das drogas sintéticas com suas fórmulas ‘mágicas’ — tanto para acordar quanto para dormir, dos homens-zumbis, das tensões climáticas quando já se ouve o gemido da natureza, o grito das geleiras que se debruçam sobre os mares, sobre as estrelas candentes — suscitando o abalo sistêmico dos céus e da Terra, em que a humanidade começa a desmaiar de terror, apreensiva com o futuro imponderável”. Para além do espiritual, digamos assim, há na compreensão de Edemundo Dias também uma visão científica dos problemas da humanidade neste século 21. Digamos que ele tem uma visão global dos problemas cruciais. Mas, como se sabe, a ciência não é tudo, portanto não basta para ajustar e criar harmonia entre os homens.

Sobretudo, o estudioso — Edemundo Dias é um estudioso, com mestrado — não busca só fazer o diagnóstico de uma era, quiçá desespiritualizada. Ele também apresenta alternativas para uma, por assim dizer, harmonia entre os homens. Porque não se trata de um escritor-pensador niilista. Ele sabe que há esperança para homens e mulheres, sobretudo se há espiritualização ampla e verdadeira.

Edemundo Duas recolhe uma recomendação de quem ele considera o Mestre dos mestres: “Não andeis ansiosos pela nossa vida… Olhai os lírios do campo!”.

No livro, Edemundo Dias homenageia o reverendo-doutor Russell Shedd, que ele aponta como “um dos maiores apologetas do Evangelho de Cristo dos últimos tempos”.

Russell Shedd, que morreu em 2016, aos 87 anos, é autor do prefácio do livro de Edemundo Dias. Conhecido como o “homem-bíblia, ele decidiu sua vida ao serviço missionário da Igreja”.

No prefácio, Russell Schedd escreve: “Esta leitura não é apenas para mulheres que amam flores. Não é para homens carolas ou religiosos piegas ou santarrões. Não! É para homens e mulheres que verdadeiramente se quebrantam diante de Deus e pensam com toda ênfase da alma em temas aparentemente insolúveis de nosso tempo”.